Nadal lamenta desempenho: “Um estava no nível e outro, não”

Felipe Priante
Especial de Paris

O clima após a derrota para o sérvio Novak Djokovic, na segunda rodada dos Jogos Olímpicos de Paris, não poderia ser outro para o espanhol Rafael Nadal que não um certo desânimo. O canhoto de Mallorca reconheceu a ampla superioridade do cabeça de chave número 1 do torneio, lamentou o seu desempenho muito abaixo da média e tentou não se abater tanto, já que ainda segue vivo na chave de duplas. Ele também contornou ao ser questionado sobre aposentadoria, assunto sobre o qual parece estar cansado de falar.

“Durante uma hora (de jogo) foi duro de digerir tudo o que estava passado, mas tentei adotar uma mentalidade e atitude adequadas. Ele não me deu nada, estava inspirado e não errava nada, e eu não tinha a qualidade de bola para lhe criar problemas. Também não tenho as pernas de 15 anos atrás. Sem qualidade e sem as pernas, não vou criar problemas ao maior da história. Um estava no nível e o outro, não. Até consegui me recuperar para me dar uma chance, mas a recuperação não foi completa”, analisou Rafa.

O espanhol disse que a esta altura da carreira tem consciência para saber entender as diferentes situações e tenta manter a mentalidade positiva para as duplas.. “Não fui capaz de mostrar o tênis que preciso. Neste alto nível, os pequenos detalhes fazem muita diferença. Estou ainda em competição, me restam as duplas e não é momento de ficar para baixo, tenho que aceitar a derrota, que foi dura pela forma (com que aconteceu). Mas também, por causa disso, é fácil de aceitar. Simplesmente não estava no nível”, reforçou.

Sua continuidade no circuito, com o desempenho bem abaixo do que já apresentou no passado, foi colocado em dúvida e ele foi bem direto. “Juro que não posso ficar pensando todo dia nisso, mas todos os dias vocês me perguntam a mesma coisa. É difícil recuperar um alto nível se estou pensando se paro ou não, tento viver o dia a dia”, comentou o ex-número 1 do mundo e atual 161º no ranking da ATP.

“Venho de dois anos muito difíceis e não sei se serei capaz de retomar uma condição. Preciso de um tempo extra para ver se consigo me recuperar, mas nesse tempo não posso ficar pensando a cada dia se é o último. Se ficar pensando nisso, você não consegue focar no que precisa para ter uma chance real”, acrescentou o espanhol, que garante que a lesão na perna é pequena e não o incomoda.

“Tento olhar para frente e depois das Olimpíadas vou sentar com minha equipe e tomar as decisões que tenho que tomar, depende da vontade que eu tenha. Operei o quadril, que necessita um grande tempo de recuperação e estou me sentindo bem fisicamente, mas não estou competitivo e joguei poucos torneios desde então. É uma operação que não é fácil de se recuperar, a regeneração não é fácil. Se depois daqui não tiver mais vontade de jogar, eu os comunicarei, mas por enquanto vou vivendo um dia de cada vez”, finalizou.