Caso Halep pode colocar ITIA em situação delicada

Foto: Corinne Dubreuil / FFT

A reviravolta do caso de Simona Halep nesta semana expôs falhas no sistema antidoping de tênis que podem colocar a Agência Internacional para a Integridade do Tênis (ITIA) em situação delicada. Conforme reportagem do jornalista britânico James Gray, do portal iNews, atletas, treinadores e dirigentes demonstraram nos últimos dias bastante preocupação com o atual modelo de controle antidopagem na modalidade.

Toda a situação veio à tona na terça-feira, após a bombástica notícia de que o Tribunal Arbitral do Esporte (CAS) anulou a decisão imposta pela ITIA em setembro do ano passado, reduzindo a suspensão da ex-número 1 do mundo de quatro anos para nove meses. Isso porque, em seu recurso de defesa, a jogadora conseguiu comprovar que não havia ingerido deliberadamente a substância Roxadustat, proibida pela Agência Mundial Antidoping (WADA).

Como a romena já estava afastada do circuito desde outubro de 2022, a nova sanção imposta pela justiça desportiva implicou que ela poderia ter voltado a jogar já em julho do ano passado, tendo perdido portanto cerca de oito meses de competição, pontos no ranking e premiação. Foi então diante desse cenário que pessoas de dentro do esporte passaram a apontar as falhas do modelo de controle antidopagem vigente, que pode vir a ser questionado.

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Um desses nomes é Marcel du Coudray, técnico do polonês Kamil Majchrzak, que voltou às quadras em dezembro do ano passado após uma suspensão de 13 meses. Diferentemente de Halep, que é uma tenista de elite, possui títulos de Grand Slam e já chegou ao topo do ranking mundial, o jogador de 28 anos teve como melhor marca na carreira a 75ª colocação na ATP e não dispõe de recursos financeiros suficientes para travar uma batalha judicial.

Du Coudray conta que Majchrzak teria levado o caso ao CAS, mas, tendo já gastado dezenas de milhares de libras para provar a contaminação, o recurso simplesmente não era uma opção e o jogador aceitou uma sanção acordada. “É realmente uma proteção ao esporte que ele tenha se dopado acidentalmente e punam um cara assim por 13 meses? Não creio que isso contribua muito para a integridade”, dispara o profissional nascido nas Ilhas Maurício, na África.

O treinador ainda usou como o exemplo o caso de Halep para criticar mais uma vez o sistema. “Isso protege a integridade do esporte quando você tem a ITIA, que deveria administrar as punições e os protocolos antidoping, entendendo tudo errado e depois indo para o CAS e realmente recebendo um tapa na cara ao ouvir que ‘foram muito punitivos’? Não parece bom. Definitivamente precisa haver alguma reforma”, analisa.

Enquanto isso, britânica Tara Moore, ex-número 77 do mundo nas duplas, é outra jogadora que passou por situação parecida à de Halep após consumir carne contaminada. A tenista de 31 anos ficou 19 meses afastada das quadras antes de ser inocentada de doping intencional por um tribunal independente em dezembro.

Em uma publicação no X, ela criticou duramente a ITIA, afirmando que a entidade simplesmente não pensa no lado humano dos atletas. “Acontecem coisas que estão fora do controle do atleta. Eles apenas pensam que todos nós queremos nos drogar intencionalmente, quando os verdadeiros dopados provavelmente nunca serão descobertos. É um processo incrivelmente destrutivo que arruína a vida das pessoas”, afirmou Moore, que não joga uma partida desde Roland Garros em 2022.

Por sua vez, o diretor executivo da PTPA (Professional Tennis Players Association), Ahmad Nassar, entende que “nenhum jogador ou representante de atletas pode concordar com o atual sistema antidoping do tênis”. E é justamente na entidade liderada pelo sérvio Novak Djokovic que Marcel du Coudray acredita encontrar uma saída para ajudar os tenistas.

“Na maioria desses casos, os jogadores conseguem provar que foi um acidente e sabemos que um grande número de suplementos está contaminado, mas é difícil provar. Portanto, se a PTPA pudesse implementar um auxílio em questões jurídicas e do lado humano, apenas para explicar o processo e apoiar o jogador durante tudo isso, seria uma grande ajuda”, indicou.

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hyrata hykeno abe
8 meses atrás

As agências esportivas são contaminadas em seus motivos fundantes. Instituições que deveriam ser do esporte e para os atletas e público, são para o dinheiro e agenda ideológica. Eu não duvido que haja perseguição velada a alguns atletas por não se conformarem com a cartilha de valores e comportamento de tais instituições. E aqui estou extrapolando o âmbito do tênis e olhando para todos os esportes. Senão vejam como trataram quem não se ajoelhou para cartilha dos “BLM” ou até mesmo foi contra a obrigatoriedade das vacinas.
O combate ao dopping poderia ser justo, mas ali também está enviezado pelo dinheiro e pela agenda ideológica.

