A importância de Cahill no sucesso de Sinner

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Desde que apareceu para o mundo do tênis no Next Gen de 2019, quando derrotou o australiano Alex de Minaur na final, Jannik Sinner não deixou dúvidas de seu talento e, especialmente, de seu enorme potencial. Na época, lembro que Flávio Saretta já previa que o italiano seria o número 1 do mundo e está muito perto dessa façanha. Mas para chegar à glória de conquistar um Grand slam, como fez na Austrália esse ano e entrar para o grupo dos melhores, o atual campeão do Miami Open escolheu um caminho cuidadoso, inteligente, ousado de muitos sacrifícios.

Jogador frio, vindo de uma família predominantemente de linha alemã, da região no Sud Tyrol anexada à Itália, Jannik soube planejar muito bem sua carreira. A história já é bastante conhecida, mas vale relembrar. Quando ainda era criança sua paixão pelo esporte estava dividida entre o esqui, o futebol e o tênis. Na neve foi um prodígio dos 8 aos 12 anos. Mas aos 13 anos decidiu enfrentar um desafio e deixou o conforto da família para ir treinar na riviera Italiana na academia do consagrado treinador Riccardo Piatti. O experiente descobridor de talentos já tinha vivido semelhante experiência com Novak Djokovic e Milos Raonic. Sinner seguiu o mesmo caminho e hospedou-se na casa da família de um dos técnicos da academia, Luka Cvjetkovic.

Com Piatti na arquibancada Sinner já fez muito sucesso. Parecia que a parceria, que lembrava uma relação de pai e filho, seria eterna. Só que não foi assim. O jovem italiano preferiu um entendimento mais frio. E nesse aspecto lembro bem de Pete Sampras, que conta em seu livro “Mente de Campeão” o plano de um tratamento distante e estritamente profissional com o então técnico Tim Gullikson, que o levou a ser número 1 do mundo. O tenista americano conta que, por exemplo, em Wimbledon, ele se hospedava numa casa no Village e o treinador ficava em um hotel em Londres. Só se viam para os treinos em quadra. Na academia era cuidado por um outro especialista.

O tenista italiano para lapidar seu talento foi aconselhado a abandonar Piatti e contratar o australiano Darren Cahill. Um treinador também experiente e mais ousado no circuito, tendo trabalhado com nomes como  Lleyton Hewitt, Andre Agassi, Andy Murray e no feminino com Simona Halep, Ana Ivanovic e Daniela Hantuchova, entre outras. E como Sinner já tinha saído de casa aos 13 anos, não foi difícil iniciar outra relação fria e profissional.

O objetivo foi alcançado, com Sinner reconfirmando seu bom tênis esta semana chegando a vice-liderança do ranking. Cahill, além de treinador, foi um bom jogador. Lembro de tê-lo visto pela primeira vez em Roland Garros, lá em 1986, quando enfrentou Julio Goes, na antiga quadra 10, em que o brasileiro brilhou com sua habilidade, mas o australiano saiu vencedor.

Vale enfatizar que Jannik Sinner tem uma forte equipe. Hoje, para os jogadores que podem investir, não há apenas o treinador, mas também preparadores físicos, físios entre outros. E isso me fez lembrar de Boris Becker. O tenista alemão, pelo que eu saiba, foi o primeiro a integrar no time um encordoador. Não sei dizer se é exagero ou não. Mas exagerado para mim era o cuidador das raquetes aparecer sempre de terno e gravata para pegar ou entregar o equipamento ao jogador…

 

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Rubem
Rubem
7 meses atrás

Sinner é uma esperança de renovação do Tênis.
Mas todo o circuito de tênis mundial está sendo renovado na Itália com muitos tenistas no Top 100 – masculino e feminino. Nos últimos 6 anos muitos tenistas italianos subiram ao Top 100, oque antes apenas restrito a Fábio Foggninni

Gil
Gil
7 meses atrás

Pois é, enquanto isso vemos a Bia sendo treinada por um cara que responde a ela até que lado vai sacar. Parece uma relação de paixão ou dependência psíquica.

Jornalista especializado em tênis, com larga participação em diversos órgãos de divulgação, como TV Globo, SporTV, Grupo Bandeirantes de Comunicações e o jornal Estado de S. Paulo. Revela sua experiência com histórias de bastidores dos principais torneios mundiais. Já cobriu mais de 70 Grand Slams: 30 em Roland Garros; 21, no US Open; 18 em Wimbledon; e 5 no Australian Open.
Jornalista especializado em tênis, com larga participação em diversos órgãos de divulgação, como TV Globo, SporTV, Grupo Bandeirantes de Comunicações e o jornal Estado de S. Paulo. Revela sua experiência com histórias de bastidores dos principais torneios mundiais. Já cobriu mais de 70 Grand Slams: 30 em Roland Garros; 21, no US Open; 18 em Wimbledon; e 5 no Australian Open.

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