Iga relembra “pior momento da vida” e redobra os cuidados após suspensão

Melbourne (Austrália) – Em sua primeira coletiva de imprensa em Melbourne, durante a preparação para o Australian Open, Iga relembrou o caso de doping ocorrido no fim do ano passado e que resultou em um breve período de suspensão. A polonesa de 23 anos e número 2 do mundo classificou o momento como “o pior de sua vida”, cercada de dúvidas que poderia ter sobre seu futuro no esporte. Ela brincou no início da entrevista que “precisaria de duas horas para falar” do tema e conta também que redobrou os cuidados para não ter novos problemas com isso.

Swiatek testou positivo para a substância proibida trimetazidina (TMZ). A investigação da Agência de Integridade do Tênis (ITIA) determinou que a origem da substância era um medicamento contaminado. A polonesa relata que tomou melatonina, vendida livremente em farmácias e fabricada por laboratórios confiáveis, para controlar o sono. Foi constatada ausência de culpa significativa ou negligência por parte da tenista, que sofreu uma suspensão de apenas um mês. Ela foi afastada provisoriamente a partir de 12 de setembro de 2024, antes de apelar com sucesso da decisão. A polonesa perdeu apenas três torneios da temporada asiática do circuito, pôde voltar a jogar para disputar o WTA Finals e a Billie Jean King Cup e cumpriu os dias restantes da suspensão no fim da temporada.

“Eu fui a que ficou mais surpresa. Não tinha ideia do que aconteceria. Eu não sabia se minha suspensão seria tão cedo ou não. As primeiras três semanas, eu diria, foram bem caóticas”, disse Swiatek aos jornalistas nesta sexta-feira. “Não havia como ter respostas para todas as perguntas. Nós apenas nos concentramos em encontrar a fonte. Foi provavelmente o pior momento da minha vida. E o fato de eu não ter controle sobre a situação e não ter chance de evitá-la tornou tudo ainda pior porque eu sou um pouco maníaca por controle (sorrindo)”.

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“Só de ter a sensação de que tudo que eu que construí poderia ser tirado tão rápido por causa de algo que você não tem controle, foi uma loucura para mim”, explica a vencedora de cinco títulos de Grand Slam. “Então não foi fácil. Felizmente, eu já posso jogar tênis de novo e estar aqui. Mas todo esse processo foi bem abstrato. Especialmente quando eu sei que eu não fiz nada e eu não tinha ideia de que alguns remédios poderiam ser contaminados. Eu sempre sou cuidadosa e não tinha ideia de que isso poderia acontecer comigo”.

Como ela descobriu a origem da contaminação

A polonesa falou sobre como teve que lidar com a suspensão e que foco era descobrir a origem da suspensão. “Sinceramente, nas primeiras duas ou três semanas eu estava focada em mim mesma, porque eu não estava bem mentalmente. Eu me sentia mal só de estar na quadra. Foquei em mim mesma e eu realmente não fui na internet, realmente não li nada porque a prioridade era o meu bem-estar. Depois, sim, ficou bem estranho. No primeiro torneio, justificamos a ausência por “motivos pessoais” porque eu precisava de tempo para descobrir tudo. E, honestamente, acreditávamos que a suspensão terminaria em breve. Desde o começo era óbvio que algo estava contaminado porque o nível dessa substância na minha urina era muito baixo. Mas já que não sabíamos o que aconteceria porque não tínhamos controle sobre a decisão da ITIA, também não podíamos fazer nenhum planejamento”.

“A melatonina que eu tomei era um medicamento. Desde o começo, ela deveria ser testada. E de uma forma diferente e mais precisa um suplemento, por exemplo. Mudei algumas coisas. Mas ainda assim, o que estava contaminado era um medicamento, que são automaticamente tratados como se estivessem limpos. O mais estranho é que o nível de contaminação é considerado aceitável nas leis farmacêuticas polonesas, mas não nas nossas leis antidoping. Então, não havia como saber”, relatou a ex-líder do ranking.

Swiatek conta ainda que teve sorte de ter guardada a caixa do medicamento que tomou e que a ajudou no processo para a verificação do lote contaminado. “Todos os suplementos e medicamentos que eu tomo são bons, de boas marcas, têm certificados e tudo. Eu guardo os certificados e cada número de lote. Depois que eu termino um número de lote, sempre guardo alguns no estoque para estar pronta quando algo acontecer. A questão é que, não era tão óbvio que eu teria essa melatonina para testar. Se eu ficasse sem ela no US Open, por exemplo, eu simplesmente jogaria a caixa fora e eu não saberia o que aconteceu. Agora eu estou guardando tudo”.

“Sempre trabalhei para ser um bom exemplo”, afirmou

A vice-líder do ranking também falou sobre sua imagem e a preocupação que sempre teve de ser um bom exemplo para as novas gerações e destacou o apoio recebido das colegas de circuito. “Além do fato de eu não poder jogar, o que foi a pior coisa para mim, eu estava preocupada com o que as pessoas diriam. Porque eu sempre trabalhei duro para ser um bom exemplo, para mostrar minha integridade e mostrar bom comportamento”.

E não ter controle sobre as reações das pessoas me assustou um pouco. Mas no vestiário, as meninas são ótimas. Eu joguei uma exibição em Abu Dhabi e elas foram muito solidárias. A maioria delas se aproximou de mim. Elas sempre me diziam: ‘Ei, como podemos evitar isso? Existe alguma maneira de sermos mais cuidadosas?’ Estão preocupadas que isso possa acontecer com elas também. Então, no vestiário foi ótimo. Há muitas jogadoras de ponta – não vou dizer nomes – que realmente me apoiam. E eu agradeço muito, porque me fez sentir melhor quando voltei. Não sabia como seria”.