Bohrer atinge limite de torneios e voltará ao circuito quando fizer 18 anos

Carolina Bohrer (Foto: Rafael Pignataro)

A catarinense Carolina Bohrer terá que se afastar das competições do circuito profissional até o mês de setembro, quando completará 18 anos. A brasileira foi notificada pela WTA que atingiu o limite de torneios permitidos para as jogadoras de sua idade. Bohrer aparece nesta segunda-feira no 865º lugar, apenas três posições abaixo da melhor marca da carreira, alcançada em fevereiro do ano passado. Na semana passada, ela disputaria um ITF W35 em Santo Domingo, na República Dominicana, e não pôde atuar entrar em quadra.

Por regulamento, as tenistas de 17 anos podem participar de até 16 torneios profissionais durante as 52 semanas até o próximo aniversário. As regras que limitam o número de competições por idade são graduais. Quem tem 14 anos joga até 8 eventos profissionais. Com 15 anos, é possível jogar 10 torneios, aceitando no máximo três convites nos circuitos da WTA ou da ITF. E aos 16 anos, é permitido jogar em até 12 eventos. Já a partir dos 18 anos, não há mais limitação no número de torneios que uma jogadora pode disputar durante a temporada.

“Na semana do dia 02/06 no W35, em Santo Domingo, eu atingi o máximo de torneios que a WTA e a ITF permitem que eu pontue até completar 18 anos. Ou seja eu pontuei em menos de nove meses em 16 torneios profissionais”, escreveu Bohrer em suas redes sociais. “Fui retirada da última semana em Santo Domingo por este motivo e só voltarei a poder jogar torneios WTA e ITF a partir de 15/09. Passarei estes próximos três meses me dedicando aos treinos e jogarei torneios UTR para não ficar fora de ritmo de competição”.

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A jogadora falou a TenisBrasil sobre o momento que vivia na temporada e os planos para os próximos três meses, até completar 18 anos, em 15 de setembro. Ela estava fora do grupo das mil do ranking até meados do ano passado, porque ainda conciliava torneios profissionais e juvenis, tendo defendido o Brasil na Billie Jean King Cup Junior e jogado o Australian Open da categoria. “Não concordo e acho esta regra muito injusta e prejudicial. Eu estava tendo um bom começo de ano, joguei torneios difíceis, especialmente no saibro que não é meu piso favorito, e tive bons resultados. Vou focar nos treinos e me preparar para o meu retorno”.

“Para mim é uma regra para manter as jogadoras no ITF Júnior. Em vez de receber uma carta elogiando que, em menos de nove meses, eu pontuei em 16 torneios profissionais, recebi uma carta me proibindo de jogar o tour por três meses e vou perder pontos durante este período”, acrescentou a tenista, que fica impedida de disputar torneios tanto por entrada direta por ranking quanto por convite.

Opção por torneios nos Estados Unidos

Para se manter em atividade, Bohrer disputará uma série de torneios nos Estados Unidos válidos pelo circuito da UTR, que estabelece a classificação das tenistas de acordo com o nível técnico das adversárias que são vencidas. Os eventos também oferecem premiação em dinheiro e são utilizados também como critério de seleção para universidades norte-americanas.

“Aqui nos Estados Unidos, os torneios da UTR começaram a existir porque as universidades usavam e ainda usam o nível técnico como motivo para aceite dos jogadores. Com isto os torneios de 18 anos começaram a ficar esvaziados. Os tenistas que queriam entrar na universidade passaram a jogar na UTR, que eram divididos por nível técnico, não por idade. Eu joguei muitos destes torneios durante o período de quase um ano que não podia jogar os níveis baixos da USTA”.

“Os torneios UTR ficaram tão fortes que a USTA patrocinou a criação na ITF do WTN (World Tennis Number) para competir. E passou a dizer que as universidades deveriam usar o WTN e não a UTR como critério para admissão”, relatou a tenista, que divide as bases de treinamento entre o Brasil e os Estados Unidos. “A UTR também criou ligas e PTT, que é uma circuito Pro que remunera melhor que a ITF. E aqui existem ainda muitos torneios UTR com premiação em dinheiro. As tenistas que disputam o tour da WTA aproveitam para jogar durante folgas no circuito, como preparação e como maneira de arrecadar dinheiro”.

