A queniana Angella Okutoyi voltou a conseguir um resultado histórico para o tênis de seu país e conquistou a medalha de ouro nos Jogos Africanos, disputados na cidade de Accra, em Gana. Com o resultado, a jovem jogadora de 20 anos e 532ª do ranking da WTA se aproxima de uma vaga direta nos Jogos Olímpicos de Paris. Mas para isso, terá que se firmar entre as 400 melhores do mundo até o dia 10 de junho.
Okutoyi garantiu a medalha de ouro ao superar a egípcia Lamis Elhussein Abdelaziz, 562ª colocada, na final por 6/4 e 6/2. Mas a vitória mais expressiva aconteceu na semifinal, diante de outra egípcia, a número 70 do mundo Mayar Sherif, por 5/7, 7/5 e 7/6 (7-5) em partida com 4h27 de duração.
Nos últimos anos, Okutoyi tem colocado o Quênia no mapa do tênis. A começar por suas vitórias no torneio juvenil do Australian Open em 2022, sendo a primeira de seu país a avançar em Grand Slam. Meses depois, conquistou o título de duplas em Wimbledon, ao lado da holandesa Rose Marie Nijkamp. Já no ano passado, tornou-se a primeira queniana a ganhar um torneio profissional em 29 anos, ao vencer um ITF W15 em Monastir, na Tunísia. Ela ainda teve a oportunidade de jogar em casa e ser campeã de um ITF W25 na capital Nairóbi.
Introducing the new #AfricanGames2023 women’s singles Champion in Tennis, Angella Okutoyi🔥🔥🔥 She secured the title by defeating Egypt’s Lamis Abdelaziz with a score of 6-4, 6-2 in the final.
At just 20 years old, @Okutoyiangella2 has made history as the first Kenyan woman to… pic.twitter.com/U5V5nsFrhb
— Latifat Adebayo-Ohio (@Phatill) March 21, 2024
“A qualificação para as Olimpíadas significa muito para mim. É meu sonho desde que era jovem”, disse Okutoyi ao site da ITF. Ela pode se tornar a primeira mulher de seu país no torneio olímpico de tênis. “Desde que segurei uma raquete pela primeira vez, eu assisto às Olimpíadas na TV. Sei o quanto isso significaria para o tênis no Quénia e para todo o continente africano. Estou feliz por ter conseguido vencer hoje e só quero seguir em frente”.
“Sei que ainda não estou classificada oficialmente. Mas a partir de agora, estou tentando ver se consigo jogar mais torneios profissionais para melhorar minha classificação e chegar às Olimpíadas”, acrescentou a queniana, que atualmente também atua pelo circuito universitário norte-americano por Auburn.
Tenista viveu em orfanato e foi criada pela avó
Angella chegou a viver em um orfanato de Nairóbi com a irmã gêmea Roselida quando era criança, já que já que elas perderam a mãe, logo após seu nascimento em 2004. Depois, passaram a viver com a avó. A tenista falou ao site da ITF sobre as dificuldades que passou na infância e no início da carreira.
“Minha mãe faleceu dando à luz a mim e minha irmã gêmea e desde então moro com minha avó, que nos criou sozinha”, disse Okutoyi. “Foi muito difícil. Naquela época também, sua filha estava doente e tinha problemas nos pulmões. Ela tinha que usar todo o seu dinheiro para cuidar da filha e às vezes trabalhava em muitos empregos. Começamos do nada. Outras crianças riam de nós e nos xingavam. Viramos piada, mas mantivemos a cabeça baixa e lutamos na quadra”.
“Quando comecei a jogar tênis, era difícil e lembro que tinha vezes que jogava e não comia o dia todo. Dormi com fome por noites consecutivas. Água era a única coisa que eu tinha”, acrescentou a queniana. “Venho de uma família muito simples e foi muito difícil para minha avó, mas ela continuou, foi muito forte e sempre me apoiou. Eu tiro minha coragem e força dela”.
Reconhecimento e incentivo ao tênis no país
As recentes conquistas de Okutoyi tiveram um impacto valioso para a popularização do tênis no Quênia, com evidente aumento no número de praticantes. Secretária geral da Tennis Kenya, Wanjiru Mbugua-Karani falou em 2022 sobre a popularização do tênis no país.
