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Kerber liderou geração alemã e frustrou Serena em finais

Foto: ITF

Por Mário Sérgio Cruz
Da redação

A vitoriosa carreira de Angelique Kerber chegou ao fim nesta quarta-feira, com a queda nas quartas de final dos Jogos de Paris, superada pela chinesa Qinwen Zheng, número 7 do mundo, nesta quarta-feira em uma partida com mais de três horas e parciais de 6/7 (4-7), 6/4 e 7/6 (8-6). Ex-líder do ranking por 34 semanas e vencedora de três títulos de Grand Slam, a alemã de 36 anos escolheu o torneio olímpico para marcar sua despedida do tênis profissional.

O desejo de voltar aos Jogos, oito anos depois de ter conquistado a medalha de prata na Rio 2016, foi um dos motivos para que a alemã tivesse retornado ao circuito profissional no início da temporada, quase um ano depois de se tornar mãe. Kerber teve a filha, Liana, em fevereiro de 2023.

Além disso, como ela própria disse antes dos Jogos, a terceira participação olímpica é o fechamento ideal para um ciclo, que conta com o momento de evolução no circuito em 2012 e o auge da carreira durante a Olimpíada no Brasil. O ano de 2016 foi marcado pelos títulos do Australian Open e do US Open e pela chegada ao topo do ranking mundial. Ela é a oitava jogadora com maior premiação acumulada em todos os tempos, com mais de US$ 32,51 milhões.

“As Olimpíadas das quais participei até agora foram mais do que apenas competições, já que representam diferentes capítulos da minha vida como tenista: a subida, o pico e agora, a linha de chegada”, escreveu a alemã em seu perfil no Instagram. “Os Jogos de Londres em 2012 aconteceram no momento em que estava subindo no ranking e cada vitória me ajudou a superar minhas dúvidas. No ano anterior, em 2011, quase abandonei o tênis e desisti dos meus sonhos de infância”

“Quando cheguei à Olimpíada do Rio em 2016, tinha acabado de ganhar meu primeiro título de Grand Slam na Austrália, no início do ano. Minha corrida pela medalha de prata foi imersa em uma onda de emoções que me levou ao meu segundo Slam em Nova York e ao topo do ranking. E agora: Paris-2024 marcará a linha de chegada da jornada mais incrível que eu poderia ter sonhado crescer com uma raquete na mão”, complementou a alemã.

Três finais contra Serena e duas vitórias

Duas das três finais de Grand Slam vencidas por Kerber foram diante de Serena Williams, a primeira na Austrália há oito anos e a mais recente em Wimbledon já na temporada de 2018. Na ocasião, quando era treinada pelo belga Wim Fissette, impediu que a norte-americana conquistasse o tão sonhado 24º título de Grand Slam. Também na grama, perdeu para a própria Serena na decisão de 2016. Já na conquista do US Open, venceu a tcheca Karolina Pliskova na final em três sets.

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Com uma parceria vitoriosa ao lado do técnico Torben Beltz, que a levou ao topo do ranking pela primeira vez e também a acompanhou no final da carreira, Kerber também liderou uma geração de boas jogadoras alemãs na década passada. Entre suas contemporâneas, Sabine Lisicki é um ano mais nova e foi finalista de Wimbledon em 2013, Andrea Petkovic é um ano mais velha e fez semi de Roland Garros em 2012, enquanto Julia Goerges tem a mesma idade e fez semi de Wimbledon em 2018. Goerges e Petkovic já pararam de jogar, Lisicki está afastada por gravidez. Esse quarteto alemão disputou a final da antiga Fed Cup, atual Billie Jean King Cup, em 2014, no melhor resultado do país desde os títulos de 1987 e 1992.