Bohrer também falou sobre a possibilidade de migrar para o tênis universitário norte-americano. “Continuo a receber várias propostas. Mas ainda penso em manter o meu planejamento. Tô ficando acostumada de tomar revés e me levantar. Sempre fico mais forte. Nós tínhamos uma meta para chegar no ranking este ano e estava ficando cada vez mais perto. Vou ter que voltar e dar o meu melhor e ver o que acontece até o final do ano”.

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Haroldo Guimarães
Haroldo Guimarães
1 mês atrás

A ansiedade de uma( um ) jovem X preservação do físico em fase de crescimento. Concordo com a WTA ( imagino que ATP seja igual) e já sabendo disso devia ter feito um planejamento melhor, e fazia mais uns 4 torneios até setembro.
Boa reportagem. Sirva de lição pra Nana e Victoria.

Welington Balbino
Welington Balbino
1 mês atrás
Responder para  Haroldo Guimarães

Acho essa regra totalmente bizarra!
Mas concordo com vc que faltou conhecimento por parte da equipe em relação a essa regra e mais ainda o planejamento pra ela não ficar parada.

Leonardo
Leonardo
1 mês atrás
Responder para  Haroldo Guimarães

Desculpa, mas nada tem haver com ansiedade de uma jovem ou preservação da fase de crescimento. Na verdade é uma regra da WTA e ITF para tentar manter os bons Júnior no circuito da ITF Júnior.
As meninas se desenvolvem antes que os meninos e é claro cada atleta tem capacidade física e de desenvolvimento diferente. No caso da Carolina ela joga o circuito profissional desde os 14 anos, então não começou neste ano ou no ano passado. E ninguém colocaria um atleta para jogar se não tivesse capacidade física e técnica.
Bom quanto a questão do planejamento seria ótimo escolher qual torneio quer jogar e quando.
Mas na realidade você precisa de pontos no ranking para entrar e no ano seguinte você tem que defender este pontos. Por isto o primeiro ano de ranking é uma maravilha, no segundo ano você percebe que para se manter você tem que defender os pontos e aumenta a pressão. Então você tem que jogar quando tem ranking para entrar e joga os torneios que entra e não os que você quer jogar.
Os Wild Cards (convites) são limitados e para os juniors são mais ainda. Por exemplo, você faz aniversário em setembro e você até dezembro usa 2 WC no próximo ano vc só tem 2 para usar até setembro. Ou seja, não se renova mesmo com a mudança do ano calendário da WTA.
Os convites são os únicos torneios que você pode tentar programar para jogar para quem não tem um ótimo ranking.
Mas tem um detalhe muito importante você tem que ganhar este convite, ou seja, você tem direto de receber mas tem que conseguir um torneio que queira te dar o convite. Você pode passar um ano sem ganhar convite mesmo tendo direito de receber estes convites.
Portanto, para quem está começando no circuito profissional se tenta sim fazer um planejamento, com períodos de pausas para treinamento, mas nem sempre acontece da forma que planejamos. Porque não existe como escolher o que se pretende jogar, algumas vezes se chega a escolher 5 torneios em uma mesma semana para ver qual vc tem chance de entrar, muitas vezes para jogar o qualifying. Ou você acaba jogando mais porque está numa boa fase e tem que alterar o que tinha programado.

Excelente reportagem Mário.

Espero que esta regra seja alterada o quanto antes para que nenhum outro Júnior seja prejudicado quando opte por seguir a carreira profissional.

Thiago Almeida
Thiago Almeida
10 dias atrás
Responder para  Leonardo

Vai dizer que ao uma jogadora de 17 anos que jogar acho que 8 ou 9 torneios seguidos que não precisa preservar o físico… Bem, meio estranho, acho que faltou uma parte de planejamento e atenção da equipe dela, e também da WTA por não ter avisado a equipe… Mas ela tem um futuro brilhante, uma pena ser tão pressionada tão jovem, as vezes é por obrigação dos pais ou pressão juvenil para querer ser melhor! Espero que ela volte logo, não vou mentir que já ganhei muito dinheiro apostando nela hahahah..

Deca
Deca
23 dias atrás

Essa regra vale pra Andreeva também?

Jornalista de TenisBrasil e frequentador dee Challengers e Futures. Já trabalhou para CBT, Revista Tênis e redações do Terra Magazine e Gazeta Esportiva. Neste blog, fala sobre o circuito juvenil e promessas do tênis nacional e internacional.
Jornalista de TenisBrasil e frequentador dee Challengers e Futures. Já trabalhou para CBT, Revista Tênis e redações do Terra Magazine e Gazeta Esportiva. Neste blog, fala sobre o circuito juvenil e promessas do tênis nacional e internacional.
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