O doping e suas polêmicas

Foto: Jimmie48/WTA

Um dos torneios mais populares e aguardados do circuito, o Miami Open trouxe como um dos principais destaques da edição deste ano o retorno da romena Simona Halep, ex-número 1 do mundo e campeã de dois Grand Slam – Roland Garros 2018 e Wimbledon 2019.

Afastada do circuito desde que testou positivo para Roxadustat, substância proibida encontrada no seu exame antidoping durante o US Open de 2022, Halep foi finalmente inocentada pelo Tribual Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês ) e teve sua pena reduzida de quatro anos para nove meses, já cumpridos, podendo portanto voltar a jogar imediatamente.

Simona não foi a primeira e provavelmente não será a última atleta a ter substâncias proibidas detectadas em suplementos, remédios ou cremes usados no cotidiano. Desde quando foi implantado, na início da década de 1990, o teste antidoping se tornou obrigatório e os órgãos responsáveis passaram a punir inclusive grandes estrelas do esporte.

Falando das mulheres, boa parte delas entretanto conseguiu provar a inocência e teve redução das penas impostas sob a alegação da falta de intencionalidade de melhoria na performance. Nessa lista aparecem nomes como o da suíça Martina Hingis, da italiana Sara Errani, da tcheca Barbora Strycova e também da brasileira Bia Haddad Maia.

Apesar disso, ficar fora do circuito forçosamente, mesmo que por alguns meses, acarreta na perda de pontos no ranking, devolução das premiações, além do stress ocasionado pelo processo judicial. No retorno às competições, encarar as “colegas” também é outro obstáculo.

De um lado, os promotores dos torneios oferecem convites (wild cards), principalmente para as mais famosas, por interesses óbvios. Do outro, jogadoras demonstram inconformismo pelo prestígio recebido por alguém que vem de um afastamento forçado, ainda que a “inocência” tenha sido comprovada.

Nesta edição do torneio, por exemplo, a dinamarquesa Caroline Wozniacki, também ex-número 1 do mundo e campeã de Slam, não se absteve de comentar numa coletiva de imprensa o seu desagrado a esse respeito. Para ela, jogadoras que testam positivo devem começar de “baixo” sem o bônus dos convites.

No passado, menos delicada e apoiada por muitas jogadoras, a canadense Eugenie Bouchard ousou chamar de “trapaceira” a russa Maria Sharapova no seu retorno às competições, mesmo tendo cumprido integralmente a sua pena de dois anos. Nesse caso, o gancho se deu pela detecção da substância Meldonium, que havia sido recém colocada na lista de elementos proibidos da Agência Mundial Antidoping (WADA, na sigla em inglês).

Como leiga no assunto, me chama a atenção a gravidade do tema e as responsabilidades. Afinal, com a profissionalização do esporte e altos prêmios, a maioria das tenistas possuem uma equipe multidisciplinar no comando de suas carreiras, entre eles, preparadores físicos, psicólogos, nutricionistas, fisiologistas e outros, sendo portanto inconcebível que aconteça esse tipo de deslize, já que uma lista de substâncias proibidas é de conhecimento geral.

No caso de Halep, ela era treinada na época pelo famoso técnico francês Patrick Mouratoglou, que inclusive se declarou culpado nas mídias sociais, sem especificar se foi por negligência ou proposital. O fato é que Simona voltou, perdeu na primeira rodada, mas ganhou de volta sua liberdade e dignidade!

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Leonardo
Leonardo
8 meses atrás

Oi Patricia, como tudo na vida tem gente que faz trapaça, tem gente que distorce as regras, e tem gente que acaba caindo de maduro. Concordo em parte com seu comentario sobre a equipe multidiciplinar de um jogador no top 20, top 30. Um jogador fora do top 50, ou do top 100 tem condição de manter uma equipe multidiciplinar e eficiente assim para que ele ou ela nunca caia um erro desses? Acho interessante o caso da Sharapova, ela tomava o medicamento com a substancia antes, mas não era proibido, mesmo que ela tomasse com intenção de melhorar a performance, não era proibido. Não acha que foi um escorrego enorme da equipe não se dar conta que a substancia que ela tomava entrou na lista. Pelo que eu lembro ela foi pega em menos de 1 ou 2 meses da substancia ter sido proibida, e nunca negou seu uso anterior.

Andre Borges
Andre Borges
8 meses atrás

Gente hello né…. Não tem alto rendimento limpo na academia que frequento, imagine no tênis. Tudo eh uma questão de onde, como, quando, quem e porque faz. A resposta dessas perguntas define se o tenista vai ser testado ou não, se o doping vai ser revelado ou não, se vai haver silent ban ou não, se o tenista vai ser condenado ou não, se vai ter a pena reduzida ou não, etc, etc, etc.

