A força da China e o brilho de Anisimova

Foto: China Open

Adoro acompanhar todos os torneios WTA do ano. Segui diariamente o China Open, sempre pensando no crescimento desse país nas últimas décadas e como tem se tornado palco de grandes eventos.

Na década de 80, após disputar um circuito no Japão, tive a sorte de jogar em Hong Kong, quando ainda estava sob o domínio britânico. O torneio era infinitamente menor que os da atualidade, mas valeu pela experiência. Só mais tarde finalmente é que houve investimento e interesse na modalidade.

Em Pequim, o chamado Centro Nacional de Tênis, onde é realizado o China Open, possui 45 quadras (12 só para o torneio), com uma central, já classificada como a quarta maior do mundo e atrás apenas do Arthur Ashe, em Nova York, do estádio principal de Indian Wells e da Philippe Chatrier, em Roland Garros. Com uma surpreendente capacidade para 15 mil espectadores, é superior à de Wimbledon e à do Australian Open.

A motivação não deixou de ser relevante, já que o complexo foi construído para sediar os Jogos Olímpicos em 2008. Com a nova estrutura, a partir do ano seguinte os eventos foram se sucedendo. Aliás, situação oposta à ocorrida aqui no Brasil. Pós 2016, o complexo olímpico de tênis do Rio de Janeiro, um dos maiores da América do Sul, ficou subutilizado e jamais consolidou algum evento de peso no local. Uma pena!

Enfim, voltando ao China Open, categoria 1000 da WTA, uma novidade importante para o público local foi a oportunidade de acompanhar o retorno da chinesa Qinwen Zheng, grande ídolo no país, após afastamento necessário para tratamento de lesão no cotovelo. Um retorno pós cirúrgico talvez prematuro, já que precisou abandonar o torneio na segunda rodada, com dores no mesmo local.

O torneio que contou com a presença de 8 das top 10 do mundo, teve embates de tirar o fôlego, principalmente protagonizados pela campeã, Amanda Anisimova. Não é de agora que ela vem surpreendendo e se destacando. Após duas finais consecutivas de Grand Slam, em Wimbledon e no US Open, suas vitórias e confiança estão em alta.

Anisimova tem sido um grande talento desde muito jovem, chegando a 2 do mundo no juvenil, mas sucumbiu a problemas mentais, talvez agravados pelo falecimento do pai e mentor. Precisou se afastar do esporte, se fortalecer fora das quadras e retornar saudável e confiante.

Vencer um WTA 1000 pode não ser algo extraordinário para a quarta tenista do mundo, mas neste caso pode ser um indicativo do que está por vir. Sua evolução a cada jogo e vitórias individuais expressivas dão margem para se esperar que ela ainda avance nos poucos números que restam para o topo da classificação mundial.

Se pensarmos que ela venceu a primeira do ranking na semi de Wimbledon, a dois do mundo no US Open e agora na China massacrou a terceira colocada, só nos resta esperar as emocionantes cenas dos próximos capítulos!

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Paulo A.
Paulo A.
1 mês atrás

Patrícia, como sempre, brilhante nos seus comentários.
Eu também adoro o circuito feminino, notadamente nos pisos rápidos onde o jogo das meninas trona-se ainda mais interessante.

Patricia Medrado
Patricia Medrado
1 mês atrás
Responder para  Paulo A.

Paulo!
Obrigada ! Os jogos estão cada vez melhores .

Ramiro
Ramiro
1 mês atrás

excelente comentário. Considerações pertinentes que refletem o avanço tanto da China como da qualidade do tênis feminino.

Patricia Medrado
Patricia Medrado
1 mês atrás
Responder para  Ramiro

Ramiro
Só não gosta quem não vê !

Vanda Ferraz Lopes de Oliveira
Vanda Ferraz Lopes de Oliveira
1 mês atrás

Como sempre muito bom ler seus textos!!!!!
Na minha opinião, Anisimova está pintando como a próxima número 1 do mundo!!!!!
Você concorda??

