Campeões de Slam, Vitória Miranda e Luiz Calixto definem próximos passos

Luiz Calixto e Vitória Miranda (Foto: Abelardo Mendes Jr/CPB)

A dupla mineira de Vitória Miranda e Luiz Calixto fez história ao longo da última temporada com títulos de Grand Slam para o Brasil no tênis em cadeira de rodas, no Australian Open e também em Roland Garros. Os dois também conquistaram medalhas de ouro no Parapan de Jovens, disputado em Santiago, evento que marcou a despedida para eles do circuito juvenil. Miranda e Calixto já definem os próximos passos, visando o tênis profissional e com o sonho de voltar aos grandes palcos.

Com 18 anos completados em 2025, Vitória Miranda foi campeã de simples e duplas em Melbourne e Paris e já ocupa o 32º lugar no ranking profissional. Em entrevista a TenisBrasil durante o SP Open, em setembro, a jovem mineira falou sobre os bons resultados que teve na temporada e relembrou a trajetória nos torneios do Grand Slam.

“O Australian Open foi uma montanha russa. Vinha de duas semanas jogando muito bem, mas perdi o primeiro jogo da chave. Acho que foi por causa da pressão e de saber que dependia só de mim, mas tive a chance de me classificar no grupo e chegar à final, que também foi uma montanha russa: Ela abriu 6/0 e 2/0, mas virei o jogo e venci no tiebreak do terceiro set. É legal ver que consegui sair disso e que estou no caminho certo”, avaliou a ex-número 1 juvenil.

+ Clique aqui e siga o Canal do TenisBrasil no WhatsApp

“Em Roland Garros também teve emoção, uma semana antes eu havia perdido para a mesma menina [a norte-americana Sabina Czauz] no Mundial. Então, vencer uma semana depois confortou um pouquinho o meu coração. Estava muito confiante, a gente fez um trabalho imenso com a minha psicóloga para chegar lá com a cabeça no lugar e conseguir esse título”, acrescentou a mineira, que acabou se despedindo na estreia do US Open. “Não consegui jogar tão bem, mas faz parte. Não posso tirar duas semanas do meu ano que foi tão bom e muito produtivo, com dois títulos de Grand Slam. Ano que vem já começo no adulto e espero ter outras oportunidades de jogar lá”.

Vitória Miranda (Foto: Tennis Australia)

“Para a próxima temporada, vai depender se a gente vai conseguir já iniciar o ano na Austrália ou não, mas a nossa meta é já conseguir ficar no top 10 para jogar os Grand Slam no adulto”, acrescentou Miranda. “Dentro de quadra, tenho muita coisa para aprender ainda e amadurecer como atleta nessa transição”.

Para Luiz Calixto, que conquistou o título de duplas no Australian Open ao lado do norte-americano Charlie Cooper e disputou as finais de Roland Garros e do US Open da categoria, a temporada deu o rumo de onde ele quer chegar: “Foi meu último ano no juvenil e é importante jogar esses Grand Slam para ter uma noção do que vou encarar, tanto dos meninos que estão chegando quanto para ver a rotina dos caras tops do profissional”, explica o atual 54º do ranking. “Foi muito bom por isso. Agora eu tenho uma noção do que eu preciso trabalhar e vou começar a jogar mais torneios profissionais para subir o ranking e poder estar lá de novo”.

Vidas transformadas pelo esporte
Luiz Calixto, Leonardo Oliveira e Vitória Miranda (Foto: Divulgação)

O tênis transformou as vidas desses dois jovens, em especial graças ao técnico Leonardo Oliveira, conhecido no circuito como Leo Butija, que os introduziu ao esporte e acompanha o desenvolvimento da dupla até hoje. Luiz estava nas ruas e vendia doces nos semáforos, mas hoje consegue competir no circuito e ajudar a família. “Quando eu vendia bala, passava o dia inteiro na rua, desde às 8h ou 9h da manhã até chegar em casa às 19h. Minha mãe ficava preocupada. E quando conheci o Leo, minha vida mudou. Comecei a trabalhar na quadra e depois parei de trabalhar e só treinar. E hoje posso viajar e conhecer o mundo e ajudar muito mais lá em casa. Eu que sou o ‘dono de casa’ agora”, relatou o jovem mineiro. “Quando eu olho lá para trás e penso: ‘Quatro anos atrás, eu não sabia o que era tênis e agora conquistei esses títulos e posso viajar o mundo’. Isso mudou minha vida. Então são várias coisas importantes que aconteceram, mas também tenho muito a batalhar ainda”.

