Máquina Sinner

Foto: Tennis Australia

O primeiro teste de Jannik Sinner como soberano do tênis masculino foi superado com imenso louvor. O italiano de 23 anos encarou a sempre difícil missão de defender um título de Grand Slam e deu pouquíssimas oportunidades a seus adversários. Perdeu apenas dois sets, ganhou todos os quatro tiebreaks e na final deste domingo se mostrou uma máquina demolidora em cima do número 2 do ranking, Alexander Zverev.

Sinner continua a atingir marcas para lembrar os gigantes do esporte. Este seu terceiro Slam consecutivo na quadra dura remete a façanhas do ainda imbatível Roger Federer, com 5, e iguala Novak Djokovic, Ivan Lendl e John McEnroe. Também se torna o oitavo profissional a ter sucesso nas três primeiras finais de Slam disputadas, como Federer, Jimmy Connors, Bjorn Borg, Gustavo Kuerten, Stan Wawrinka e Carlos Alcaraz. E contando. Por fim, é o primeiro a defender com sucesso seu debutante título de Slam desde Rafa Nadal em Roland Garros de 2006.

Dono de um saque cada vez mais contundente e de uma cobertura de quadra exemplar, com golpes e contragolpes pesados e precisos da base, Sinner se torna o novo ‘rei das quadras sintéticas’. De seus agora 19 títulos, 17 foram no piso duro, onde soma 57 vitórias em seus últimos 60 jogos realizados. Ao mesmo tempo, soma seis triunfos seguidos sobre os top 5 e se torna o único na história a ganhar 10 vezes seguidas de um top 10 sem perder set.

Por isso mesmo, o próximo desafio de Sinner é mostrar essa mesma eficiência sobre o saibro e a grama, atingindo a versatilidade que Alcaraz, por exemplo, marcou muito antes. Claro que ter semifinais em Roland Garros e Wimbledon não são campanhas desprezíveis, porém falta ao italiano até mesmo um vice de Masters 1000 fora da quadra sintética. Seu único troféu no saibro é o 250 de Umag e, na grama, o 500 de Halle. Ainda é difícil vê-lo trabalhar com slices, um recurso valioso nessas duas superfícies, mas a curtinha e os voleios estão mais frequentes.

Aliás, vimos exatamente isso na final deste domingo em Melbourne. Ainda que o primeiro saque tenha feito grande parte do trabalho e a capacidade de bater bolas na subida tão perto da linha de base anulassem o adversário, Sinner ganhou um ponto importante com seguidos voleios e não recuou na tentativa de puxar Sascha para a frente com deixadinhas, ainda que algumas fossem imperfeitas.

Zverev não jogou mal, porém faltou pegada. Quando buscou ser agressivo, apertou mais e teve até chance de ganhar um set, mas num momento crucial nem a sorte o ajudou, com aquela bola decisiva de Sinner que morreu após tocar a fita. O fato indubitável, no entanto, é que o forehand não lhe dá a confiança necessária e muitas das subidas à rede eram tão tímidas que Zverev sequer chegava no “T” para tentar o primeiro voleio. Com tempo e com espaços, o italiano não perdoa.

Numa das grandes cenas deste Australian Open, Sinner consolou Sascha pouco antes de receberem os troféus. O alemão já havia baixado a cabeça no começo do terceiro set e sentiu o baque, porque é consciente de que o sonho de ganhar seu Slam fica cada vez mais difícil. Sabe que este é o quinto Slam consecutivo vencido pelos garotos Sinner e Alcaraz e que ainda lhe faltam armas para o salto derradeiro. Alguns números reforçam a ideia: só ganhou 1 de 14 jogos contra top 5 em Slam – e nenhum dos 5 na Austrália -, além de jamais ter vencido um líder do ranking em Slam.

Esta já foi a 36ª tentativa de Sascha, agora com três derrotas em finais. Alguns exemplos do passado podem lhe servir de alento. Andy Murray, Andre Agassi, Goran Ivanisevic, Ivan Lendl e mais recentemente Dominic Thiem também precisaram de ao menos quatro decisões para enfim ter sucesso. Resta seguir trabalhando muito duro.

