Nova York (EUA) – Um torcedor foi expulso da partida de Alexander Zverev nesta segunda-feira depois que o alemão reclamou de ter ouvido o indivíduo usar uma frase já removida do hino da Alemanha por ser um apelo à superioridade nazista durante a Segunda Guerra. O incidente aconteceu no quarto set de sua partida pela quarta rodada contra o italiano Jannik Sinner, no Estádio Arthur Ashe. Zverev abordou o árbitro James Keothavong para protestar contra o comportamento do torcedor.
“Ele acabou de dizer a frase de Hitler mais famosa que existe neste mundo, é inaceitável”, disse Zverev. “Isto é inacreditável.” Zverev disse aos repórteres que ouviu o indivíduo cantando as palavras “Deutschland über alles”, que significa “Alemanha acima de tudo”. O verso do hino foi escrito como um apelo à unidade na Alemanha no século 19. No entanto, a letra ganhou um novo significado como um grito de guerra, celebrando o que os nazistas acreditavam ser sua superioridade e foi removida do hino após a guerra.
“Ele começou a cantar o hino de Hitler, que antigamente era ‘Deutschland über alles’. Foi um pouco demais”, disse Zverev. O árbitro virou-se para os fãs sentados atrás dele e pediu ao espectador que se identificasse. Imagens transmitidas mostraram um torcedor sendo posteriormente guiado para fora do estádio pela segurança.
Um porta-voz da Associação de Tênis dos EUA (USTA) disse à CNN: “Um comentário depreciativo foi dirigido a Zverev. O torcedor foi identificado e escoltado para fora do estádio.” Zverev disse que o espectador pôde ser ouvido por muito tempo durante a partida. “Adoro quando os fãs falam alto, adoro quando os fãs ficam emocionados, mas acho que sendo alemão e não me orgulhar dessa história, não é realmente uma coisa boa de se fazer”, disse ele. “E ele sentado em uma das primeiras filas, muita gente ouviu. Se eu simplesmente não reagir, acho que é ruim da minha parte.” Zverev derrotou Sinner por 6/4, 3/6, 6/2, 4/6 e 6/3 em quatro horas e 41 minutos – a partida mais longa do torneio até agora.
‘Atitude de tenista deve ser exemplo para todos’, diz Instituto Brasil-Israel
A decisão de Zverev de paralisar a partida e comunicar ao árbitro sobre o que tinha escutado foi elogiada pelo Instituto Brasil-Israel, organização que observa questões relacionadas ao antissemitismo e holocausto, além de promover debates sobre Israel e os judeus no Brasil.
“A atitude do tenista foi perfeita, não se pode tolerar uma alusão a Hitler. É essencial que haja um posicionamento em uma situação como essa, mostrando que não há espaço para exaltar o nazismo”, diz Anita Efraim, mestre em Comunicação Política e coordenadora de comunicação do Instituto. “Apesar de a extrema-direita não estar no poder nos Estados Unidos, a normalização do preconceito, do antissemitismo, do racismo, é um problema disseminado. No país, há ainda uma insistência da falácia da ampla ‘liberdade de expressão’, argumento que, muitas vezes, é usado para permitir a ‘liberdade de opressão’”.