Novak Djokovic e Félix Auger-Aliassime fizeram o que foi possível, mas não conseguiram impedir o óbvio e assim o US Open cumpre a previsão: Jannik Sinner e Carlos Alcaraz irão decidir um Grand Slam pela terceira vez consecutiva, valendo também a liderança do ranking e o maior prêmio da história do tênis. Não dá para ser melhor.
Este será o quinto troféu decidido entre eles desde maio, quando o italiano voltou da suspensão, e o placar está 3 a 1 para o espanhol, considerando-se o jogo praticamente sem disputa de Cincinnati. O atendimento para o italiano ao final do segundo set nesta sexta-feira deixa preocupações.
O espanhol também leva vantagem de 10 a 5 no geral (9 a 5 em torneios de nível ATP) e ganhou os dois últimos jogos completos na quadra dura, em Indian Wells e de Xangai do ano passado. Depois de amargar 18 meses sem ganhar de Carlitos, Sinner deu a resposta e, com atuação soberba, tirou o tri do espanhol em Wimbledon.
Um ano mais velho, Sinner ainda está atrás de títulos de Slam e por isso ganhar Flushing Meadows teria um valor extra, já que empataria o quadro com cinco para cada lado. Sem falar na tremenda façanha de fechar o ano com três Slam e um vice, coisa que só Laver, Federer e Djokovic fizeram na Era Aberta. Alcaraz por sua vez busca somar duas conquistas em três diferentes Slam e em três diferentes pisos, algo notável para seus 22 anos. Aliás, ele já é o mais jovem a ter ao menos duas finais em cada superfície.
Na primeira semifinal, que ficou longe do grande espetáculo esperado, os dois mostraram um certo travamento e, portanto, erros fora do normal. A quebra logo de cara do espanhol deveria ter lhe dado mais soltura, porém foi Djokovic quem começou melhor o segundo set, abrindo 3/0 com postura agressiva. Não sacou tão bem como fizera ao longo do torneio e isso custou empate e tiebreak, onde ambos oscilaram até o espanhol finalizar. Aí o sérvio não mostrou mais pernas para acompanhar o ritmo de jogo e Alcaraz apenas sacramentou sua evidente vantagem física. Nole ganhou apenas oito pontos contra o primeiro saque adversário e ambos terminaram com 30 erros. A diferença de winners foi de 24 a 11, se tirarmos os poucos aces.
Em sua segunda semi no US Open, Aliassime jogou muito bem e tirou um set do atual campeão, esforçando-se muito nas trocas de bola e procurando ser o mais ofensivo possível com o saque. Fez tudo que era possível. Balançou o italiano para os lados, abusou de seu grande forehand e não pensou duas vezes para ir à rede. Jannik ainda deu uma força, raramente colocando mais do que 50% do primeiro saque em quadra (venceu o terceiro set com 40% de acerto). Com muita garra, o canadense lutou até a última gota de suor diante da máquina italiana e encerrou um brilhante e motivador torneio.
Por fim, Djokovic fez longas reflexões após a derrota. E deu boas notícias. Afirmou que pretende jogar todos os Slam de 2026, embora reconheça ser muito difícil competir com Sinner e Alcaraz em melhor de cinco sets, e talvez se dedique um pouco mais aos Masters, que têm jogos mais curtos e agora com maior intervalo entre as rodadas.
Força bruta na final feminina
Duas adeptas do tênis forçado e perfeitas tenistas para o piso sintético mais veloz, Aryna Sabalenka e Amanda Anisimova decidirão o US Open às 17h de Brasília deste sábado, valendo também US$ 5 milhões. Enquanto a favorita defende o título e tenta ser a primeira bi desde Serena Wiliams em 2014, Anisimova pode conquistar um Slam em cima das duas líderes do ranking e campeãs do US Open, o que não é pouca coisa.
Todos os números favorecem Sabalenka, exceto o confronto direto. A bielorrussa tem melhor classificação (1 contra 9), vitórias no US Open (33 a 9), triunfos no ano (55 a 37), títulos na temporada (3 a 1) e troféus na carreira (20 a 3). Isso sem falar, é claro, em suas sete finais anteriores de Slam, tendo vencido três, contra o recente vice isolado de Anisimova.
Mas a norte-americana ganhou seis dos nove duelos diretos, com placar de 2 a 1 na quadra dura. Fato bem curioso é que seis desses jogos aconteceram em Slam e o único que faltava era justamente Flushing Meadows. Nesta temporada, Aryna ganhou em sets diretos no saibro de Paris e Anisimova fez 2 a 1 na grama de Wimbledon.
O fator emocional também tende a favorecer Sabalenka. Ela já garantiu a permanência na liderança com folga e talvez sua única ansiedade seja ganhar enfim um Slam na temporada, depois de amargar derrotas em Melbourne e Paris. A norte-americana traz o fantasma da ‘bicicleta’ em Wimbledon e será preciso superar a ansiedade pelo primeiro Slam.
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E mais
– O problema no abdome que vinha incomodando desta vez fez diferença crucial e Guto Miguel, depois de ótimo começo de partida, perdeu intensidade e ficou de fora da final juvenil do US Open. O goiano de 16 anos, no entanto, fez campanha relevante e deve aparecer no 13º lugar do ranking.
– Gabriela Dabrowski e Erin Routliffe conquistaram o segundo título no US Open, repetindo 2023, com vitória clara sobre a parceria que lidera o ranking, Katerina Siniakova e Taylor Townsend.
– A canadense, ex-parceira de Stefani, fez tratamento para câncer de mama no ano passado. O prêmio foi de US$ 1 milhão, o maior da história das duplas.
– Bia já treina no Villa-Lobos, onde será a máxima favorita do SP Open, e conhecerá neste sábado sua trajetória na chave. Ela diz que os problemas pessoais passaram – surgiu até uma foto bem acompanhada em suas mídias sociais – e que agora se sente mais competitiva.
– O quali começa neste sábado com Thaisa Pedretti, Pietra Rivoli e Ana Cruz, já que Stefani desistiu e só jogará duplas.