Sinner: “É bom ver novos campeões e rivalidades no tênis”

Foto: Simon Bruty/USTA

Nova York (EUA) – A conquista inédita de Jannik Sinner no US Open teve um simbolismo muito grande para o mundo do tênis. Mais do que o segundo triunfo do italiano em Grand Slam, significou a consolidação de uma dupla de jovens que é cotada para dominar o circuito nos próximos anos. Em 2024, os títulos dos quatro maiores torneios foram divididos igualmente entre o atual número 1 do mundo e o espanhol Carlos Alcaraz.

Para fins estatísticos, foi a primeira vez em 22 anos que nenhum membro do Big 3 levantou ao menos um troféu de Slam, o que reforça essa sensação de passagem de bastão e início de uma nova era na modalidade. Questionado sobre isso, Sinner entende que esse é um curso natural das coisas e faz para bem o esporte.

“Foi um ano diferente, com certeza. É algo novo, mas também é bom ver novos campeões e novas rivalidades. Eu sempre tive e vou ter adversários que vão me tornar um jogador melhor, porque haverá momentos em que eles vão me vencer. Então você tem que tentar encontrar uma maneira de vencê-los”, analisou sobre a importância de ter rivais que ajudam a impulsionar a própria evolução como atleta.

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Ainda sobre conquistas históricas, Sinner se tornou apenas o quarto jogador na história a vencer o Aberto da Austrália e o US Open na mesma temporada, considerando já o período em que ambos os torneios passaram a ser disputados em quadra dura. Ele então tentou traçar uma comparação entre ambas as conquistas, mas entende que cada uma teve as suas particularidades.

“Creio que não dá para compará-las, porque são circunstâncias diferentes, épocas diferentes do ano. Acredito que em Melbourne foi uma espécie de alívio, porque na minha mente era como se eu estivesse trabalhando para aquilo, e você nunca sabe se poderá ganhar um Grand Slam ou não. Mas quando você ganha um, você sabe que tem potencial para isso”, iniciou a explicação.

“Aqui, as circunstâncias pré-torneio não foram fáceis. Eu senti que fui crescendo partida por partida e que meu nível de confiança foi ficando cada vez mais alto. Foi diferente porque eu tinha um pouco mais de pressão sobre mim, mas estou feliz por como lidei com isso”, completou.

Para finalizar o assunto, Sinner frisou a importância do título na Austrália logo no começo da temporada, ajudando a aliviar a tensão ao longo do ano. “Foi uma ótima jornada no geral. Com certeza, vencer o primeiro Grand Slam do ano lhe dá confiança e bons sentimentos. Mas, por outro lado, você sempre tem que trabalhar mais e nunca para. Até agora, eu não tive tanto tempo livre para dizer ‘ok, você fez um ótimo trabalho’. Tudo isso faz parte dos sacrifícios que você faz para o futuro. Depois da minha carreira, poderei dizer ‘ok, fiz tudo o que era possível para estar 100%'”, refletiu o italiano de 23 anos.

Desafios após polêmica com doping

Por mais de uma vez na coletiva de imprensa, Sinner foi perguntado e falou sobre os reflexos do caso de doping que explodiu no último mês. Para o italiano, foram momentos muitos complicados e que ainda o assombram, mas aos poucos vai aprendendo a superar a situação.

“É difícil descrever tudo, somente minha equipe e as pessoas que são próximas a mim sabem o que eu passei nos últimos meses. Não foi apenas uma semana antes do torneio. Foram meses. Nesses momentos, eu sempre tento me fechar com as pessoas para entender o que aconteceu e então tentar aceitar de uma certa maneira. Durante esse torneio, lentamente eu recomecei a sentir um pouco mais como eu sou como pessoa. Isso me ajudou um pouco. Agora é bom eu tomar um tempinho de folga e depois recomeçar novamente para a China”, comentou o número 1 do mundo, que não irá mais disputar a Copa Davis pela Itália nesta semana.

Ele também reforça que toda essa situação continua fazendo parte de seus pensamentos todos os dias. “Estava e ainda está um pouco na minha mente. Não é que tenha desaparecido, mas quando estou na quadra, tento me concentrar no jogo, tento lidar com a situação da melhor maneira possível, na comunicação com o time, nas quadras de treino. Não foi fácil, isso é certo, mas, por outro lado, tentei manter o foco e acho que fiz um ótimo trabalho mentalmente, mantendo-me focado em cada ponto que jogo”, concluiu.