Osvaldo
Osvaldo
8 meses atrás

“os verdadeiros dopados provavelmente nunca serão descobertos”. Será que ela se referiu a um certo espanhol ?

Hares
Hares
8 meses atrás

Dalcim…bom dia!! Uma dúvida: Se o Atleta é totalmente responsável pelo que ingere, pelo que põe dentro do seu corpo…alegar contaminação cruzada, virou uma espécie de álibi, de desculpa oficial para se livrar das sanções, e das punições por doping. Me parece que virou “moda” e oferecer essa justificativa, a contaminação cruzada virou bode expiatório para amenizar e livrar a barra dos atletas. A ITIA, o CAS…não teria que repensar essa justificativa, sob risco de banalização do recurso, pois é sempre a mesma razao: Contaminação Cruzada

José Nilton Dalcim
Admin
8 meses atrás
Responder para  Hares

Concordo e a própria ITIA passou a punir os atletas apesar da contaminação cruzada alegada, justamente porque isso se tornou banal. Claro que é muito provável que aconteça, mas a meu ver a responsabilidade tem de ser do atleta e do seu time. Procure-se um laboratório altamente capacitado para a fabricação das vitaminas antes de sua ingestão. Enfim, cada dia fica mais difícil combater o doping. Porque ele existe, disso ninguém duvida.

Marcos Ribeiro
Marcos Ribeiro
8 meses atrás
Responder para  Hares

Bem colocado! E uma milionária como a Halep vai tomar tomar vitaminas de um laboratório que chinfrim que não se previne contra a contaminação cruzada? Acredite quem quiser. Qualquer laboratório minimamente sério segue um protocolo muito bem definido na farmacologia para impedir a contaminação nos medicamentos que produz. Isto é beabá da farmacologia. É questão de saúde pública, levada muito a sério! Contaminação cruzada é um erro grosseiro e inadmissível no processo de produção dos laboratório. O protocolo também inclui registros para identificar se houve ou não quebra no protocolo. Mas quem tem problemas com doping está espalhando a falsa narrativa de que contaminação cruzada é algo comum e impossível de evitar. Para poderem fraudar e ficar impunes, é claro.

Marcos Ribeiro
Marcos Ribeiro
8 meses atrás
Responder para  Hares

Quem quiser saber sobre os protocolos de controle de qualidade na indústria farmacêutica, assista no YouTube a seguinte aula de um professor universitário: Garantia da Qualidade e Validação na Indústria Farmacêutica.

Vocês vão gostar de saber do quanto estão seguros ao ingerir um dos produtos dos laboratórios que seguem estes protocolos, obrigatórios para muitos deles, e poderão formar uma opinião bem embasada sobre as chances de haver doping no esporte por contaminação cruzada, que são realmente mínimas nos produtos dos bons laboratórios.

Sandro
Sandro
8 meses atrás

TANDARA do vôlei também foi vítima de contaminação cruzada e levou uma suspensão INJUSTA de 4 anos!!! Halep foi extremamente perseguida, humilhada, excluída do esporte,foi vítima de uma grande injustiça!!! Nesse período de quase um ano que ela já poderia ter voltado a jogar, quantis Grand Slams, quantos torneios 1000 e 500 ele foi impedida de jogar? Quanto de premiação ela deixou de ganhar? Quantos títulos ela perdeu? Isso foi uma tremenda de uma sacanagem com a Halep !!! Ele tem que processar e pedir indenização por danos morais e materiais!!!

Bruno Ricardo
Bruno Ricardo
8 meses atrás
Responder para  Sandro

Com a diferença, Sandro, que a Tandara do Volêi não conseguiu provar nada. A defesa dela foi uma lambança judicial..

Carlos Alberto Ribeiro da Silva
Carlos Alberto Ribeiro da Silva
8 meses atrás

Eu acho que mesmo suplementos fabricados por renomados laboratórios não eliminam o risco de contaminação, porque entram nos fatores que estão fora do controle do atleta e do seu time. No caso da Halep, quando aconteceu o caso de doping em agosto/2022, ela estava prestes a completar 31 anos de idade, já havia se submetido a inúmeros testes antidoping que sempre deram resultado negativo. Então, acho que isso deveria ter sido levado em consideração no julgamento, para se apurar se o doping da atleta foi intencional ou não. Eu tenho a opinião de que um atleta mal intencionado, que quer se beneficiar do uso de substâncias proibidas, vai ter essa atitude mais de uma vez. Ele vai fazer a primeira vez e vai repetir essa atitude até que seja pego. E mesmo depois de pego, algumas vezes o atleta volta a repetir o mesmo erro e aí e quando surgem os casos de banimento do esporte.

Mário
Mário
8 meses atrás

Uma das maiores injustiças da história do esporte, é preciso uma reparação urgente para Simona

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