Daniel Macedo
Daniel Macedo
8 meses atrás
Responder para  Andre Borges

Pois é. Esporte de alto rendimento não é só mais a base de água, arroz e feijão faz tempo. E que tem gente grande protegida, ah… isso tem. E aí quando o Rios perde um Australian Open pro Korda pancadão de nandrolona… fica por isso mesmo…

Última edição 8 meses atrás by Daniel Macedo
SANDRO
SANDRO
8 meses atrás

Considero queHalep foi injustiçada e quem vai ressarcir os títulos e as premiações que ela deixou de ganhar??? Caso parecidíssimo com o da Halep acontece com Tandara Caixeta, campeã olímpica de vôlei! Quando um atleta é injustiçado, vêm muitas oportunistas maldosos dar pitacos sobre o assunto sem conhecer as particularidades e peculiaridades do caso. Fazer declarações preconceituosas pré-julgando os atletas. Muitas vezes, esses atletas, depois do julgamento, conseguem demonstrar que não são culpados, porém, eu não vejo na maioria das vezes a imagem do atleta ser recuperada, pois a perseguição continua, como foi o caso da WOZNIACKI contra a HALEP. Eu vejo com muita preocupação essa questão do preconceito, do pré-julgamento, de cancelamento nas redes sociais. Acho que todo mundo deve ter muito cuidado com isso, afinal é um ser humano do outro lado que, muitas vezes, sequer teva a possibilidade de se defender.
Quem acompanha a carreira da Tandara, sabe que ela é uma atleta totalmente ilibada, não tem qualquer tipo de antecedente, de problema disciplinar, é uma atleta que garante que não usou substâncias proibidas e não precisa disso e não merece ser sancionada e prejudicada por algo que ela não cometeu.
Tandara emocionada declarou: “Essa condenação é, particularmente, difícil pra mim porque estou sendo condenada por algo que não fiz. Apesar de termos provas mais do que suficientes que mostram que fui contaminada, tive uma condenação injusta, desproporcional e precedida de um estranho vazamento de um processo que deveria ser sigiloso. Vamos recorrer ao Plenário para que a justiça seja, de fato, re-estabelecida. Respeito, mas não concordo com essa decisão. Lutarei, como sempre fiz, para provar minha inocência”.

Maurício Luís *
Maurício Luís *
8 meses atrás

Gostei do “colegas” entre aspas… kkkkk

Valmir da Silva Batista
Valmir da Silva Batista
8 meses atrás

O SAGRADO FEMININO V

da costela seminal de Adão,
o homem não é só a matriz,
ele é a raiz quadrada da mulher.
a ninfa possui formas esferoides,
e em seu istmo orvalham gotas alcaloides,
que umedecem a compleição
e a alimentam de desejos.

a seiva traz à luz o futuro
e dela se refaz a matemática de Deus,
enquanto os homens na cruz
são a raiz quadrada de Fátima.
de entre as dobras da quintessência,
surge a cobra com a maçã,
a primeira cose a textura nossa irmã,
já a outra, reescreve a obra.

resta, portanto, degustá-la
e ser engolido pela fresta.
na escuridão da penugem,
faz-se o ofertório ao ser viril e denso,
como densa é a tarde, em que a lavadeira
entoa o seu lamento na pedra…

bruto é o amor, bruta é a flor,
bendito o fruto da hibridez.
na maturação do ventre, a lua cheia de si
carrega o sagrado e o profano.
acima dos quadris opulentos,
sou sua raiz quadrada entre…

sua fome almeja a costela,
o rim e o tronco com o coração dentro.
em troca, doa as saboneteiras
e chaves de coxa, com nós bem dados
abaixo do umbigo risonho.

Deus proteja a sua risada,
sem ela não teria graça, não existiria vida,
e o poeta morreria a sós,
como fê-lo, quando ela se foi…

tocado pelo hálito da lira,
ressuscita por sua amada:
a mãe eterna, que lhe dá o seio farto,
e a amiga dentro do véu,
a lhe conceder o colo santo…

fauna-e-flora, então unificadas,
foram fóssil pré homo sapiens,
mas pela importância do ócio na criação,
num belo dia, voltarão a sê-lo.

nasci desse lodo, esse mel,
sou proveniente desse todo,
e amanhã, quando a terceira guerra vier
e a última estrela cair do céu,
hei de voltar pro seu interior…

VALMIR DA SILVA BATISTA

Ex-tenista profissional e medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos na Cidade do México-1975, foi por 11 anos consecutivos a número 1 do Brasil e chegou ao top 50 em simples. Atualmente, possui 16 títulos mundiais no circuito Masters da ITF e ocupa os cargos de diretora executiva do Instituto Patrícia Medrado e líder do Comitê Esporte do Grupo Mulheres do Brasil.
Ex-tenista profissional e medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos na Cidade do México-1975, foi por 11 anos consecutivos a número 1 do Brasil e chegou ao top 50 em simples. Atualmente, possui 16 títulos mundiais no circuito Masters da ITF e ocupa os cargos de diretora executiva do Instituto Patrícia Medrado e líder do Comitê Esporte do Grupo Mulheres do Brasil.

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