Homenagem à tia doente

Um dos momentos mais emocionantes da entrevista de Sinner ainda em quadra na cerimônia de premiação foi quando o italiano dedicou o título à sua tia, que está passando por um problema sério de saúde e ele inclusive não sabe quanto tempo de vida ainda lhe resta. Na coletiva de imprensa, o tenista novamente mencionou o tema e explicou a importância da tia em sua vida.

“Minha tia é uma pessoa muito importante na minha vida, porque quando meus pais trabalhavam era ela quem me levava para as corridas de esqui. Ela sempre cuidava de mim quando eu tinha dias livres, então eu passei muito com ela. Nós [tenistas] viajamos muito, então é difícil passar tempo com as pessoas que você realmente ama, mas se eu tivesse mais tempo, com certeza eu passaria mais tempo com as pessoas que eu realmente me importo. Está sendo um momento muito difícil agora, mas temos que aceitar que nem tudo é perfeito”, disse.

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Caio
Caio
7 dias atrás

Ou seja, o dopping compensa!
Obs: Ainda bem que o Federer disse algo importante sobre o caso de dopping de Sinner para então não acharem besteira a declaracao de Djokovic.
Lamentável o tanto de pessoas que não conseguiram entender o que Djokovic falou mas quando o Federer falou milagrosamente “entenderam” ou milagrosamente ficaram quietos.

Leonardo
Leonardo
7 dias atrás

Primeira vez desde 2003 que nenhum big 3 ganha um (ou varios) slams. Realmente estamos vendo os efeitos da passagem de bastão, e já não era sem tempo. Ver o big 3 jogando foi magico, quem teve a oportunidade de acompanhar os 3 em toda sua carreira, teve a sorte de ver uma era unica no tenis, que provavelmente não vai repetir. Mas com Alcaraz e Sinner estamos em boas mãos. Esses 2 e mais alguns que podem desportar vão escrever sua propria historia. Não vai ser igual ao Big 3 ou big 4, afinal cada historia é diferente, mas parece que vai ser uma excelente era, sem a entressafra, que aconteceu por exemplo quando Sampras e Agassi estavam chegando ao fim das carreiras.

Renato B
Renato B
7 dias atrás
Responder para  Leonardo

Pete Sampras encerrou carreira após ganhar o US Open em 2002, então ainda estava no seu melhor.

Davi Poiani
Davi Poiani
7 dias atrás
Responder para  Leonardo

Exatamente. Quem conseguiu sair do lugar comum das torcidas fanáticas de haters, pôde aproveitar muito mais a era mais fantástica do tênis até então, com a história dos gênios do Big 3.

Raramente dou palpites sobre o futuro. Mas se fosse para apostar em alguém para se juntar ao Alcaraz e Sinner e formar uma espécie de “novíssimo Big 3”, este alguém seria João Fonseca.

E não digo isto por mero ufanismo dele ser brasileiro. O garoto tem uma aura diferente e especial. Possui um tênis absurdo para sua idade. Irá trilhar o caminho de desenvolvimento tal como Alcaraz e Sinner fizeram e tem um enorme potencial para ser um dos grandes da história.

Bueno
Bueno
7 dias atrás

Essa nova “era” será Alcaraz e Sinner! Como se fosse Nadal x Federer… Djokovic aos poucos vai caminhar para aposentadoria mesmo, a tendência vai ser cair no ranking e nos grand slams depende muito das chaves. O que eu vejo mais perigoso para enfrentar Alcaraz e Sinner é Daniil Medvedev… Quanto aos demais, acredito que Zverev, Tsitsipas, Rublev, Ruud, não ganham um grand slam, só se tiverem uma semana realmente muito iluminada. Alguns correm por fora, falta amadurecimento, tipo Shelton, Sebastian Korda, Lorenzo Mussetti, Jack Draper, Auger-Aliassime, Holger Rune, dentre outros. Já no feminino vejo que tem um big 3: Iga, Sabalenka e Rybakina… Acho que Naomi Osaka ainda pode ganhar slams

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