Suely Kawana
Da Redação
A tênis olímpico tem histórias de superação, de coragem e perseverança, como a da britânica Charlotte Cooper, que perdeu a audição na fase adulta, teve de se adaptar à nova situação e continuou a carreira de sucesso. Mas não foi a única. Em 1912, o americano Richard Norris Williams II estava a bordo do Titanic, vitimado por trágico naufrágio a caminho de Nova York, depois de se chocar com um iceberg em 15 de abril de 1912.
Enquanto o Titanic se enchia rapidamente de água, Williams saltou de 12 metros de altura para as águas com temperatura de 20 graus, a pedido do pai, uma das 1.517 pessoas que acabaram falecendo na tragédia.
Williams sobreviveu agarrado a um barco salva-vidas e foi resgatado pelo RMS Carpathia. Suas pernas ficaram congeladas por ficar submersas na água gelada por cerca de 6 horas. Quando um médico a bordo do Carpathia sugeriu amputar ambas as pernas, o jovem de 21 anos se recusou. “Vou precisar dessas pernas”, teria dito, e ficou andando pelo convés até voltar a senti-las.
Não apenas sobrevivente, mas um herói. O viajante da primeira classe ajudou a libertar um passageiro preso e foi repreendido por um oficial por ter quebrado a porta da cabine. O fato teria inspirado uma cena do filme Titanic (1997), do diretor James Cameron.
Williams se recuperou rápido do trauma emocional e físico e naquele mesmo ano ganhou a dupla mista no Campeonato Nacional dos EUA. Em 1914, conquistou o primeiro de dois títulos de simples no US Championship, precursor do US Open.
Uma década depois, nos segundos Jogos Olímpicos realizados em Paris, em 1924, aos 33 anos, Williams sofreu uma lesão no tornozelo, mas sua parceira na dupla mista, Hazel Wightman, de 37 anos, disse-lhe para ficar na rede e ela se encarregaria de cobrir o restante da quadra. O plano deu certo. Williams e Wightman derrotaram os compatriotas Marion Jessup e Vincent Richards por 6/2 e 6/3 para conquistar a medalha de ouro.
Richard “Dick” Norris Williams II nasceu em 29 de janeiro de 1891, filho de pais americanos, em Genebra, na Suíça. O pai, Charles Duane Williams, era descendente direto de Benjamin Franklin, um dos líderes da Revolução Americana. Ele teve aulas particulares em um internato suíço e falava francês e alemão fluentemente. Começou a jogar tênis aos 12 anos, principalmente sob orientação do pai.
De acordo com o Hall da Fama, Richard Norris Williams II ganhou competições universitárias, nacionais e internacionais, desenvolvendo um currículo impressionante. Como estudante de graduação em Harvard, ele ganhou o título universitário de simples em 1913 e 1915 e adicionou títulos de duplas em 1914 e 1915. Com 1m80 de altura, possuía golpes potentes.
Em 1913, Williams foi vice-campeão de Wimbledon e do Campeonato dos EUA em finais com Maurice McLoughlin. Ele também esteve duas vezes no time vitorioso da Copa Davis em 1925 e 1926 e foi considerado um excelente duplista. Aos 44 anos, aposentou-se do tênis e ingressou no Hall da Fama do Tênis Internacional em 1957.
Norris Williams serviu ao Exército dos Estados Unidos na 1ª Guerra Mundial, na França, tendo sido condecorado com a Cruz de Guerra e a medalha da Legião de Honra. Williams tornou-se um bem sucedido empresário do ramo de gás, teve três filhos e faleceu em 2 de junho de 1968, na Filadélfia, aos 77 anos.
Bela homenagem a um herói porque foi um sobrevivente de uma tragédia em alto-mar e defendeu seu país na 1 guerra. Parabéns a turma do tênis Brasil por relembrar a história de alguns heróis do tênis.