Gisele Matias
Gisele Matias
1 mês atrás

Não vai ser número um nunca

Vanda Ferraz Lopes de Oliveira
Vanda Ferraz Lopes de Oliveira
1 mês atrás
Responder para  Gisele Matias

Porque você acha isso??

Patricia Medrado
Patricia Medrado
1 mês atrás

Oi Vanda !
Sim… tentei passar essa mensagem.
Sabalenka tem uma boa diferença na pontuação mas se nada acontecer a Anisimova, ela pode acumular pontos. Não será esse ano mas até meados de 2026, tudo será possível.

Ronildo
Ronildo
1 mês atrás

Ainda lembro quando Anisimova e Potapova jogaram torneios profissionais no Brasil quando eram juniores. Participaram de um torneio no Graciosa, em Curitiba.
Patrícia Medrado, em outra matéria estávamos falando da falta de sensibilidade dos clubes marcarem finais de jogos da ITF às 11 horas em dias quentes, como foi a final de domingo entre a Laura Pigosse e a CarolMegligeni. Você não poderia ser uma voz junto à CBT para eles darem mais atenção neste assunto? Claro, há muitos aspectos envolvidos, inclusive do perigo de haver chuva à tarde. Porém nota-se um padrão de quase sempre marcarem as finais para este horário, que conforme opiniões expressas de leitores, é uma judiação para os tenistas. Eu particularmente acho um horário muito impróprio, porque, pense, se as finais fossem marcadas para as 16 horas, os atletas, familiares, torcedores, etc, poderiam almoçar, descansar, e depois às 16 horas iniciaria a batalha em clima mais ameno. Com mais publico inclusive, porque uma final é um evento importante na cidade sede, etc. Será que clubes marcam o jogo para este horário justamente para que os envolvidos consumam alimentos e bebidas do local enquanto os atletas estão debaixo de sol inclemente praticando um esporte reconhecidamente de enorme esforço físico e mental?

Patricia Medrado
Patricia Medrado
1 mês atrás
Responder para  Ronildo

Oi Ronildo
Não é tão simples quanto parece . Os tenistas precisam de tempo para deslocamentos . Jogar uma final à tarde pode atrapalhar a programação do torneio seguinte .
Também tem a ver com disponibilidade da TV e outros fatores .
A comodidade do tenista infelizmente é sempre o último elemento .

Ronildo
Ronildo
1 mês atrás
Responder para  Patricia Medrado

Obrigado Patrícia!

Mas… misericórdia! (em alguns casos)

Helena Abreu
Helena Abreu
1 mês atrás

Como sempre uma análise de quem já esteve lá. A China está despontando no tênis. Aqui no Rio a escola que trabalho é bilíngue em Mandarim com professoras nativas e brasileiras. Há alguns anos era só a Na Li. Muito bom o tênis se espalhar com torneios excelentes na China. Eu assisti o Torneio. E a Anissimova deu um exemplo de superação e valentia. Depois de perder a 1a final de Grand Slam por 6×0 e 6×0. Parabéns!

Patricia Medrado
Patricia Medrado
1 mês atrás
Responder para  Helena Abreu

Helena
Sem dúvida ! Um nome novo surgindo na briga de Titãs !!!

Patricia
Patricia
1 mês atrás

Mais uma visão ótima sobre como legados olímpicos podem ser usados de forma proveitosa. China segue forte no que se propõe a fazer.
Sobre a Anisimova – que exemplo de atleta!! Lembrar que algumas ‘paradas’ são importantes para retomada mais consistentes. Foi bom pontuar bem no momento em que a nossa Bia está dando esse ‘tempo’ pra cabeça (mental). Parabéns pelo texto.

Patricia Medrado
Patricia Medrado
1 mês atrás
Responder para  Patricia

Obrigada Patricia !
Essa questão tem se tornado recorrente tanto no circuito fem como no masc.
A vida dos tenistas eh muito exigente já que os torneios se sucedem. Não é fácil manter-se bem ao longo do ano.

Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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