Draper relaciona mal-estar à intensidade física da partida

Foto: Simon Bruty/USTA

Nova York (EUA) – Apesar da derrota na semifinal para Jannik Sinner, o britânico Jack Draper sai deste US Open com a melhor campanha da carreira em um Grand Slam. Aos 22 anos, ele jamais havia superado as oitavas de final de um torneio desse gabarito, resultado que conquistou justamente em Flushing Meadows no ano passado.

Sem estar acostumado a jogos de tamanha magnitude, o próprio tenista admitiu que, além da ansiedade natural por disputar uma semi de Slam, a intensidade da partida foi o fator central do mal-estar que sofreu durante o jogo, chegando até a vomitar em quadra. Ele inclusive atribuiu isso ao alto nível do seu adversário.

“Foi um jogo muito físico. É por isso que o Jannik é o número 1 do mundo, porque quando você joga contra jogadores de ponta a intensidade é diferente, é mais um passo. Foi uma grande ocasião para mim e, embora ao longo do torneio tenha me sentido bastante relaxado, hoje eu estava mais nervoso. Sou uma pessoa muito ansiosa, e, quando você soma tudo isso, às vezes sinto enjoo em quadra e me sinto um pouco mal quando as coisas ficam mais difíceis. Não tive problemas antes do jogo, foi algo que acumulou”, explicou à imprensa.

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Questionado por um jornalista se ele se sentiu melhor após o vômito, Draper garantiu que não. “Você só se sente pior, porque não consegue colocar nada no seu corpo. Quando se joga partidas longas, você precisa ser capaz de beber e comer algo para dar ao seu corpo os suprimentos que ele necessita para continuar. Mas, obviamente, quando você está se sentindo mal assim, você não pode colocar nada dentro do seu corpo, porque simplesmente sai direto, e é a pior sensação de todas. Você não pode se mover pela quadra quando isso acontece. Foi uma sensação horrível, e você se sente mais tonto e mais doente”, disse.

Mesmo assim, ele não cogitou se retirar da partida em nenhum momento, já que vivia o grande momento de sua carreira até aqui. “Não abandonaria nas semifinais de um Grand Slam. Sei que minha aparência não era muito boa no último set, mas sempre tento dar o meu melhor. No segundo set eu não estava me sentindo muito bem, e ainda forcei para levar ao tiebreak. Eu estava lutando duro e estou orgulhoso de mim mesmo. Eu tentei dar o máximo que pude, só não ia conseguir fazer isso contra alguém como Sinner”, frisou.

Novo patamar na carreira

Desde cedo cotado como um jovem talento, Draper demorou para se tornar uma realidade, muito por conta das lesões que o atrapalharam nas últimas rodadas. Sempre comparado aos jogadores de sua geração, como o próprio Sinner e Carlos Alcaraz, ele faz em 2024 a melhor temporada da carreira, na qual conquistou seu primeiro título de ATP e agora alcançou uma semi inédita de Slam, além de garantir um lugar inédito no top 20 a partir desta segunda-feira.

Para o tenista de 22 anos, viver semanas como essas só mostram que ele está no caminho certo e lhe dão a experiência necessária para encarar grandes desafios daqui em diante. “Estou ganhando cada vez mais experiência como jogador e é isso que está me ajudando nesta temporada a me sentir melhor. Quanto mais experiências você tiver das situações, as coisas vão ficar mais fáceis. Você tem que levar tudo com calma.”

“Tenho uma mentalidade muito forte e gasto muita energia mental porque tenho muita vontade de fazer as coisas, embora isso às vezes não ajude muito, especialmente nestas partidas de cinco sets, nas quais a ansiedade pode aumentar. É uma força, mas também uma fraqueza e devo trabalhar nisso”, afirmou.

Para dar o próximo passo e poder disputar diretamente o título de um Grand Slam, o britânico acredita que só precisa ser paciente e respeitar o processo que as coisas vão acontecer naturalmente. “Acho que não preciso fazer nada diferente, é só uma questão de tempo. Estou constantemente tentando melhorar, tenho ótimas pessoas ao meu redor e faço a coisa certa. Acho que é mais uma questão de continuar fazendo o que faço”, analisou.

Por fim, ele comparou sua situação com a qual seus concorrentes passaram há não muito tempo. “Jannik, Carlos e esses jovens jogadores aprenderam constantemente, ganhando e perdendo continuamente, experimentando derrotas nas quartas de final ou semifinais de Grand Slam. Este é o meu primeiro ano em condições, devido às lesões, por isso estou alguns anos atrasado”, concluiu.

4 Comentários
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Fernando Venezian
Fernando Venezian
9 dias atrás

Draper, Fritz, Tiafoe e alguns outros jogam demais, mas o diferencial é o físico e o mental! Nesse ponto, Sinner, Djoko e Alcaraz estão em outro patamar!

João Sawao ando
João Sawao ando
9 dias atrás
Responder para  Fernando Venezian

Verdade Fernando

Guilherme E.S. Ribeiro
Guilherme E.S. Ribeiro
9 dias atrás

Draper deve entrar no TOP20, tornando-se o 9º britânico na história nesta faixa de ranking, depois de Andy Murray, Greg Rusedski, Tim Henman, Cameron Norrie, Roger Taylor, Mark Cox, Kyle Edmund e Buster Mottram.

Lu Barros
Lu Barros
8 dias atrás

Me impressionei com a maturidade do Draper nas entrevistas, muito articulado e consciente. Perguntado no fim sobre uma fraqueza do Sinner falou que não teria muitas mas talvez ele fosse legal demais. Já eu acho que o Draper é meio sério em excesso (ele disse que é ansioso).

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