O que pode haver de melhor no tênis do que os quatro melhores do mundo na disputa de um título? Esta edição do ATP Finals de Turim não teve um nível tão espetacular, ainda que ao menos três jogos tenham sido de tirar o fôlego, porém encerrará a temporada com semis e finais de luxo. Pena que nenhum desses duelos tenha chance de mexer no ranking, mas não se pode querer tudo.
Ironicamente, o hexacampeão Novak Djokovic foi quem esteve mais perto da inesperada eliminação entre os grandes favoritos. Apesar do jogo duro contra Hubert Hurkacz, ele justificou o favoritismo num terceiro set em que sobrou em quadra e aí precisou contar com o enorme esforço de Jannik Sinner e com a bobeada de Holger Rune em lance capital para garantir seu lugar na penúltima rodada.
Sinner já fez os dois grandes jogos deste Finals, vencendo Djokovic e Rune em duelos muito apertados, em que apostou tudo na postura ofensiva e foi mentalmente muito forte. O terceiro set contra o dinamarquês exigiu também superação diante de um desconforto lombar. O italiano deu pequena queda de qualidade, mas teve chances de quebra em dois games antes de enfim viver o grande drama da noite, com 3/4, break-point e segundo serviço no backhand do adversário, que exagerou ao tentar a paralela e jogou a devolução e a possível vaga para fora.
Já o avanço de Carlos Alcaraz teve pouca emoção, até porque Daniil Medvedev por vezes mostrou uma certa economia de esforço. O espanhol começou mais vacilante, evitou um 15-40 logo no quarto game, mas pouco a pouco achou a consistência necessária lá da base e fez magníficas transições à rede. Era um tanto provável que sua vitória no primeiro set desmotivaria o russo. Medvedev no entanto seguiu sacando bem até enfim ceder a quebra definitiva. Os pontos mais positivos para o espanhol foram o bom índice de 73% de acerto do primeiro saque e os 56% de devolução do segundo serviço.
É leviano afirmar que Medvedev escolheu o adversário deste sábado. Arrisco ainda assim a dizer que, mesmo perdendo US$ 390 mil, uma heresia para qualquer tenista, ele pode muito bem ter avaliado que enfrentar um duvidoso Sinner, contra quem possui a considerável vantagem histórica de 7 a 2 nos confrontos, seja muito mais negócio do que reencontrar Djokovic e o recorde negativo de 5 a 9.
Ao mesmo tempo, me parece arriscado garantir que a vitória desta sexta-feira tenha trazido a Alcaraz a confiança necessária para o quarto duelo do ano contra Nole. O piso mais veloz é bom para os dois, embora a devolução do sérvio seja claramente superior, lhe conferindo portanto favoritismo. Apesar de ter tido um dia a mais de descanso, o que é valioso nesta altura do campeonato, o sérvio vem de três partidas duras no aspecto físico e emocional e tal desgaste pode ser outra aposta do espanhol.
Saiba mais
- Único invicto na fase de grupos, somente Sinner pode chegar ao prêmio recorde do tênis e embolsar US$ 4.801.500 no domingo. Todos os demais concorrem a US$ 4.411.500.
- Ao contrário do torneio individual, os líderes do ranking de duplas foram eliminados e assim Austin Krajicek pode perder a liderança caso Rohan Bopanna e Matthew Ebden sejam campeões.
- Eles enfrentam Marcel Granollers e Horacio Zeballos, única parceria a se manter invicta e portanto ainda concorrente ao prêmio máximo de US$ 943.650. Granollers venceu o Finals de 2012 ao lado de Marc López.
- A outra semi de duplas terá Rajeev Ram e Joe Salisbury, os atuais campeões, contra Santiago González e Edouard Roger-Vasselin.
- Roger Federer permanece como aquele que disputou mais edições (17) e soma mais vitórias (59) e finais (10). Djokovic tenta sua nona final e soma agora 48 triunfos.
- John McEnroe é o mais jovem campeão tanto em simples como em duplas, ambos em 1978 quando ele somava 19 anos e 10 meses.