E mais

– Sinner supera Nicola Pietrangeli é o único italiano com três títulos de Slam na história, masculino ou feminino.
– Com série invicta de 21 jogos desde outubro, mantém 3 mil pontos de vantagem para o vice-líder Zverev, que melhorou a campanha do ano passado.
– Sinner está inscrito para Roterdã dentro de oito dias, junto a Alcaraz, e Zverev virá para Buenos Aires e Rio de Janeiro.
– O recorde de público se confirmou. Mais 108 mil pessoas foram ao Melbourne Park em relação ao ano passado e assim o ‘Happy Slam’ totalizou incríveis 1.218.831, incluindo o quali e os 15 dias de chave principal.
– Tanto Siniakova/Townsend como Patten/Heliovana repetiram o sucesso de Wimbledon nas duplas e faturaram o Australiano Open. A tcheca já soma 10 Slam e se isola como número 1.
– Henry Bernet, suíço que joga com backhand de uma mão, e japonesa Wakana Sonobe ganharam inéditos títulos juvenis para seus países no torneio.
– Mineira de 17 anos, Vitória Miranda também levantou o troféu juvenil de simples entre os cadeirantes. A modalidade tem agora cinco troféus de Slam.

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Samuel, o Samuca
Samuel, o Samuca
21 horas atrás

É a evolução. O pessoal está ficando melhor com o passar do tempo.
Outro jogo, comparado com o tênis de 20 anos no passado ou antes.

José Alexandre
José Alexandre
21 horas atrás

Se Sinner for suspenso Zverev terá sua chance.

Sandra
Sandra
21 horas atrás
Responder para  José Alexandre

Acredito que essa tranquilidade do Sinner seja a certeza que nada acontecerá com ele no caso de dopping !

Sandra
Sandra
21 horas atrás

Dalcim , será que essa tranquilidade toda dele , não é a certeza que nada vai acontecer a ele no vaso de dopping ? A polonesa não ficou tranquila !!!

Gilvan
Gilvan
19 horas atrás
Responder para  Sandra

Não tenha dúvidas. O antidoping no tênis é uma falácia.

Paulo F.
Paulo F.
19 horas atrás
Responder para  Gilvan

Alcaraz não iria varrer Djokovic na Austrália?

Fabio
Fabio
20 horas atrás

Mestre Dalcim, o fato de Zverev ser muito alto pode ser considerado um problema pra ele ou isso não tem nada a ver? Afinal Sinner também é bem alto.

Jonas
Jonas
20 horas atrás

Sinner é inteligente e vem buscado evoluir ainda mais. É uma máquina aos 23 anos e trabalha duro pra ser um monstro. Teve nem graça a final, esse forehand do Zverev me incomoda bastante. Suas chances diminuem a cada Slam e a pressão sobre ele aumenta, uma pena.

Alcaraz no entanto parece regredir, o saque piorou e ainda corre além da conta. Se ele vai basear seu jogo em correria tudo bem, mas o físico costuma cobrar seu preço. Em um circuito tão físico como o atual, o espanhol precisa se cuidar para estar competitivo após os 30 anos.

Já Sinner lembra o Djoko, ele consegue ficar postado na linha de base controlando o jogo com golpes pesados e muita qualidade na mudança de direção. O adversário fica correndo de um lado pro outro fazendo o que pode, Sinner não. Nessa pegada o italiano deve dominar o circuito nos próximos anos, aguardemos.

Sandra
Sandra
20 horas atrás

Dalcim , vc virá no Rio Open ou assistirá no ar condicionado da sua casa ? rsssss

Maurício Luís *
Maurício Luís *
19 horas atrás

E os colegas internautas que criticam o tênis feminino agora tem o que pensar. A final feminina foi intensa, emocionante e imprevisível. Já a final masculina foi previsível, protocolar e meio sem graça. O mundo dá voltas, não?
Vou mudar o foco agora pra um ‘flash-back’.
Olhando uns vídeos do tempo da era amadora, ao fim dos jogos, os tenistas, via de regra, costumavam jogar a raquete pra cima, corriam, pulavam a rede e cumprimentavam o adversário.
Hoje em dia: a maioria deita no chão. Modismos…
Um dos poucos que inovou foi o Guga, desenhando um coração no saibro de Roland Garros.

Gilvan
Gilvan
19 horas atrás

E pensar que Alcaraz e Sinner já têm mais Grand Slams do que o Djokovic tinha com a idade deles. Vão atropelar os “preciosos” recordes do sérvio, para desespero dos planilheiros.
Eu quero é ver um tênis bem jogado acima de tudo. Que os garotos continuem arrebentando e que o João Fonseca entre na roda.

Paulo F.
Paulo F.
19 horas atrás
Responder para  Gilvan

Já que tu vê o futuro, aproveita e me passa os números da Mega Sena?

