PLACAR

O que dizem os números da quadra dura

O circuito retornou ao piso sintético há duas semanas, mas é realmente no Canadá que começa a real preparação para o US Open, o ponto alto deste segundo semestre. Muitos dizem que a lentidão maior de Toronto e Montréal, se comparados a Nova York, empobrece o aquecimento, mas ninguém pode negar que um título de nível 1000 eleva muito a confiança.

Ao olharmos os números da quadra dura, Novak Djokovic é o tenista com índice mais positivo na superfície em toda Era Profissional, com 84,6% de eficiência. Faturou 67 títulos, apenas quatro a menos que o recordista Roger Federer, mas o sérvio não estará em Toronto e portanto tal favoritismo natural se transfere para Cincinnati, na próxima semana.

Entre os inscritos no Masters canadense, Andy Murray e Daniil Medvedev têm a estatística mais relevante, com 75,2% de sucesso. O escocês já ergueu 34 troféus no piso, quase o dobro dos 18 do russo. E bem grudado aparece Carlos Alcaraz, com 75% (com muito menos jogos disputados), tendo conquistado três títulos. Observem que os três já ganharam o US Open, mas o espanhol ainda não tem títulos nesses Masters de verão, diferente dos outros dois.

O quarto com percentual elevado entre os que estão em ação em Toronto é Jannik Sinner, com 72% de vitórias e seis títulos, bem à frente do agora recuperado Milos Raonic, com 68,8% e oito torneios conquistados, ligeiramente acima de Alexander Zverev, com 67,6%, porém relevantes 13 troféus. Ainda têm percentuais importantes Stefanos Tsitsipas (66,1%), Gael Monfils (65,7%) e Andrey Rublev (64,4%).

A ATP destacou a produtividade dos tenistas nas últimas 52 semanas e há pouca diferença. Djokovic está disparado (91,9% e 5 títulos), seguido por Medvedev (79,7% e 6), Alcaraz (78,1% e 2) e Sinner (73,3% e 1). O quinto é Holger Rune (72,5% e 2). Com títulos no piso, ainda aparecem com destaque Taylor Fritz e Felix Aliassime, com três cada um.

Por fim, Medvedev, Zverev e Murray são os três campeões do torneio presentes à esta edição, porém apenas o russo venceu efetivamente em Toronto, que costuma ter velocidade pouco maior do que Montréal.

Claro que, após essa chuva de números, é preciso dar uma olhada na chave. Os holofotes estão obviamente em cima do campeão de Wimbledon e líder do ranking, que pode ter jogos bem duros desde a estreia, caso encare os saques de Ben Shelton, Hubert Hurkacz ou Alexander Bublik. Aí reencontraria Rune nas quartas e há boa chance de Sinner avançar na semi no seu quadrante, ainda que a estreia pode ser perigosa se der Matteo Berrettini.

Medvedev retorna ao predileto piso duro e a um período geralmente fértil do calendário. É de se esperar que enfrente Fritz lá nas quartas. Rublev, Frances Tiafoe e Zverev surgem como os nomes fortes para a outra semi, ainda que o alemão tenha desafio logo de início diante de Tallon Griekspoor, finalista de Washington neste domingo.

Dá para apostar em surpresas? Gostei da semana do holandês e de Nicolas Jarry e tanto Christopher Eubanks como Sebastian Korda podem barrar Tsitsipas e Borna Coric.

Chave dura para Bia A WTA infelizmente nos oferece bem menos dados estatísticos. Dá para saber que Vika Azarenka (10), Venus Williams (7) e Petra Kvitova (6) são as que somam mais títulos entre as que estão em atividade. Aliás, Caroline Wozniacki tem os mesmos 6 de Kvitova em seu retorno ao circuito, que certamente é uma das grandes notícias de Montréal.

Das mais recentes campeãs, o quadro diz pouco, já que a tricampeã Simona Halep está suspensa, Camila Giorgi venceu em 2021 mas teve de furar o quali e Bianca Andreescu, que fez a festa da torcida em 2019, não inspira confiança. Mais atrás, Elina Svitolina ganhou em 2017 e é alguém para se ficar bem alerta. Belinda Bencic, Kvitova e Woznicki também já brilharam no Canadá.

Não resta dúvida que o feminino é muito mais aberto que o masculino e daí reside esperança de que Beatriz Haddad Maia possa repetir a excepcional campanha do ano passado. Dá para ir longe? Acho que sim. Paula Badosa está super instável e Leylah Fernandez só teria mesmo a vantagem de jogar em casa. Maria Sakkari fez final em Washington, mas continua a ser a tenista tímida nos jogos grandes. Então há uma chance real de Bia chegar até Iga Swiatek nas quartas. A polonesa jogou bem em Varsóvia após Wimbledon e seu caminho prevê a experiência de Karolina Pliskova e o reencontro com Karolina Muchova.

Também no lado de cima da chave, Coco Gauff fez ótima campanha em Washington, mostrando uma saudável mescla de ataque e defesa. A lógica aponta para duelo contra a parceria de duplas Jessica Pegula nas quartas.

Na parte inferior, Aryna Sabalenka entra em quadra com mais uma oportunidade de atingir o tão sonhado número 1 do ranking, ainda que precise do título. Liudimila Samsomova, Kvitova, Victoria Azarenka e Elena Rybakina são obstáculos de gabarito.

E mais

    • Tenista relativamente baixo e já com 33 anos, Daniel Evans merece todos os aplausos pelas atuações em Washington, onde tirou Frances Tiafoe, Grigor Dimitrov e Griekspoor para levantar o segundo ATP da carreira, o primeiro em 30 meses. Será 21º do mundo.
    • Gauff não perdeu set rumo nos quatro jogos feitos em Washington e não cedeu mais que seis games num mesmo jogo.
    • Mesmo com toda a torcida, Dominic Thiem não conseguiu o título em Kitzbuhel. Esgotado, foi dominado pelo baixinho Sebastian Baez, que já chega a seu terceiro ATP no saibro.
    • Tsitsipas ficou perto da derrota para Jarry nas quartas antes de embalar e faturar seu 10º título em Los Cabos. As vitórias sobre Coric e Alex de Minaur foram muito boas.
    • Felipe Meligeni avançou uma rodada em Los Cabos e teve três set-points na segunda parcial contra Tommy Paul. Ele está firme no piso duro.
    • Laura Pigossi ganhou seu maior título no ITF 60 de Feira de Santana, muito atrapalhado pela chuva. Aos 29 anos e com novo treinador, volta ao top 150 e ainda pode melhorar em Brasília nesta semana e ser uma das cabeças principais no quali do US Open.
    • Ingrid Martins entrou de última hora e jogará seu primeiro WTA 1000 em Montréal. Luísa Stefani faz dueto com a excelente Karolina Siniakova e entra de cabeça 3.
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

PUBLICIDADE

VÍDEOS

Wimbledon seleciona os melhores backhands de 1 mão

Os históricos duelos entre Serena e Venus em Wimbledon