Por Eduardo Faria
Quando vemos as performances dos tenistas profissionais, a velocidade da bola, a potência dos golpes, muitas mudanças de direções, acelerações, desacelerações, frenagens, vem sempre a pergunta; como eles conseguem jogar com aquela intensidade durante tanto tempo?
O tênis masculino e feminino mudou muito de dez anos para cá, se tornou mais rápido, mais potente, jogadores encurtando o tempo de bola, antecipando as jogadas, se posicionando mais na linha de base, atacando mais e resistindo a toda essa intensidade por mais tempo no jogo. Logicamente os materiais influenciaram nessa mudança, a evolução das raquetes, cordas, calçados, contribuíram muito para isso, e o corpo do tenista teve que se adaptar às mudanças.
Hoje, o calendário é extenso, o tenista, principalmente aquele que está buscando um lugar entre os melhores, tem que participar de vários torneios e jogar o máximo que puder de partidas para pontuar e melhorar de ranking. O grande desafio dos treinadores, preparador técnico e físico é como treinar os jogadores para melhorar o rendimento na quadra sem promover um cansaço ou fadiga.
Essa questão é um desafio principalmente no período competitivo, onde precisamos manter as capacidades físicas, a força por exemplo, sem que os treinamentos, na quadra e extra quadra, não causem adaptações negativas e prejudique o rendimento no jogo. Os trabalhos isométricos estão sendo uma boa forma de treinamento para manter os índices de força com baixos ín
dices de fadiga nesse período, mas esse é um assunto para um outro artigo.
Normalmente os profissionais possuem uma equipe multidisciplinar, estão amparados e orientados pelos integrantes de suas equipes e, pensando em melhorar o rendimento e prevenir lesões, vamos direcionar esse e os próximos artigos para você tenista que joga recreativamente ou que compete de forma amadora, passando informações atualizadas para poder desfrutar melhor do seu jogo de tênis, com mais energia e fugindo do fantasma das lesões.
A importância dos exercícios rotacionais para os tenistas
O jogo de tênis tem mudado de forma significativa nessas últimas décadas, novas técnicas de treinamento e, em particular, as inovações tecnologias de raquetes, vem modificando o jeito de como a bola é golpeada.
Toda essa tecnologia permite que os jogadores tenham padrões de movimentos mais rotacionais, imprimindo mais potência nos golpes, seja no âmbito do tênis profissional ou se estendendo para o amador.
Em sincronia com o desenvolvimento desse equipamento, as técnicas aplicadas tanto dentro como fora da quadra sofreram mudanças, colocando maior ênfase no fortalecimento dos grupos musculares responsáveis pelo componente rotacional de cada golpe.
Esses movimentos rotacionais exigem uma base sólida e necessária, onde o fortalecimento dos membros inferiores e da região do core, especialmente por meios de exercícios multiarticulares (que são exercícios onde as forças transferidas a partir da parte inferior do corpo para a parte superior do corpo por meio de uma sequência de ações musculares) se tornaram essenciais para se jogar um tênis com maior eficiência.
Também se faz necessário enfatizar a musculatura da parte superior do corpo, uma vez que os golpes se tornaram mais potentes.
Exercícios rotacionais e seus benefícios:
- Melhora da potência dos golpes, principalmente do forehand e backhand no fundo da quadra.
- Estabilidade e equilíbrio. Exercícios que focam na rotação melhoram a estabilidade do core, o que é essencial para manter uma postura correta nos movimentos.
- Fortalecer os músculos envolvidos nas rotações podem prevenir lesões comuns como as dos ombros e coluna.
- Movimentos rotacionais bem realizados permitem golpes com menor esforço, aumentando a eficiência e a economia de movimento.
Desenvolvimento do treinamento:
- Faça 2 a 3 séries de 15 repetições para cada exercício apresentado, mas antes comece fazendo um aquecimento geral em uma bicicleta ergométrica ou caminhando em esteira por 8 a 12 minutos, com o objetivo de aumentar a temperatura corporal e irrigar a musculatura.
- Execute os exercícios devagar para adquirir uma boa coordenação na trajetória do movimento e, na medida que você for dominando o exercício, aumente a velocidade de execução, mas sem perder a coordenação.
- Faça esse treino duas a três vezes por semana em dias alternados.
Bons treinos.
Licenciado em Educação Física, pós-graduado em treinamento esportivo e com diversas formações na área do treinamento físico e qualidade de vida, Eduardo Faria trabalha com tenistas desde 1986, ao lado de Fernando Meligeni, Flávio Saretta, Alexandre Simoni, Vanessa Menga e Thiago Alves, entre outros. Integrou a equipe da Copa Davis desde do final dos anos 90 até os dias atuais, atuando com nomes como Andre Sá , Bruno Soares, Marcelo Melo, Gustavo Kuerten e Marcos Daniel. É fundador da empresa ‘5º Set’, contendo o programa TFI (Treinamento Físico Inteligente), que combina testes físicos, mapeamento genético e avaliação nutricional para melhorar a performance de tenistas, do amador ao profissional: confira detalhes em quintoset.com.br.