Londres (Inglaterra) – O britânico Oliver Tarvet terá uma ótima história para contar aos colegas de classe quando voltar para a Universidade de San Diego: o dia em que enfrentou o espanhol Carlos Alcaraz na Quadra Central do All England Club pela segunda rodada de Wimbledon. O tenista universitário que recebeu um convite para disputar o Grand Slam, furou o quali e, como 733º do ranking, ainda conseguiu ganhar uma partida na chave principal não teve o resultado que queria, mas não hesitou em dizer que, “definitivamente”, foi o dia mais especial da sua vida.
“Não é sempre que você pode enfrentar talvez o melhor jogador do mundo. Obviamente havia um certo nervosismo. Eu havia dito que eu tento tratar cada partida da mesma maneira, tentar jogar a bola e não jogador. Por mais que tenha tentado fazer isso, eu acordei algumas vezes à noite por causa da adrenalina. No carro, meu coração estava batendo mais forte do que o normal”, contou.
Tarvet perdeu os últimos dois sets por 6/4 e, embora tenha levado 6/1 no primeiro, ainda foi competitivo, obrigando Alcaraz a salvar oito break points. “Foi muito importante para mim aproveitar o momento, a oportunidade, porque, como eu disse, ela não vem todos os dias. Eu acho que fiz um bom trabalho em tentar aproveitar o momento e tentar jogar um bom tênis ao mesmo tempo”, afirmou o estudante de 21 anos, que pôde ver de perto o que torna os principais jogadores do mundo tão especiais.
“Acho que a grande diferença que eu aprendi é simplesmente como é difícil mentalmente. Eu joguei contra alguns jogadores muito bons antes, mas nenhum do nível do Alcaraz. Eu senti que assim que eu baixava meu foco para 95%, eu perdia um game. Vocês viram isso na partida, quando eu me esforcei para quebrar o serviço dele duas vezes e fui quebrado de volta imediatamente sem ganhar um ponto. Foi porque eu dei tudo, esvaziei o tanque naquele game para quebrá-lo. E depois você tem que manter o seu saque. É muito, muito difícil manter 100% de foco e 100% de intensidade”, disse.
“Se eu quisesse vencer Alcaraz, eu teria que ficar em quadra por cinco horas. Manter física e mentalmente esse nível é muito difícil. É algo em que eu trabalharei. Eu sinto que, em alguns momentos, eu tenho esse nível, mas não acho que consigo sustentá-lo, claramente, por tanto tempo quanto Alcaraz consegue”, completou.
A primazia técnica do número 2 do mundo também deixou o jovem britânico impressionado. “Eu lembro quando eu errei o primeiro serviço, o cara estava na linha de base. Intimida acertar o segundo serviço com o cara lá. Ele está pronto para fazer você correr. Uma coisa é que parece que ele não se esforça. Eu não sinto que ele está batendo na bola tão forte, mas ela vem tão rápida e tão pesada. Especialmente a minha esquerda segurou pela maior parte do tempo. Eu ainda tenho que acertar algumas coisas na minha direita. Alcaraz é tão forte, tecnicamente sólido e equilibrado”, disse.
“Eu meio que sabia que o primeiro set seria difícil porque não é um nível ao qual eu estou acostumado. Apesar do placar ter sido 6/1, eu ainda tive break points em três games. Eu definitivamente tive chances. Acho que isso deveria me dar confiança de que eu estava competindo. Créditos para ele, ele simplesmente joga os pontos importantes incrivelmente bem. Essa é a diferença. Você meio que sente que está no set e perde por 6 a 1. É difícil”, afirmou.
Apesar de ter se testado no maior patamar possível no tênis e de ter gostado dos resultados, Tarvet ainda não está preparado para largar a universidade e acompanhar o circuito em tempo integral. “Eu tenho muitos objetivos pessoais que ainda não atingi como equipe na Universidade de San Diego. Por mais que eu tenha objetivos profissionais, a faculdade tem sido uma parte importante da minha carreira, da minha vida, e definitivamente tem coisas que eu quero fazer antes”, disse.
“Apesar de, como eu disse, sentir que eu tenho o nível em alguns momentos, lapsos de um jogo muito bom, eu ainda preciso arredondar algumas coisas no meu jogo. Se vocês me derem um ano, especialmente com os treinadores que temos na universidade, acho que eu estarei em um lugar muito melhor daqui a um ano para manter esse nível e talvez conseguir tirar mais alguns games de Alcaraz, conseguir fazer isso todas as semanas. Por melhor que tenha sido legal produzir um bom nível durante uma semana e meia, você tem que fazer isso 30, 35 semanas por ano. Eu tenho confiança em mim mesmo, mas é uma coisa muito difícil”, encerrou.
¡Qué amable!
Tarvet é mais novo que Alcaraz, sete meses…
A forma como o jovem descreve a partida, faz o espanhol parecer um ancião.