Ronnie Pettardo
Ronnie Pettardo
19 horas atrás

– Sinner sacou ‘a la Guga’ para fechar o primeiro set. Ace sansacional que deu saudades…

– Zverev finalmente alcança Ruud com 3 finais de GS e alcançando o 2o. lugar do ranking – mas não conseguiu ultrapassar ruud – e parece que no frigir dos ovos não será muito melhor que o segundo… talvez um ouro olímpico os separe, mas Master 1000 é uma “conta inventada por Nadalistas e Nolistas para os separarem do Federer”. E não adiantará ao final da carreira ambos citar o Finals… pois Dimitrov, Nalbandian e Davidenko já ganharam e quase ninguém lembra deles fora do meio do tênis. E Infelizmente essa novíssima geração dá sinais que não dará brechas a Zevere’s e Tsitsipas a almejarem muito mais que isso.
– Tênis do Sinner amadureceu e evouliu e isso é mais que um.aviso a Fonseca: “não é o que você jogou no último torneio que importa, mas sim o que você vai jogar daqui em diante. Os Bigs só são bigs porque evoluiram. Alcaraz e Tsitsipas – cada um a sua maneira – estão neste momento – ficando para trás.
– O mesmo acima vale para a BHM. Até mesmo Tiago Monteiro evouluiu e o que vi neste AusOpen me deixa animado a ponto de arriscar que terá seu melhor ano.
– Sinner também evoluiu tecnicamente. E usou doping. Mas claro: não intencional e obviamente co-relacionar ambos é algo que “nâo tem nada haver” e trata-se de fantasia da minha cabeça”.

– GS num lugar estrnaho: ganha um dopado, numa final com um agressor e onde o maior ganhador é negacionista… e não por ser negacionista, mas sim por tentar violar a soberania de um país estranho, burlando as leis locais (pareceu um latino tentando cruzar a fronteira)…

Ronnie Pettardo
Ronnie Pettardo
19 horas atrás

E… um verdadeiro passeio do sinner. Tecnicamente ele foi perfeito. Até as cores do uniforme soaram bem na virória.

Foi tão bem, e tão superior que deu até sono! Zzzzzzzzzz

Lico Vanio
Lico Vanio
19 horas atrás

E visto o comentário de Zverev, quem seriam os Top5 melhores tenistas de todos os tempos a nunca ganharem um GS.. E também os too5 a nunca atingirem o topo do ranking. Caso alguém se interesse pelo tema, listas por favor…

Paulo F.
Paulo F.
19 horas atrás

Eis que que o Messias das Viúvas já enxerga Sinner no seu retrovisor.
Sendo que Alcaraz continua zerado na Austrália e zerado no Finals.
Sei
A conferir
Rsrsrsrs Abs!

Silvio
Silvio
19 horas atrás

Dalcim, só pra pontuar a situação dos jovens atuais na história, quantos títulos o big three tinha com a idade do sinner e do alcaraz? Parabéns pela cobertura do AO!

Paulo F.
Paulo F.
19 horas atrás

Vamos atualizar os números que importam, como diria Marquinhos-Renato-Johnny:

24
428
7
3
40
2
8

Jmsa
Jmsa
19 horas atrás

Dalcim, senão surgir algum outro fenômeno sinner e alcaraz vão dominar tudo .
Dalcim ,toda geração tem seu Ferrer e berdych,tenistas que jogam muito mas não ganham slams ,nessa seria tsisipas e zverev ?

João Sawao ando
João Sawao ando
19 horas atrás

Foi 3 a zero como tinha previsto

valmir da Silva batista
valmir da Silva batista
1 hora atrás

“Máquina”…

Rafael Azevedo
Rafael Azevedo
1 hora atrás

O império Sinneriano segue em ascensão no seu objetivo de dominar o mundo. Após conquistar, no último ano, as terras de Melbourne, Nova Iorque e Turim, que estavam sob domínio do rei Novak, além de outras províncias menores, acaba de derrotar o general Sacha, com certa facilidade, em seu ataque contra o principado de Melbourne, mantendo-a sob seu domínio, e dando uma amostra do seu poderio para as potências mundiais.

O recente imperador já declarou que irá invadir os reinos de Paris e Wimbledon, que pertencem ao império Alcaraziano. Será Alcaraz ou qualquer outro capaz de medir forças com o imperador italiano? Quem poderá impedir seu plano de expansão ou quem ousará destroná-lo? No momento, parece que o seu domínio global é inevitável!

Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
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