A pergunta do título é muito difícil de se responder por causa da subjetividade nela incluída. Na verdade eu nem diria que ela é difícil de se responder, mas sim de se encontrar um consenso, assim como a famigerada discussão sobre o maior de todos os tempos, que apenas cito como exemplo e não quero entrar nesse mérito. O foco é a disputa dos Jogos Olímpicos.
Particularmente eu tenho minha resposta e a compartilho com vocês. Para mim, o torneio olímpico de tênis é a conquista mais difícil de se alcançar justamente por causa de sua periodicidade. Para cada oportunidade de se vencer os Jogos Olímpicos, os tenistas têm 16 chances nos Grand Slam.
“Não posso dizer que é o torneio mais difícil de jogar em comparação com os Grand Slam, mas o fato de ser só a cada quatro anos e com grandes expectativas, os Jogos Olímpicos são diferentes”, afirmou o sérvio Novak Djokovic após sua vitória neste domingo. Ele também garantiu que faturar ouro foi uma sensação melhor do que imaginava. E olha que ele já venceu todos os Grand Slam e Masters 1000.
A linha de raciocínio foi a mesma de todos os medalhistas de ouro em Paris 2024, quem falou com a imprensa depois de colocar a medalha dourada no pescoço não escondia a felicidade enorme. E mesmo os medalhistas de prata e bronze reconheciam o feito que conquistaram, mesmo saindo sem o título.
O torneio olímpico em si pode não ser o mais duro, a começar pela chave que tem uma rodada a menos do que os Grand Slam, sendo no masculino os jogos são em melhor de 3 sets. Também há um número um pouco maior de ausências que nos quatro principais eventos anuais do calendário. Contudo, a periodicidade faz que o lado mental seja exacerbado.
Tanto a polonesa Iga Swiatek quanto o espanhol Carlos Alcaraz relataram a pressão enorme que não conseguiram aguentar. Ambos são jovens e têm tudo para buscar o ouro em outras oportunidades, como fez justamente Djokovic, que tirou um enorme peso dos ombros ao sagrar-se campeão. Basta ver a emoção com a qual curtiu em quadra a medalha conquistada.
Rolou em Roland Garros
– a final masculina deste domingo era um evento de alta demanda do COI (Comitê Olímpico Internacional), então só conseguia entrar em quadra quem tivesse um ticket especial liberado pela organização do torneio, algo que consegui por ter credencial específica para o tênis, podendo acompanhar de perto essa enorme decisão, mas jornalistas brasileiros de renome tiveram que assistir da sala de imprensa.
– inclusive por causa disso, houve alguns problemas na hora de entrar para os desavisados que não sabiam da necessidade do passe especial e também pequenas discussões com aqueles que acabaram ficando de fora.
– um momento curioso e engraçado marcou a entrevista de Sara Errani e Jasmine Paolini, que ao lado de Lorenzo Musetti encerram um jejum de 100 anos de medalhas italianas no tênis; ao abordar o ocorrido, Paolini falou que ninguém tinha visto aquela outra medalha e brincou com um veterano jornalista italiano “talvez ele tenha visto”, arrancando risos de todos na sala.
– vale destacar que Errani, assim como fez Djokovic em simples, conseguiu fechar o Golden Slam nas duplas, depois de vencer o Australian Open (2013, 2014), Roland Garros (2012), Wimbledon (2014) e o US Open (2012).
C’est fini
Com o fim do tênis nos Jogos Olímpicos, este será o último Diário de Paris. Conforme escrevi nas minhas redes sociais logo que deixei o complexo de Roland Garros, foram 13 dias de intenso trabalho e pouco tempo para descansar, mas que foram muito bem aproveitados. Vou sentir saudades! Espero que tenha conseguido passar um pouco das minhas impressões daqui do tornei, bem como coisas mais informativas através das matérias assinadas.
Foi um prazer e um privilégio poder acompanhar de tão perto os Jogos Olímpicos pela segunda vez. São muitas histórias para contar que não cabem todas aqui e algumas também nem convém muito, como as alguns momentos inusitados nas diárias viagens de metrô para o complexo de Roland Garros. Logo menos estou de volta à redação do TenisBrasil e olimpicamente espero que nos vejamos novamente em Los Angeles 2028. Um forte abraço e obrigado a todos que me acompanharam por aqui!
Sei que é impossível fazer isso durante todo o circuito, mas que legal seria se acompanhasem alguns outros torneios nesse mesmo esquema.
Muito legal esses bastidores.
Parabéns pela coluna!
Seria muito bom poder viajar um pouco mais pelo circuito, não só eu como todos da redação. Quem sabe um dia. E que bom que gostou do material produzido desde Paris.
Felipe pirante foi muito bom ver seus textos. Obrigado João ando
Obrigado, João, por ter acompanhado aqui e pelos elogios. Definitivamente seria muito bom poder acompanhar mais de perto o circuito, mas como você mesmo disse, infelizmente não é a nossa realidade.
Felipe foi super bacana seus relatos por aqui durante as olimpíadas.
Fico feliz em ter contribuído de maneira positiva aqui. Foram dias de muito trabalho e carinho. Obrigado.
Beleza de cobertura Felipe! Todos os dias ficava verificando as atualizações das informações por aqui. Parabéns !
Agradeço a audiência, que bom ter ajudado a informar por aqui. Esse foi o intuito. Obrigado.
Eu concordo que a periodicidade faz com que o torneio olímpico seja extremamente difícil de conquistar. Alia-se a isso o fato de que os Jogos Olímpicos são o ápice da carreira de qualquer atleta das principais modalidades esportivas (com exceção do futebol, que tem um torneio quase amador por conta das regras de convocação).
Os tenistas campeões serão recebidos como heróis em seus países e basta reparar na emoção deles para confirmar que a medalha de ouro é, sim, uma das conquistas mais importantes que obtiveram. E pode ser em simples, duplas ou duplas mistas: o ouro é igualmente valioso em qualquer um dos eventos. Se o Djokovic ganhasse em duplas mistas, tenho certeza de que choraria e vibraria da mesma forma.
Por isso, na minha opinião, os Jogos estão no mesmo nível de importância dos GS, do Finals, da Davis antiga e do Número 1.
Parabéns pelo trabalho, Felipe! Bom descanso pra você.
Com certeza, assim como já fizemos Nadal e Federer em seus ouro olímpicos nas duplas. Ver como os grandes campeões valorizam o torneio olímpico só confirma o seu tamanho. E obrigado pelo elogio, fico feliz de ter contribuído positivamente aqui.
As pessoas desvalorizam muito o ouro olímpico do Federer por ter sido em duplas mas esquecem que ele venceu a maior dupla da história do tênis, Mike Bryan e Bob Bryan, essa dupla tem 119 títulos e terminou 10 temporadas como número 1 do mundo. O Wawrinka não venceria essa dupla se jogasse com qualquer outro tenista, pois tinha só 23 anos apesar de ser um jovem de grande potencial e de fato se tornou um craque do tênis.
É muito bom ver que todos do Big Four são campeões olímpicos.
Obrigado, Priante!
Parabéns pela experiência de viver e trabalhar nos jogos olímpicos.
Muito bons os relatos que trouxe pra gente!
Realmente é uma experiência incrível. E que bom ter contribuído positivamente com a audiência aqui. Obrigado.
Excelente artigo. Prazer em ler.
Obrigado, que bom que gostou.
Parabéns pelo excelente trabalho e pelas ótimas matérias