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Meligeni mira o top 100 e quer seguir crescendo

Foto: João Pires/Fotojump

Felipe Priante

Campinas (SP) – Aos 25 anos de idade, o paulista Felipe Meligeni tem mostrado um grande tênis nesta temporada. Número 2 do Brasil na atualidade e 143 do mundo, ele está perto de sua melhor marca no ranking, o 129º lugar alcançado em junho deste ano, e quer ir além disso. Em entrevista exclusiva para TenisBrasil durante o challenger de Campinas, ele falou sobre sua principal meta do momento: ser top 100.

“Uma meta que eu tenho para esse fim de ano é chegar ao top 100, algo que posso alcançar com o nível que venho mostrando. Quero focar no jogo a jogo para seguir crescendo”, afirmou o campineiro, que aparece na 133ª colocação na corrida da temporada e acredita que possa terminar 2023 entre os 100 primeiros se somar pelo menos mais 200 pontos até o final do ano.

Resultados como o do US Open, quando furou o quali, disputou sua primeira chave principal de Grand Slam e ainda conseguiu alcançar a segunda rodada, servem de estímulo para Meligeni sonhar com algo mais. “Vivo o meu melhor momento, minha participação no US Open com certeza me deu um gás e a confiança que estava precisando”, afirmou o paulista, que diz ter aprendido até com as derrotas, como a que teve diante de Tommy Paul em Los Cabos.

“Sabia que iria enfrentar um cara que estava com ótimos resultados, acho que fez quartas na Austrália neste ano, um cara perigoso que gosta de jogar na quadra rápida, onde eu não me sentia muito confortável até o momento. Mas joguei de igual para igual e tive set-point no tiebreak do segundo. Com certeza é muito motivante jogar com esses caras e ver que fala muito pouco”, comentou Meligeni.

Chegar no top 100 é apenas o primeiro objetivo para o paulista, que depois espera entrar direto nos Grand Slam, sem precisar jogar o quali, e quem sabe passar uma temporada inteira disputando apenas torneios em nível ATP.

Veja a entrevista completa com Felipe Meligeni:

Você está vivendo um dos melhores momentos da carreira, bem perto do maior ranking, número 2 do Brasil. O quanto isso serve de estímulo para seguir evoluindo?

Vivo o meu melhor momento, minha participação no US Open com certeza me deu um gás e a confiança que estava precisando. Posso falar que foi meio inesperado, estava na dúvida se ia jogar ou não, porque tinha lesionado em Santo Domingo duas semanas antes. Então fui para a IMG (Academy), fiz quatro dias seguidos de treino e consegui me recuperar para o quali. Estou jogando muito bem, melhorei muito no aspecto mental e contente com o que estou fazendo. Tenho que seguir com o pé no chão que ainda há muito trabalho para fazer com minha equipe.

A lesão que te atrapalhou em Santo Domingo e no US Open, como ela está?

Tenho uma má formação no osso do pé, mas estou trabalhando muito com meu time, que é espetacular. Venho em uma crescente muito boa dessa lesão, que me atrapalhou nos últimos torneios, mas agora não posso pensar nisso e sim em estar sempre pronto para o próximo jogo. Não me preocupa essa lesão agora, é uma coisa que é tratável.

Mas você precisa fazer algum tipo de tratamento especial para cuidar dela?

A gente trabalha muito sobre isso, faço fortalecimento e tudo que preciso para fortalecer o tendão e a panturrilha, que é onde dá força para o tendão. Estou me sentindo bem e em forma para dar o meu melhor possível.

Qual balanço você fez de sua participação no US Open? E como foi encarar a última rodada do quali lá depois de cair na mesma fase em Roland Garros e Wimbledon?

Tinha ficado na última do quali duas vezes neste ano, Roland Garros foi pior do que Wimbledon, porque em Wimbledon e peguei um cara que era mais especialista do que eu na grama, então não podia esperar muito. Fui até a última rodada e já foi legal. Mas em Roland Garros tive 6/2, 4/2 e 15-40 com o cara sacando, me travei inteiro e acabei não passando, foi uma derrota que me machucou muito. Fiquei um bom tempo martelando isso na minha cabeça até eu conseguir voltar a ter um pensamento positivo de novo. Mas não baixei a cabeça, como meu tio comentou uma vez. Quando passei o quali do US Open ele fez um post sobre isso, sobre a conversa que tive em Roland Garros que eu não iria baixar a cabeça e que uma hora eu teria a chance de passar o quali e veio no US Open. Lá a última rodada quase escapou, foi quebrado de zero sacando para o jogo, confesso que foi desesperador, ali na hora passou um filme do que aconteceu nos outros qualis, foi difícil, mas eu não parei de acreditar, mantive minha cabeça forte e deu no que deu.

