Boleiro na época de Guga coordena projeto social no Sauípe

Foto: João Pìres/Fotojump

Felipe Priante, da Costa do Sauípe
Especial para TenisBrasil

O retorno do do tênis ao complexo hoteleiro da Costa do Sauípe, com o challenger 125 desta semana, trouxe também de volta pessoas que trabalharam na época do Brasil Open, um deles é Leandro Borges, que na época de Gustavo Kuerten era apenas um dos boleiros em quadra, mas que agora é o responsável por chefia-los na competição. Ele participava de um projeto no local e com isso foi um dos escolhidos. Anos depois, agora coordena o seu projeto e promove o tênis em Mata de São João.

“Eu comecei no tênis com 14 anos, foram escolhidos alguns meninos que tinham boas notas para participar de um projeto e eu fui um deles. O intuito era formar professores de tênis e dos quatro que entraram fui o único que firmei minha carreira”, contou Leandro, que atualmente lidera um projeto em parceria com o complexo da Costa do Sauípe, que conta com entre 30 e 50 crianças. É deste grupo que saíram os boleiros do challenger.

Menina dos olhos de Leandro, o projeto ganhou corpo dois anos atrás, quando a prefeitura municipal construiu uma quadra perto da escola local para meninos e meninas da comunidade em Mata de São João. “Temos uns seis que entraram de cabeça e todos os dias jogam. É perceptível que eles amam o esporte e já estão participando de torneios”, disse ele com orgulho dos pupilos.

“Quando recebemos a notícia que o Sauípe receberia de volta o tênis, eu fiquei muito feliz e queria trazer essa meninada para cá para poder ter a mesma oportunidade que eu tive. É o primeiro torneio deles, muitos nem tem muito contato com o tênis”, afirmou o chefe dos boleiros, que garante que esta semana tem feito uma enorme diferença nos pequenos pegadores de bola em sua relação com o tênis.

“Os meninos estão fascinados em ver de perto o Guto Miguel. Eu falo para eles: ‘Guto tem 16 anos, mesma idade de muitos de vocês’. Lembro que quando eu estava neste lugar e via o Nadal em quadra, tinha a mesma idade dele e ficava fascinado com aquilo. É o mesmo olhar que eu tinha”, lembrou Leandro, que participou como boleiro em todas as edições do Brasil Open que foram no Sauípe.

E depois de tantos anos na função, agora como chefe dos boleiros, ele pode passar toda essa experiência e abrir novas oportunidades para a próxima geração.

Recordações do Brasil Open

Os primeiros passos de Leandro como boleiro no Brasil Open foram momentos que ele guardou com carinho, já que pôde acompanhar de perto jogadores que só via pela televisão. “Ficava dentro da quadra observando como cada jogador se comportava, como batia na bolinha”, comentou, destacando alguns nomes que fogem do óbvio ao relembrar a época de boleiro.

Mesmo trabalhando em jogos de ex-número 1 do mundo como Gustavo Kuerten, Carlos Moyá e Juan Carlos Ferrero, já que era boleiro líder e sempre estava na quadra central, dois tenistas que marcaram bastante sua vida foram Júlio Silva e Guillermo Coria. “A final dele com o Guga foi um dos melhores jogos do Brasil Open que eu vi”, falou Leandro sobre o argentino.

Já a relação com o paulista é ainda mais pessoal. “Júlio Silva não foi um dos melhores do mundo, mas serviu de exemplo para mim porque foi boleiro, começou a jogar aos 14, que não é cedo, ainda mais para quem depois virou profissional. Ele é um cara fora da curva e mostrou que dá para furar a bolha”, observou o chefe dos boleiros do challenger no Sauípe.

Ele contou que os boleiros seguem um protocolo de não tirar foto ou pedir autógrafo, mas que em alguns casos dá para contornar brevemente e que às vezes até os tenistas recompensam os pegadores de bola com presentes. “Tenho um amigo que joga comigo desde criança que ganhou uma camisa do Guga de 2001 assinada. Muitos jogadores entendem a importância de ter um boleiro ali do lado”, falou.

Até mesmo pequenos gestos podem marcar uma vida. “Um dos boleiros do projeto recebeu um ‘oi’ do Guto Miguel e já ficou muito feliz. Esses momentos são muito valiosos para nós, não sei se os tenistas sabem, mas o boleiro cria uma relação com o tenista que até um ‘obrigado’ é muito legal”, comentou Leandro.

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Rubio Ribeiro
Rubio Ribeiro
10 horas atrás

Parabens pelo projeto com as crianças
Vela lembrar que os boleiros desde. 1a edição da Brasil Open eram treinados e comandados pelo Sr Agostinho Carvalho,hoje a frente do Projeto Bola Dentro em Sao Paulo

Fernando
Fernando
8 horas atrás

Bela reportagem. Boleiro também fazem parte fo “show” e amantes do tênis e, merecem todo o carinho e respeito daqueles que estão jogando em quadra sempre. E, alguns, pelo carinho e atenção que receberem poderão se tornar também grandes jogadores e/ou formadores de novos tenistas. Parabéns !

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