PLACAR

Balde água fria em dia que Bia não se achou

Depois de uma estreia tão exigente e bem jogada, em que precisou de todo seu repertório e cabeça firme, Beatriz Haddad Maia deixou o US Open logo na segunda rodada com um gosto muito amargo de tarefa não cumprida. Nem de longe se pode menosprezar o tênis versátil e inteligente de Taylor Townsend, mas não era um desafio técnico ou tático de tamanha relevância que justifique a derrota precoce, a terceira que sofre na sua apagada passagem pelo piso duro da América do Norte.

Por que Bia perdeu? Não existe resposta fácil, talvez nem ela mesma consiga a curto prazo dimensionar o que faltou. Minha impressão clara é que pesou o favoritismo, ou seja, a maior deficiência foi emocional, o que explicaria a afobação mostrada em momentos cruciais, o trabalho menos insistente nas trocas da base e a percepção tardia de que mudar o ritmo e tirar o peso da bola no backhand da adversária lhe daria muitos pontos.

Também é preciso olhar para o lado de Townsend. Me pareceu que ela se adaptou muito mais rápido á adversária canhota e foi aplicada no saque sobre o corpo, além é claro de fazer a esperada pressão junto à rede. Os números da partida foram muito parecidos, mas chama a atenção os 62% de pontos com o segundo serviço da norte-americana contra 48% de Bia. A diferença crucial esteve na coragem. Enquanto a 132ª do mundo acertou 31 winners e cometeu 35 erros, a 19ª colocada acertou apenas 18 bolas vencedoras – 5 foram aces – e 29 falhas.

No jogo de detalhes que marcaram os dois sets, também faltou sorte para Bia. Primeiro uma passada fácil que lhe daria 15-40 na reta final do primeiro set, mas que tocou na fita e saiu. Depois, dois pontos muito mal jogados logo no começo do tiebreak. No primeiro lance, mandou para longe a devolução de segundo serviço com seu forehand e, em seguida, ‘comprou’ uma bola fora e ainda por cima deu na mão de Townsend.

Evidente que a vantagem no placar deixou Townsend mais confiante, enquanto o primeiro saque de Bia desabou para 47%. Ainda assim, a brasileira virou de 1/3 para 4/3 e depois 5/4, mas nas duas vezes não soube se impor. Seria hora de abusar do backhand inseguro de Townsend, porém fez escolhas duvidosas e só ganhou quatro pontos nos três games finais. “Fui conservadora nos momentos decisivos”, reconheceu Bia. “Quando se joga para não perder, isso custa muito”.

Ao menos, Bia dificilmente deixará a faixa das 20 primeiras, embora é claro que o sonho do WTA Finals acabou. Como a parceira Victoria Azarenka também perdeu, tomara que as duas juntem todas as forças para uma boa campanha na chave de duplas. A trajetória é dura, com estreia diante de Timea Babos, acostumada a títulos de duplas, e em seguida viriam as cabeças 4.

Resumão

  • Novamente muito eficiente e focado, Novak Djokovic manteve a sina de jamais perder antes da terceira rodada no US Open. A rigor, Bernabé Zapata só assustou com o 15-40 no segundo game, mas a fragilidade do backhand foi muito bem explorada. Nole enfrenta agora o compatriota Laslo Djere.
  • Stefanos Tsitsipas não soube vencer. Sacou com 5/3 no quarto set e ainda teve 5-4 no tiebreak. Mas esse jovem suíço Dominic Stricker joga mais do que seu 128º posto e foi corajoso o tempo todo: 79 winners e 42 pontos nas 52 subidas à rede. Em jogo muito inesperado, vai enfrentar Benjamin Bonzi, que tirou Christopher Eubanks.
  • Iga Swiatek teve vitória protocolar contra australiana Daria Saville e Elena Rybakina nem piso na quadra com abandono de Ajla Tomljanovic.
  • O duelo adolescente de Coco Gauff decepcionou porque Mirra Andreeva só fez frente nos primeiros games. A cabeça 6 tem jogo duro agora diante de Elise Mertens.
  • Ótima virada de Rafael Matos na estreia de duplas diante de boa dupla belga, mas Marcelo Melo e Ingrid Martins se despediram cedo.
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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