Por Mário Sérgio Cruz
Da redação
Homenageado desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira, quando fez o anúncio de que irá encerrar sua vitoriosa carreira profissional no fim da temporada, jogando a Copa Davis, Rafael Nadal tem uma longa relação com o Brasil e os torcedores do país. Foi aqui que o espanhol ganhou um dos primeiros torneios de sua carreira profissional, ainda 2005, na Costa do Sauípe. E as duas maiores cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro, também foram palco de conquistas importantes na carreira do Rei do Saibro e vencedor de 22 títulos de Grand Slam.
A primeira passagem de Nadal pelo Brasil no circuito profissional foi com apenas 18 anos. Então 48º do ranking e com apenas um título de ATP na carreira, conquistado em Sopot no ano anterior, Nadal foi designado como cabeça 6 do Brasil Open na Bahia. A edição daquele ano estava desfalcada do bicampeão Gustavo Kuerten, que se recuperava da segunda cirurgia no quadril. Ainda assim, atraía grandes nomes como os espanhóis Alex Corretja, Albert Costa e David Ferrer, o chileno Fernando Gonzalez e os argentinos Juan Ignacio Chela e Mariano Puerta.
Nadal, que já havia alcançado as quartas em Buenos Aires na semana anterior, passou pelos argentinos José Acasuso na estreia e Agustin Calleri nas quartas. No intervalo entre esses dois jogos, venceu o duelo espanhol contra Alex Calatrava. Na semifinal, teve um adversário brasileiro e passou pelo paulista Ricardo Mello antes de bater o compatriota Alberto Martin na final. A conquista no Sauípe foi o início de uma série invicta de 15 jogos para Nadal, que logo depois foi campeão em Acpaulco, então disputado no saibro, e foi finalista do Masters de Miami, superado apenas pelo rival Roger Federer em cinco sets.
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Além disso, foi o início de uma sequência espetacular de Nadal no saibro. Naquele ano de 2005, o ainda jovem espanhol também foi campeão em Monte Carlo, Barcelona, Roma e Roland Garros. Foram suas primeiras conquistas em quatro palcos importantes de sua carreira, com 11 títulos em Mônaco, 12 em Barcelona, onde dá nome à quadra central, dez na capital italiana e mais 14 em Paris, onde recebeu uma estátua no complexo do Grand Slam francês.
Recomeço no Brasil Open em São Paulo e dez títulos em 2013
O Brasil Open se mudou da Bahia para São Paulo em 2012. E na temporada seguinte, o Ginásio do Ibirapuera recebeu o já multicampeão Rafael Nadal em quadra. O evento na capital paulista foi um dos que marcaram o retorno do espanhol, recuperado de uma grave lesão no joelho. Ele não havia disputado o US Open de 2012 e nem o Australian Open de 2013. Uma semana antes, foi finalista em Viña del Mar. Com um pouco mais de ritmo de jogo e enfrentando três argentinos em rodadas consecutivas, Carlos Berlocq, Martin Alund e David Nalbandian, o espanhol sagrou-se bicampeão em solo brasileiro.
E novamente, Nadal fez uma grande temporada, conquistando 10 títulos. Foram mais dois Grand Slam, Roland Garros e US Open, cinco Masters 1000, em Indian Wells, Roma, Madri, Montréal e Cincinnati, além dos 500 de Acapulco e Barcelona. Com grandes resultados tanto no saibro quanto no piso duro, voltou à liderança do ranking mundial.
Longa relação com o Rio Open
Um ano depois de ser campeão em São Paulo, Nadal voltou ao Brasil para disputar a edição inaugural do Rio Open. Nos três primeiros anos do evento no Jockey Club Brasileiro, foi o grande nome do evento. Ele conquistou o título em 2014, vencendo o ucraniano Alexandr Dolgopolov na final, e também foi chegou às semifinais em 2015 e 2016. O espanhol protagonizou noites e até madrugadas memoráveis diante do torcedor carioca, como a virada na semifinal contra Pablo Andújar em 2014 e a derrota para Fabio Fognini no ano seguinte. Seu último algoz no torneio foi o uruguaio Pablo Cuevas.
O tenista também foi requisitado para atividades extra-quadra dos organizadores do evento e participou até do Carnaval, participando do desfile das escolas de samba pela Unidos do Viradouro, ao lado de David Ferrer.
Ouro olímpico nas duplas em 2016
Nadal voltaria ao Rio de Janeiro no mesmo ano de 2016 para disputar os Jogos Olímpicos. Sempre disposto a defender a Espanha em grandes competições, ainda mais na busca por medalhas, colocou-se à disposição nos torneios de simples, duplas e duplas mistas. Na disputa individual, foi semifinalista. E em dois jogos, teve minoria da torcida, embora o público sempre tenha sido muito respeitoso com ele.
Nas quartas de final, eliminou Thomaz Bellucci em três sets. E na rodada seguinte, perdeu para Juan Martin del Potro, que contou com enorme apoio das arquibancadas, seja de brasileiros ou de argentinos. O espanhol não conseguiu a medalha de bronze em simples, superado pelo japonês Kei Nishikori numa decisão de terceiro lugar sob forte calor. Mas nas duplas, ao lado de Marc López, conseguiu o segundo ouro olímpico da carreira, oito anos depois de ter vencido em simples em Pequim.
Exibição contra Ruud no Mineirinho
A última apresentação de Nadal no Brasil foi no final de 2022 em Belo Horizonte, em duelo contra Casper Ruud. O jogo fez parte de uma série de exibições do espanhol na América Latina, passando também por Argentina, Chile, Colômbia, Equador e México. Nadal venceu Ruud no Ginásio Mineirinho por 7/6 (7-4) e 7/5.
“Estou muito contente em voltar aqui. Ganhei três títulos no Brasil e o público sempre me deu grande apoio. Jogar novamente para o público brasileiro é sensação ótima”, afirmou o espanhol na ocasião. Na mesma noite, o duplista mineiro Bruno Soares fez sua partida de despedida. Atuando em sua terra natal, Soares se juntou ao amigo Marcelo Melo para um jogo que também contou com Rafael Matos e o norte-americano Bob Bryan, recebendo homenagens na capital mineira.
Nadal merece todas homenagens.
Agora, impressiona a forma como é tratado a aposentadoria do atleta, é praticamente um obituário.
Não celebramos a vida, celebramos a “morte” do atleta.
A não ser que ele tenha ganho o ouro nas duplas porque em simples ele não medalhou
Ele foi medalhista de ouro nas duplas, ao lado do Marc López, como está escrito na matéria.