Que Novak Djokovic é o melhor tenista em atividade, ninguém tem a menor dúvida. O garotão de 36 anos sobra em quadra e não há rapazinho atlético que tenha sido capaz de subjulgá-lo para valer em 2023. É bem verdade que Carlos Alcaraz conseguiu lhe tirar o título de Wimbledon, mas precisou suar ao extremo para evitar a derrota no quinto set.
Daí, era mais ou menos ‘cumprir tabela’ o fato de Nole entrar em quadra, marcar ao menos uma vitória e garantir o lugar que é todo seu com o máximo mérito que se possa querer. O homem que ganhou três Grand Slam e foi vice no outro, ganhou dois dos quatro Masters em que participou e perdeu um único jogo desde 29 de maio tinha que terminar como número 1. E pela oitava vez em sua extraordinária carreira, abrindo agora uma lacuna de duas temporadas em cima do magistral Pete Sampras.
Quando o Finals terminar, Djokovic atingirá a 400ª semana como líder do ranking. E que ninguém novamente se surpreenda se ele também erguer nesse dia o sétimo ATP Finals, outra marca que tende a se tornar absoluta no tênis. Aos 36 anos e cinco meses, já concorre a tirar outra façanha de Roger Federer, que somava cinco meses a mais quando liderou o ranking pela última vez. Pela seriedade, forma física impecável e apetite de leão, parece também uma questão de tempo.
Sua partida de estreia em Turim exemplifica tudo isso. Diante de um Holger Rune muito mais jovem e esbanjando ousadia, aguentou o ritmo e sobrou na reta final de um duelo de três horas. O sérvio confessou estar nervoso diante da meta de garantir o número 1 – exagerou ao destruir duas raquetes – e por isso teve pequenos altos e baixos, incluindo um incomum tiebreak desastroso. Louve-se aliás a alternativa tática do dinamarquês em ser muito agressivo nas devoluções.
Nole volta à quadra nesta terça-feira com 3 a 0 no histórico sobre Jannik Sinner, outro representante digno da nova geração. Em casa, o italiano fez uma bela exibição diante de um atrapalhado Stefanos Tsitsipas. Bem focado, Sinner explorou o backhand adversário e fez ótimas transições à rede, dando nova mostra de que o técnico Darren Cahill achou mesmo um caminho para fazer seu tênis subir degraus. Rune é favorito para marcar 3 a 0 nos duelos contra o grego e portanto ainda pode sonhar com a semi.
Enquanto isso, Alcaraz decepcionou. Não pela derrota para Alexander Zverev, um tenista que sabe muito bem aproveitar a velocidade do piso para tirar tudo do seu saque, porém por sua instabilidade em momentos cruciais. Cometeu alguns erros incríveis de escolha, o que pouco se via antes, e se viu vendido na rede ou precipitado na procura das paralelas.
Zverev enfrentará Daniil Medvedev na quarta-feira pela 18ª vez, tendo sofrido 10 derrotas. No duelo russo contra Andrey Rublev, o ‘Urso’ deu as cartas mais uma vez e pouco se importou com algumas variações que Rublev arriscou fazer. É muito provável que esta partida valha vaga na semi. Alcaraz tenta enfim ganhar um jogo de Finals num confronto inédito contra Rublev.
Esperança feminina
Como se previa, o Brasil atropelou a frágil Coreia no saibro de Brasília. Sob a regência da número 11 do mundo Beatriz Haddad Maia e presença importante de Laura Pigossi e da dupla de Luísa Stefani e Ingrid Martins, a capitã Roberta Burzagli festejou muito mais a união e comprometimento da equipe do que o resultado em si.
Enquanto Bia enfim entra de férias, o Brasil aguardará a definição de seu adversário no quali mundial de abril de 2024. Como se sabe, esses duelos acontecem no formato antigo de alternância de sede e escolha de piso, então seria muito legal conseguirmos pegar um adversário aqui em casa e pouco acostumado ao saibro. Chegar ao Grupo Mundial da BJK Cup seria mais uma façanha merecida para nossas meninas.
Saiba mais
- O ATP Finals, então chamado de Masters, surgiu em 1970, praticamente no alvorecer do circuito profissional. As duas primeiras edições eram um ‘todos-contra-todos’ entre seis participantes e ganhava aquele que soma mais vitórias.
- O sistema de grupos classificatórios, seguidos por semi e final eliminatórias, valeu de 1972 a 1981, foi interrompido e retomado em 1986.
- Entre 1982 e 1985, o Finals passou a ser disputado em eliminatória simples.
- O aumento de premiação deste Finals em relação a 2022 foi bem discreto, sequer chegando a 2%. As maiores diferenças os 3% por vitória na semi tanto em simples como em duplas.