Calixto mantém contato com dois dos principais tenistas em cadeira de rodas do Brasil, os também mineiros Daniel Rodrigues e o Gustavo Carneiro. E nos torneios do Grand Slam, pôde acompanhar de perto a rotina de grandes nomes internacionais da modalidade e quer, no futuro, superar também a barreira do idioma. “Duas pessoas que eu sempre tenho contato são o Daniel Rodrigues e o Gustavo Carneiro, que são lá de Minas também. Tem o Martin [de la Puente], da Espanha, que está entre os 5 do mundo. Mas eu preciso do inglês para ter uma mínima conversa com os outros caras, que também são muito gente boa. Se eu soubesse um pouquinho mais de inglês daria para trocar uma ideia. Meu sonho chegar ao top 5 do mundo e campeão nos quatro Grand Slam”, ressaltou.

Luiz Calixto e Charlie Cooper (Foto: ITF)
Maior reconhecimento da modalidade e busca por continuar os estudos

Vitória também foi descoberta por acaso, depois que um vídeo nas redes sociais chegou até o treinador. “Eu comecei no tênis com oito para nove anos e fazia fisioterapia na AMR, Associação Mineira de Reabilitação. E como eu era uma criança muito espoleta, plantava bananeira e saía andando de cabeça para baixo. Gravaram esse vídeo e enviaram para pessoas que eram envolvidas com esporte paralímpico. Eu tive contato com a Marina, mãe do Rafael [Medeiros, tenista em cadeira de rodas], que me trouxe para o tênis e deu o contato do Leo. Fiquei por dois anos e meio e parei. Mas depois senti falta do tênis, porque nunca fiz outro tipo de esporte. Voltei a treinar com o Leo e estamos aí até hoje”.

Além do tênis, também planeja continuar os estudos. “Quero fazer uma faculdade, porque o tênis não é para a vida toda. Ninguém sabe se amanhã eu tenho uma lesão e não posso mais jogar. Preciso ter um segundo plano. De primeira, estou pensando em estudar psicologia, por influência das duas que trabalham comigo, uma pessoal, a Ionara, e a Bruna do CPB [Comitê Paralímpico Brasileiro]. Elas são meus anjos da guarda e quero ter esse papel para outras pessoas”.

A mineira também comemora a maior visibilidade do tênis em cadeira de rodas, ao destacar o reconhecimento do público e as novas oportunidades de viabilizar uma carreira no esporte. “A visibilidade aumentou bastante e podemos mostrar o tênis em cadeira de rodas para o Brasil, que é um país que não tem tanto espaço para o esporte paralímpico. A gente consegue mostrar que o tênis não muda nada para o convencional, só de um quique para dois quiques de bolinha. É bem legal ver que a gente está conseguindo mudar a história do tênis em cadeira de rodas no Brasil”.

Leia mais:

Leo Butija comemora títulos de Vitória e Calixto: “Sonho realizado”

Vitória Miranda e Luiz Calixto disputam o Australian Open pela 1ª vez

Subscribe
Notificar
guest
2 Comentários
Oldest
Newest Most Voted
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários
betinho Esteves
betinho Esteves
2 horas atrás

Parabéns!!! Acompanhando e torcendo muito nessa nova fase da Vitoria e do Calixto.

Rodrigo
Rodrigo
16 minutos atrás

Muito bom! Sempre na torcida por eles!

Jornalista de TenisBrasil e frequentador dee Challengers e Futures. Já trabalhou para CBT, Revista Tênis e redações do Terra Magazine e Gazeta Esportiva. Neste blog, fala sobre o circuito juvenil e promessas do tênis nacional e internacional.
Jornalista de TenisBrasil e frequentador dee Challengers e Futures. Já trabalhou para CBT, Revista Tênis e redações do Terra Magazine e Gazeta Esportiva. Neste blog, fala sobre o circuito juvenil e promessas do tênis nacional e internacional.

Comunicar erro

Comunique a redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nessa página.

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente ao TenisBrasil.