A vitória do talento

O tênis fecha o fim de semana com três campeões que premiam o talento puro e o trabalho muito suado. As conquistas de Mirra Andreeva, Jack Draper e João Fonseca foram momentos para deixar extasiado qualquer um que privilegia o jogo rico em golpes, apuro tático e cabeça determinada. E estamos falando de três verdadeiros garotos.

Mirra deu um assombroso salto de qualidade em 2025 e isso certamente tem muito a ver com a parceria feita com a experiente técnica Conchita Martinez, que tem conseguido tirar muito mais dela. A russa melhorou em tudo. O saque virou uma arma e os golpes de base são muito consistentes e ofensivos. O físico está pronto para defesa e correria, mas o bom mesmo é ver sua capacidade de alternativas técnicas e táticas, como a sequência notável que fez diante de Iga Swiatek e Aryna Sabalenka.

Ditou o ritmo das partidas, foi para a bola e soube usar deixadas e ângulos, elementos que continuam raros no circuito feminino. Contra Elena Rybakina e Elina Svitona, jogadoras tão distintas na proposta de jogo, encontrou soluções muito satisfatórias. Claro que ainda vemos a raquete ir ao chão com raiva em certos momentos de frustração, mas Mirra já mudou muito em relação à menina temperamental de antes.

Com dois títulos seguidos de nível 1000, a russa se torna ameaça definitiva às ponteiras do ranking. E se achamos Fonseca um fenômeno com seus 18 anos, o que dizer então de Mirra que ainda tem 17? Ela aliás não quer comparações com as precoces Monica Seles, Steffi Graf e Martina Hingis. Simpática e bem articulada, deseja apenas trilhar seu próprio caminho.

Draper me dá dupla satisfação porque sempre o achei um tenista com enormes recursos, a começar pela exploração muito consciente do fato de ser canhoto. Mas os problemas físicos têm sido uma constante. Primeiro o ombro, depois o abdômen e mais recentemente o quadril. Chegou a deixar o top 100 e precisou voltar aos challengers e já teve de se retirar de três Grand Slam por questões médicas, incluindo o recente Australian Open.

Mas o britânico de 23 anos, dado como sucessor certo de Andy Murray, seu ídolo aliás, teve perseverança e assim seu primeiro título de Masters 1000, coroado com a tão sonhada chegada ao top 10, é uma façanha. A campanha em Indian Wells, que começou com aqueles nove games seguidos em cima de Fonseca, incluiu vitórias inquestionáveis sobre Taylor Fritz, Ben Shelton e Carlos Alcaraz.

Na decisão deste domingo, não tomou conhecimento de Holger Rune, outro grande destaque do deserto californiano, que chegou à final cheio de confiança depois da ótima vitória em cima de Daniil Medvedev. Além da força dos golpes e habilidade na troca de ritmos e efeitos, Draper demonstrou grande capacidade defensiva, o que é um alívio diante do temor em cima da lesão no quadril.

Por fim, embora num torneio de nível secundário, Fonseca dá outra prova maiúscula de como está bem encaminhado para ser uma das grandes estrelas do circuito em muito pouco tempo. O challenger de Phoenix estava cheio de adversários experientes e adeptos do piso sintético e o que vimos novamente foi adaptação perfeita do garoto carioca às diferentes exigências.

Foi muito bem quando precisou construir pontos, como aconteceu diante de Hugo Gastón e Kei Nishikori, e soube encontrar o ritmo da devolução e exercitar grande poder de contragolpe frente a bons sacadores como Jan-Lennard Struff e especialmente Alexander Bublik na final deste domingo.

O cazaque é um tenista de extrema habilidade, que buscou misturar os ritmos e sacou muito bem em momentos delicados. E aí se destaca mais uma vez o ponto mais positivo de Fonseca: a cabeça firme, a postura tática determinada, a frieza para não se frustrar com chances perdidas. Ganhar dois tiebreaks de Bublik num piso bem rápido é algo notável, ainda mais se o placar é de 7 a 0.

Os três campeões do fim de semana miram agora Miami, que tem condições um tanto diferentes de Indian Wells, com clima mais úmido e uma lentidão por vezes desesperadora, a ponto de o torneio ser considerado tão desafiador quanto o mais barrento dos saibros. Enquanto Mirra e Draper terão cinco ou seis dias para descansar e treinar, João precisará de adaptação mais urgente, já que deve jogar quarta ou quinta-feira pela primeira rodada. Ele agora é um top 60, mas parece que é apenas uma questão de tempo para que ganhe as regalias de um cabeça de chave.

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Wilson Gomes
Wilson Gomes
4 horas atrás

Challenger nunca mais, de hoje para frente, nosso garoto João Fonseca estará em uma prateleira especial !

SANDRO
SANDRO
3 horas atrás
Responder para  Wilson Gomes

Se Nishikori, que já foi número 4 do mundo, às vezes joga um Challenger… Qual é o problema de jogar Challenger? Se Bublik, Struff, Wawrinka jogam Challengers, não vejo problema nenhum nisso!

Beto_poa
Beto_poa
3 horas atrás
Responder para  SANDRO

Não é um problema jogar challenger, e sim uma questão de ranking ou convite; um top 50 não pode jogar challengers.

