Todo o progresso demonstrado na estreia foi-se por água abaixo. Rafael Nadal só conseguiu equilibrar a partida contra Hubert Hurkacz por pouco mais de meia hora, em que se arrastaram três games. O polonês jogou como se estivesse no seu predileto piso duro, plantado na linha a distribuir pancadas certeiras, muito ágil para fugir do backhand e ir para o ataque, saque extremamente pesado que o tirou dos poucos sufocos que encarou.
O canhoto espanhol ficou claramente acuado o tempo inteiro, sem achar soluções, o que é algo muito raro de se ver quando ele pisa na terra batida. Talvez se tivesse vencido o maratônico game inicial, a confiança fosse ao topo. A torcida fez sua parte, mas nada foi suficiente para permitir que Rafa encontrasse o tempo ideal para rebater os golpes muito velozes que vinham do outro lado. Frustrante e desanimador. Nem homenagem de despedida de Roma o decacampeão teve.
Esta foi a pior derrota em termos números de Nadal sobre o saibro desde que também ganhou apenas quatro games diante do argentino Gastón Gaudio, no distante Masters de Hamburgo, oitavas de final de 2003. Tempos ainda de juvenil. Mesmo em outros pisos, não perdia por placar tão elástico desde Cincinnati de 2016 contra Borna Coric. Ainda assim, esta foi apenas a 48ª derrota sobre a superfície em 527 partidas, o que lhe confere 90,9% de eficiência histórica.
Nadal ainda não assegura presença em Roland Garros, embora existam poucas dúvidas nos bastidores de que ele estará lá daqui a duas semanas. Se entrar em quadra, estará jogando a 1.300ª partida de sua espetacular carreira. E totalmente solto na chave. A pergunta é: precisará de sorte para não cruzar um dos líderes do ranking ou serão os favoritos quem terão sorte de não cruzar com ele logo de cara?
E só restou Monteiro
Impossível não ficar coçando a cabeça com mais uma atuação irregular de Beatriz Haddad Maia. Não se discute o currículo e a experiência de Madison Keys, porém a canhota paulistana segue sem transmitir confiança. Divide ótimos momentos e games bem jogados com saque frágil, escolhas ruins e bolas apressadas, muito semelhante à estreia de dois dias atrás. Ou seja, a boa sequência de jogos em Madri não fez o efeito imaginado.
Claro, isso não é bom sinal para Roland Garros, onde terá de defender a semifinal do ano passado e sua permanência no top 20. O que na verdade reflete o que vemos no ranking da temporada, ou seja, na soma dos pontos de cada tenista desde janeiro. Após quase cinco meses inteiros, Bia aparece no 23º posto, com 852 pontos. Não é ruim, mas todos sabemos que ela pode mais. Dentro de uma semana, joga Estrasburgo ao lado de Jessica Pegula e Jasmine Paoline, todas em busca do melhor ritmo para Paris.
Thiago Monteiro passa a ser então a esperança nacional nas chaves de simples. Tirou o máximo de seu forehand de canhoto, voltou a se mexer e a sacar muito bem, passando por cima de um temperamental Jordan Thompson e garantindo a reentrada no top 100, o lugar justo para o tênis que pratica nas últimas semanas. E cabe mais. Mesmo sem brilhar há algum tempo, Miomir Kecmanovic impôs outra campanha apagada a Casper Ruud. O sérvio, atual 58º do mundo, venceu os dois duelos contra Monteiro, em 2019 e 2021, porém não tem uma grande arma assustadora.
Por fim, a diferença de postura fez toda a diferença entre Thiago Wild e Tomas Etcheverry. Enquanto o argentino permaneceu focado até mesmo quando perdia por 1/5 no segundo set, o paranaense viveu outro daqueles dias pouco inspirados, em que o aspecto emocional pareceu pesar acima de tudo. Fez um começo de jogo pouco intenso, todo apressado, e de repente tomou atitude ofensiva e dominou o cabeça 25 com notável autoridade. Teve então dois serviços para empatar a partida e errou tudo que não deveria. Incrível como o mental oscilou tanto.
Já nas duplas, inesperada queda de Luísa Stefani ainda na segunda rodada, vitória de Marcelo Melo que escapou nos detalhes e ao menos Rafael Matos estreou bem e segue vivo, ao lado do argentino Andres Molteni enquanto Nicolas Barrientos está contundido. Thiago Wild também está na segunda rodada junto a Sebastian Baez.
E mais
– Novak Djokovic pegou no tranco contra o chatíssimo Corentin Moutet, verdadeiro teste de paciência para adversário, juiz e torcida. Quando achou o ritmo, o número 1 atropelou. O mais relevante da sexta-feira foi a garrafa de água que caiu sobre sua cabeça na hora dos autógrafos, felizmente um incidente fortuito e sem gravidade. Sempre espirituoso, Nole apareceu de capacete para treinar neste sábado. “Agora estou preparado”, legendou.
– Daniil Medvedev mostrou-se recuperado do problema em Madri e estreou com boa vitória sobre Jack Draper. Cena dantesca coube a Stefanos Tsitsipas, ao destruir raquete num banner de publicidade… no primeiro game!
– O passeio de Iga Swiatek sobre o saibro prossegue, ainda que Yulia Putintseva até tenha oferecido resistência. Curioso duelo agora contra Angelique Kerber, que tirou Kudermetova e Sasnovich.
– Coco Gauff continua pouco convincente na terra batida e terá um teste interessante diante de Paula Badosa, que parece determinada a reagir. Pode cruzar depois com Osaka.
