Bia ainda pode muito mais

Passo a passo, Beatriz Haddad Maia começou a tão aguardada reação. Primeiro foi o vice em Cleveland, um WTA 250 que deveria ter vencido, estendeu-se pela campanha sólida no US Open, onde jogou por vezes seu melhor tênis da temporada, e agora se concretiza com o título no 500 de Seul, um torneio que a levou a exigências diferentes ao longo da semana.

Com essa reação tão bem-vinda, Bia volta ao 12º do ranking tradicional, que será sua mais alta classificação desde o final do Australian Open, em janeiro. Aliás, ela aparecerá pela 14ª vez nessa faixa tão privilegiada, sendo duas delas como top 10 e outras dez como 11ª colocada.

E a distância para um eventual retorno ao top 10 não é nada expressiva: são 180 pontos até Barbosa Krejcikova, com a vantagem de Bia não ter absolutamente nada a defender nas próximas quatro semanas, já que suas campanhas de 2023 foram ruins: estreia do 1000 de Pequim, segunda no 250 de Hong Kong e primeira rodada no 250 de Nanchang. Tão fracos que nenhum desses pontos estão hoje contabilizados nos seus 18 melhores resultados vigentes. Enquanto isso, Krejcikova precisa repetir 315 pontos no mesmo período e Daria Kasatkina, 185.

Claro que, ao finalizar a temporada, Bia perderá os 700 pontos do extinto Elite e portanto, caso realmente recupere um posto no top 10, terá de abrir margem sobre as concorrentes para se manter nessa posição, o que realmente parece mais difícil.

Para medir essa dificuldade, ideal mesmo é olharmos o ranking da temporada, ou seja, de janeiro até agora. Bia atinge o total de 2.316 pontos, o que serve para mantê-la na faixa das 20 mais bem colocadas mesmo que não se saia bem nos próximos torneios. Atingir o 10º lugar exigirá que a brasileira some pelo menos 662 pontos, sem considerar é claro o desempenho das adversárias. É difícil. A vaga no Finals parece ainda mais distante, embora não inviável: cerca de 1.200 pontos. Tal meta teria de ser alcançada nos dois 1000 (Pequim e Wuhan) e dois 500 (Ningbo e Tóquio) que fecham seu calendário, ou seja um total de 3.000 pontos em jogo dos quais teria de anotar pelo menos 50% de eficiência.

E aí vem a questão mais delicada: Bia ainda precisa melhorar tecnica e taticamente em todos os aspectos. A campanha de Seul teve apenas quatro partidas – saiu direto na segunda rodada por ser cabeça 4 – e as três primeiras adversárias não andam lá bem das pernas, caso da australiana Ajla Tomljanovic, mera 122ª, e da qualificada Polina Kudermetova. 163ª. Claro que a experiente Veronika Kudermetova, hoje 44ª, foi uma vitória bem mais importante, ainda mais porque era rodada dupla de sabado. E por fim veio o verdadeiro desafio: Kasatkina, 12ª do ranking, que ainda por cima abriu 6/1 e 3/1.

Se analisarmos rapidamente o desempenho de Bia na campanha, veremos que na média o aproveitamento de primeiro saque deixou a desejar, como foram o caso dos 43% de acerto contra Polina ou dos 51% frente a Tomljanovic, sem falar que muitos segundo serviços foram um tanto empurrados. Mesmo na reação excelente sobre Kasatkina neste domingo, o total de erro de cada tenista foi de 41, muito acima dos winners (18 a 11 em favor da brasileira).

Ao mesmo tempo, temos de ver como pontos positivos justamente o fato de Bia vencer tendo de trabalhar mais os pontos, novamente mostrando bom deslocamento e defesas apuradas, assim como o controle emocional necessário. Na decisão de hoje, não apenas se viu perigosamente atrás do placar, como também discutiu com a árbitra num game muito importante, o nono do segundo set, onde logo depois ainda precisou evitar um break-point com cara de match-point. Ou seja, superou a tensão e ainda cresceu demais no terceiro set, quando novamente forçou o forehand para impedir quebra e possível aperto da russa.

A ótima notícia, no final das contas, é que Bia pode mirar novamente o top 10 tanto agora como no começo da próxima temporada e ainda com margem grande para evoluir em todos os aspectos, dos quais o saque e o emocional me parecem fundamentais. Eu fiquei confiante para 2025 e você?

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Arthur
Arthur
1 hora atrás

Troca de técnico bia

Fábio
Fábio
1 hora atrás

Eu também fiquei confiante pra 2025 Dalcim! E que a nossa Bia possa, ainda nesse ano, conquistar ótimos resultados!!

Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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