André Borges
André Borges
4 horas atrás

Dalcim, a lentidão das quadras tende a favorecer o jogo do João?

Samuel Cunha
Samuel Cunha
3 horas atrás
Responder para  José Nilton Dalcim

Dalcim, boa noite.
Tudo bem?
Tu acredita que o JF deve chegar como cabeça de chave no US OPEN?

Fã de Emma Raducanu
Fã de Emma Raducanu
4 horas atrás

Dalcim, eu tava vendo no jogo do Fils contra o Medvedev, basicamente a totalidade de afrodescendentes na torcida que eram filmados, eram filmados torcendo pra o Fils.
Me pergunta, se a totalidade de brancos tivessem torcendo por Medvedev, eles seriam acusados de racismo?

SANDRO
SANDRO
3 horas atrás
Responder para  Fã de Emma Raducanu

Não fico reparando em “cor de pele” em um jogo de tênis, mas sim no talento do tenista… Pouco me importa a cor da pele de Gael Monfils ou de Medvedev, gosto assistir aos jogos dos dois…

Gil Oliveira
Gil Oliveira
3 horas atrás
Responder para  Fã de Emma Raducanu

Você se equivoca ao usar o antigo termo aftodescendente. Somos pretos. Ainda aceitável chamar negro, embora associa-se o termo a muira coisa negativa. Branco torcer para branco não é racismo. Essa diença social, um flagelo, na verdade, ocorre quando se desmerece uma pessoa ou um povo por causa das características como pele, cabelo ou aparência. Quando se tenta inferiorizar pessoas pertencentes a grupos étnicos historicamente massacrados ou humilhados, quando negam direitos, quando se despreza ou se ignora o sofrimento e a exclusão, a escravidão que passaram e igniram que a maioria dos pretos é pobre porque nunca tiveram, pós-abolição políticas de inclusão e igualdade de direitos. O esporte é inclusivo, mas a mentalidade precisa mudar urgentemente. Principalmente de pessoas que querem fazer piadinha ou gracinha com algo tão sério e nim site sobre tênis!

Fernando S P
Fernando S P
4 horas atrás

As mulheres saem na frente na corrida do amadurecimento físico devido às diferenças hormonais. As mulheres crescem, em média, até uns dois anos após a menarca, enquanto os homens dão um estirão até mais tarde. Em geral, com 16-18 anos as mulheres atingem maturidade física plena (não é incomum na WTA encontrar tenistas que competem em alto nível entre 16-20 anos), enquanto os homens demoram uns 2-3 a mais, pois o desenvolvimento da força, resistência e explosão continua até depois dos 20 anos, em média.

Meninas de 17 anos jogando de igual para igual com as Tops não chega a ser rotina, mas é menos incomum que um homem de 18.

jhonny
jhonny
4 horas atrás

Dalcim ha alguma chance de se o joão fonseca cair ate na segunda rodada jogar outro challenger na segunda semana de miami?

jhonny
jhonny
3 horas atrás
Responder para  José Nilton Dalcim

Sim eu sei tomara que ele pense em jogar outro challenger se ele cair

Clodoelson
Clodoelson
3 horas atrás

Vi alguns comparando erroneamente a Mirra com o João Fonseca. Apesar de mais jovem, a,russa está indo p/ sua 3a temporada no circuito, enquanto que João está na sua 2a. Acho o brasileiro determinado e talentoso o bastante p/ causar um estrago no circuito assim como a Mirra está fazendo, é questão de tempo, e que não pressionem o garoto, tudo irá acontecer naturalmente.

Paulo H
Paulo H
3 horas atrás

Vamos torcer para que consiga uma boa recuperação física, lembrando que no seu breve histórico, após vencer um torneio, tem apresentado queda de rendimento no torneio seguinte. O tênis profissional é de certa forma massacrante, com uma sequência de torneios que exige um bom time de fisioterapeuta, massagista, treinador e nutricionista, para recuperar o jogador um dia pós o outro.

Maior geração tenis chego
Maior geração tenis chego
3 horas atrás

Sem lesões joao fonseca é o melhor dessa geração, e falo faz tempo aqui no site que ele sem lesões é top 20 até fim de.ano ,e várias pessoas falando q ele seria top 50 q tem q focar em top 50 ,por ele.ja está no top 60 até meio do ano é top 50 ,aí sem.lesoes é top 20 fácil fácil, e a melhor geração da história chegou , sinner e alcaraz já estão entre os grandes ,fils e drapper não devem muita coisa a eles em 2 anos ,e joao fonseca o mais talentoso deles e com físico igual a eles

Alvaro
Alvaro
3 horas atrás

Dalcim, está característica do João de decidir o ponto rápido e buscar as linhas usada com o Draper e com o francês no rio, parece que ele melhorou muito no Arizona. Se o João bate tão forte o forehand e backhand e sendo jovem, porque ele não troca mais a bola pelo meio, ou não tão perto da linha ?

Candido
Candido
3 horas atrás

Dalcin . Gostaria de saber se é imprescindível para sua evolução que o João Fonseca procure um treinador do exterior, principalmente euroupeu.

Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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