Na primeira rodada (na chave principal) foi meu melhor jogo com o saque, 20 aces, não se explicar o que aconteceu, nunca tinha sacado tão bem em toda minha carreira. Fiquei bem contente. Depois aconteceu o que aconteceu, mas faz parte, infelizmente ninguém sabia que antes do jogo eu tive uma bolha no pé, um calo que acabou complicando meu aquecimento. A gente tentou tirar porque estava me incomodando, não era a primeira vez, então sabia o que precisava fazer, que era retirar o líquido de dentro. Da primeira vez que tentamos não conseguimos e só foi na segunda, mas aí já era hora de ir para quadra, então nem tive tempo de aquecer direito e isso causou um pouco de irritação no meu pé. Mas é algo que acontece, foi uma semana espetacular para mim, muita motivação e um gás super importante para esse fim de ano e uma meta que eu tenho que é chegar ao top 100, algo que posso alcançar com o nível que venho mostrando. Quero focar no jogo a jogo para seguir crescendo.

No começo do ano você jogou uma série de qualis em ATP, jogou Indian Wells e ‘furou’ Miami. O quanto isso te ajudou para ir bem depois nos qualis de Grand Slam?

Com certeza serviu de bagagem todos os Masters 1000 e ATP que eu joguei no começo do ano, em Buenos Aires, Rio e Santiago. Não tive bons resultados, perdi em todos na primeira do quali, mas isso dá muita bagagem, você está naquele meio e vê que está no nível dos caras. Com certeza foi gratificante ver que eu posso, então depois de passar o quali de Miami, essas coisas te dão muita motivação. Depois venci o (Luca) Van Assche, que estava top 100 em Madri e vem em um ano incrível. Acho que tenho tudo para chegar lá no top 100, mas não posso ficar pensando muito lá na frente.

Os dois principais adversários que você enfrentou em 2023 foram Tommy Paul e Lorenzo Musetti. O que você consegue tirar de partidas como essas, mesmo saindo derrotado?

Tommy acho que era 15 ou 16 do mundo na época, logo depois de minha primeira vitória em ATP na quadra rápida. Estava me sentindo muito bem. Com certeza sabia que iria enfrentar um cara que estava com ótimos resultados, acho que fez quartas na Austrália neste ano, um cara perigoso que gosta de jogar na quadra rápida, onde eu não me sentia muito confortável até o momento. Mas joguei de igual para igual e tive set-point no tiebreak do segundo. Com certeza é muito motivante jogar com esses caras e ver que fala muito pouco. É seguir com a cabeça alta e focar no trabalho.

Você falou em família…além do seu tio (Fernando Meligeni), quem são os outros jogadores que te inspiram no tênis?

Meu ídolo da vida inteira não é nem meu tio, é o David Nalbandian, sempre gostei muito de ver ele jogar. É um cara que eu cresci assistindo tinha uma esquerda impressionante. Argentino é diferenciado. Entre os brasileiros, o Thiago Monteiro é um grande exemplo para mim, gosto muito dele. Dividi a Davis com ele e tudo o que ele me deu. É um cara que se consolidou no top 100, agora até saiu, mas tenho certeza que vai voltar pelo nível que joga e pela pessoa que é, pelo trabalhador que é. E sobre meu tio não tenho nem o que falar, é um cara incrível e batalhador. Tento sempre puxar isso dele, um cara que lutou a vida inteira. Nunca foi fácil a vida de nós Meligenis, tivemos muitas dificuldades no começo, mas estou contente com o que estou fazendo.

Como você está de metas para esse final de ano?

Minha meta neste ano com certeza é o top 100, sei que tenho totais condições de fazer isso. É um objetivo difícil, tenho que fazer mais de 200 pontos para isso, mas não estou querendo nem pensar muito para não perder o foco do trabalho.

Então é um pouco aquela história de que o ranking é reflexo do trabalho?

Exatamente, o trabalho que estou fazendo vai refletir lá na frente. se não for agora, vai ser mais para frente porque estou no caminho certo estou fazendo o que tem que ser feito.

Pensando mais a médio e longo prazo, quais os seus principais objetivos no tênis?

A partir do ano que vem quero jogar a chave principal dos Grand Slam sem ter que jogar o quali, que é um sofrimento, são jogos duríssimos. O primeiro foco mesmo é o top 100 e mais para frente se consolidar por ali, tentar manter um ano inteiro jogando os ATP, isso seria incrível para mim.

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