Nascida em janeiro de 1988, Kerber começou a jogar tênis aos três anos e cresceu admirando a multicampeã Steffi Graf. Ela estreou como profissional ainda aos 15 anos, em 2003, e disputaria os primeiros Grand Slam da carreira quatro anos mais tarde, quando debutou no top 100. Vencedora de 14 títulos de WTA e finalista de outros 18 torneios, a canhota alemã fez seu primeiro resultado de destaque num Grand Slam em 2011, quando foi semifinalista do US Open. Na ocasião, ocupava apenas o 92º lugar do ranking, mas passou a acreditar que poderia enfrentar as melhores do mundo.

Muita regularidade nos ralis de fundo e ótima condição física

Reconhecida por seu estilo de jogo com muita regularidade nos ralis de fundo e pela capacidade de se defender muito bem e contra-atacar, Kerber fez parte de uma geração de tenistas com muita potência nos golpes dos dois lados, forehand e backhand, e conseguia ter resultados consistentes em todos os pisos. Por ser uma jogadora canhota, exigia ainda mais ajustes táticos de suas adversárias.

Embora o saque não tenha sido um fator tão determinante ao longo de sua carreira, foi fundamental durante a campanha do título em Wimbledon, combinado também com devoluções bastante agressivas nas paralelas. Sempre muito bem preparada fisicamente, suportava longas partidas com até três horas de duração. Além da rivalidade de nove jogos com Serena, a quem venceu três vezes, protagonizou 16 duelos com a dinamarquesa Caroline Wozniacki, com oito vitórias para cada lado.

Maternidade e as últimas vitórias

Kerber anunciou a gravidez em agosto de 2022, ano em que conquistou o último título da carreira no saibro de Estrasburgo. E já naquela época, manifestava o desejo de tentar voltar a jogar profissionalmente, buscando orientações de outras jogadoras que retornaram após a maternidade como Serena Williams, Victoria Azarenka e Kim Clijsters.

A volta ao circuito aconteceu em janeiro, quando ela fez parte da equipe alemã campeã da United Cup na Austrália. Durante o torneio que abre a temporada, teve a oportunidade de enfrentar a atual líder do ranking, Iga Swiatek. Embora não tenha conseguido títulos de simples nessa temporada de despedida, a alemã ainda fez uma boa campanha em Indian Wells, derrotando as top 20 Jelena Ostapenko e Veronika Kudermetova para chegar às oitavas. Ela repetiu o desempenho no saibro de Roma. Já no troneio olímpico, estreou vencendo um duelo de ex-líderes do ranking contra Naomi Osaka na quadra Philippe Chatrier e também venceu Jaqueline Cristian e Leylah Fernandez durante sua despedida dos Jogos Olímpicos.

“Sinto-me livre desde que tomei minha decisão de me aposentar. É uma sensação boa”, declarou Kerber aos jornalistas em Paris. “Claro que é uma das decisões mais difíceis que tomei, mas tentarei aproveitar a Olimpíada o máximo que puder. A vitória contra Naomi foi muito importante para mim, mas estamos nos Jogos Olímpicos, é meu último torneio. Então, para mim não importa contra quem esteja jogando. Só quero jogar um bom tênis e atuar em alto nível novamente”.

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Fernando Venezian
Fernando Venezian
1 mês atrás

Que saudade ela vai deixar! Mas a vida não é só trabalho! Que ela seja feliz!

João Sawao ando
João Sawao ando
1 mês atrás

Sim .tem as pernas e coxas fortes por isso tem um bom preparo físico. Uma pena parar poderia jogar mais um ou dois anos.

Luis Ricardo
Luis Ricardo
1 mês atrás
Responder para  João Sawao ando

é o contrario João , ela tem as pernas e coxas fortes” por causa” do preparo físico.

Carlos Alberto Ribeiro da Silv
Carlos Alberto Ribeiro da Silv
1 mês atrás

Grande tenista e uma carreira de sucesso. Parabéns a ela. Ganhar duas finais de slam da Serena Williams não é pra qualquer uma, principalmente a final do AO 2016, quando a americana ainda não tinha parado por causa da gravidez. A vida é feita de ciclos e o ciclo da Kerber no tênis profissional acabou. Que ela seja feliz na sua vida daqui pra frente.

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