“Ter a Angella jogando em Wimbledon é maravilhoso e um grande momento. A procura pelo tênis no Quênia cresceu muito desde que ela fez o que fez na Austrália. Uma semana depois do torneio, foi uma loucura e havia muitos meninos e meninas nas quadras e outros tantos querendo fazer parte do nosso programa de juvenis, enquanto as academias registram números crescentes. Posso garantir que nos próximos anos será incrível. Todo mundo agora acredita que é possível porque Angella mostrou o caminho”.
Muito bacana. A ITF e as associações profissionais(ATP/WTA) deviam olhar com mais carinho e buscar investir mais na formação de tenistas nessa periferia do tênis(África, Oeste Asiático), mercadologicamente falando, o interesse do público fatalmente aumenta com atletas do msm país/região competindo..
Antes de formar atletas, a Europa devia descolonizar a África de vez e ajudar a formar países estáveis, mas eles não tem interesse nem nisso, que dirá em ajudar a formar atletas.
Exatamente, é preciso descolonizar e devolver tudo o que fora roubado do continente africano, deixando-os em condições sub-humanas. ” água era meu único alimento por dias”, nossa que história de vida. Todo sucesso para ela, talento tem de sobra. Vou torcer muito a partir de agora!
Belíssima história. Merece demais uma vaga nas Olimpiadas
Realidade: vai ser surrada na 1a rodada. Pra medalhar no tênis de simples na olimpíada você tem que ter nível de top 10, senão esquece. O tênis é um dos esportes mais difíceis de se medalhar, mas nada se compara à dificuldade do tênis de mesa onde o ouro é sempre de um chinês, a prata é sempre de um chinês e o resto do mundo inteiro disputa só o bronze.
e o que tem a ver?! a oportunidade sempre vem.. estão aí as medalhistas Laura e Luísa, que eram últimas colocadas e se deram bem.. deixa de ser carrancudo e torce pro bem das pessoas de vez em quando
Exatamente
A Angella jogou ontem contra uma top 70, passou 4h30 na quadra e ganhou a partida. Essa informação está, inclusive, no próprio texto. É sinal de que, dependendo do sorteio, ela pode fazer um jogo competitivo contra uma jogadora mais experiente. Lógico que se enfrentar a Iga, que dá 0 e 1 até nas outras top 10, as chances seriam mínimas. Mas também não seria nenhum fim do mundo para ela jogar com a número 1 nas Olimpíadas.
Fora que esse ranking atual é muito condicionado pelo fato de ainda dividir atenções com o tênis universitário nos Estados Unidos, o que é uma oportunidade única de carreira para alguém nas condições que ela saiu, e que proporciona um ambiente de competição em alto nível semana após semana.
Verdade Mário, além do que ela precisa de uma formação universitária de alto nível também, não pode se dar ao luxo de abrir mão do circuito universitário, como fez nosso prodígio João Fonseca.
Participar da Olimpíada já é uma grande vitória. Nem que perca na primeira rodada. Você está focando demais em medalhas. Não existem só as 3 primeiras colocadas.
Descolonizar a África começa por reconhecer o valor das pessoas africanas que estão fazendo a diferença, já leu sobre outra queniana Wangari Maathai , outra inspiração!
Qual é o seu problema??? E quem disse que a simpática queniana vai à Olimpíada para ganhar medalha, ela já está muito feliz em competir, isso é o que importa para ela no momento!!! E parabéns a ela por não ser uma pessimista como você!!!
“Jamaica abaixo de zero”, é esse o nome do filme, ou algo assim. Vc ouviu falar em Espírito Olímpico??? E vou mais adiante Para-Olimpiadas??. Em qualquer esporte em que se tenha a dignidade e o respeito, qualquer um pode vencer ou perder. Especificamente no tênis o nosso Monteiro ganhou do Alcaraz, foi fatalidade, sim foi, mas o que conta é que ganhou ahh semana passada teve um italiano , cento e pouco no ranking ganhou do Djokovick. .. preciso falar mais nada
Puxa, que bom. Então não é só nas corridas que o Quênia se destaca. É bom diversificar um pouco.
Cara, larga de ser enfadonho!!! Só há 3 medalhas: OURO PRATA e BRONZE , e a grande maioria dos atletas vai para competir e não para ganhar medalhas… E tem que ter representante SIM de todos os continentes!!! Não acho justo a ÁFRICA ficar fora da competição só por um capricho de um chato como você…
Uma história de vida e superação é inspiradora. No patamar de realizações de Sabalenka, Iga, etc