– De novo, problemas extra-quadra impedem Elena Rybakina de competir. A atual campeã de Roma não justificou abandono. Ao menos não corre risco de cair no ranking e estará entre as quatro cabeças em Roland Garros.
Pela entrevista, Nadal deve estar em Paris. Mas realmente tem que melhorar muito para não sair na 1° semana, e ainda contar com um bom sorteio. Podia sair contra Djoko na 1° rodada.
No jogo de hoje, só teve chance no longo 1° game, mas em razão do Hurcakz não estar com o saque calibrado. Depois foi um passeio.
O juiz deu alguma punição pro Tsitsipas ? Struff também peca no mental. Alguns 40 x 15 revertidos em quebra.
Jogo maluco da Coco, 6/1 no 1° set depois 0/6 !!
Medvedev jogou muito bem.
Aguardando horário do Monteiro !
Acordemos cedo: 6 horas.
Se ele continuar jogando desse jeito, vale a pena !!
Parabéns dos comentários Dalcin, infelizmente Bia e Wild oscilam muito..tive o prazer de lhe conhecer em Santos; não sei se vai lembrar..
Tudo legal, Paulo? Claro que lembro. E que pena a queda precoce dos brasileiros em Santos.
“E SÓ RESTARAM MONTEIRO E MATOS”. Pois é, JOSÉ NILTON, eu bem que lhe avisei sobre a segunda e muito de vez em quando a terceira rodadas, como patamares que são o habitat dos principais raqueteiros brasileiros da atualidade. Tal avaliação está naquela minha postagem que você, de forma serial, tratou de barrar, lembra? Aliás, barrou mais uma minha, daí eu ter utilizado o adjetivo serial…
Ainda sobre a tal garrafada na cabeça, o sérvio tem bastante cabelo pra amortecer a queda. Já se fosse o Rafa Pouca Telha Nadal, vixe… era ambulância na certa.
Quanto à Bia, gostaria de acreditar que ela vai conseguir defender a semi de RG do no passado, mas não consigo. Ela não está jogando como uma Top 20. Pena.
Hurkacz jogou tudo que nem sabia que tinha e Nadal jogou muito pouco do que sabia que tinha.
Pude assistir a 2a. ¹/2 dos jogos do Nadal e da Bia. O que vi:
> Hurkacs jogou muito muito bem. Acho que, se mantiver o nível de hoje, vence este Roma 1000.
> Bia jogou até bem e perdeu por falta de concentração, por errar um pouco mais do que podia no 3o set, principalmente por excesso de força. Mas foi um bom jogo entre ela e a Keys, que por sua vez errou menos do que costuma.
Tomara que, neste domingo, o Monteiro jogue solto, bem atento e vença !
Muito triste assistir um campeão cair dessa forma. Nadal não conseguiu sequer devolver o saque. Acredita na recuperação do Touro pra chegar ao menos na Semifinal de RG Dalcim?
Com a exigência física que Roland Garros demanda, acho bem difícil, José.
Hurkacz pode colocar no currículo que humilhou Federer na grama e Nadal no saibro. Só espero que ele também não humilhe Djoko no hard para completar a Tríplice Coroa.
Rsrs, abs!
Hurkacz em Wimbledon-2021 meteu 3 sets a zero em nada menos que Federer, com direito a pneu! Agora mete 6×1 e 6×3 em Nadal! Esse polonês não tem dó dos grandes… Djoko que se cuide mais para a frente…
Dailcim, em caso de título em RG, que eu afirmo, ainda existe essa possibilidade, diferente de um Wild da vida, você acha que ele insistiria em jogar as Olimpíadas, ou para de vez?
Bom, se ele fala em disputar a Laver Cup, acho muito possível jogar as Olimpíadas, já que são torneios extra-oficiais em termos de ATP.
DALCIM, ainda estou acreditando que o Thiago Monteiro alcance o Top 50, consequentemente “quebrando” o seu melhor ranking de 61.
Parabéns, e obrigado do excelente BLOG DO TÊNIS!
Obrigado, Rogério! Olha, ele continua investindo na carreira, busca evolução e é evidente o quanto seu jogo cresceu de dois anos para cá. Tomara, seria um grande prêmio.
E Monteiro segue em frente, em seu melhor momento na carreira.
Parabéns e tomara que avance até às quartas!
Vamos!
Boa Tiago, parabéns! Agora é ganhar do Shelton que no saibro é acessível e enfrentar o super campeão Djokovic. Avante Tiago.
O Shelton tem de ganhar do chinês Zhang antes… rsrs
Cadê o Djokovic?!….
Ih, já foi eliminado.
Dalcim, que público é este no torneio de Roma? Confesso que não me lembro em ver arquibancadas tão cheias de pessoas e torcendo pelos jogadores. Eles estão dando um show. Será que é o fenômeno Sinner que contagiou os italianos?
Ah. Roma é um dos mais tradicionais torneios do circuito, Leandro. E o italiano sempre foi muito participativo. Muito comum arquibancadas lotadas.
Pelo grande tenista que foi Djokovic deveria se aposentar já para não dar mais vexame
Prezado Osvaldo, sempre respeitei sua participação, mas não achas exigir demais do seu ídolo, já em seu primeiro indício de declínio?
Puxa vida, ano passado o cara ganhou quase tudo…
Ou basta uma rateada para abandonarmos nossa maior fonte de alegrias nesse esporte?