Medvedev sobre sua personalidade: ‘Ser eu mesmo é a maneira mais fácil de ser’

Nova York (EUA) – Campeão do US Open em 2021, seu único título de Grand Slam, o russo Daniil Medvedev está de volta a Nova York para a disputa de mais uma edição.

Naquele ano, o russo festejou o título de forma inusitada e incompreensível para muitos dos espectadores no Arthur Ashe Stadium: ele imitou a comemoração de gol do videogame Fifa, caindo na quadra, de lado, como um peixe morto, ao derrotar Novak Djokovic na final.

“Só as lendas entenderão – o que eu fiz foi L2+esquerda”, explicou aos torcedores, entre risadas e olhares perplexos. Esse comportamento divertido e autêntico é uma das razões de ser um querido do público.

O russo de 29 anos busca superar um dos períodos mais desafiadores de sua carreira. Medvedev, agora em 13º lugar no ranking mundial, está fora do top 10 do mundo pela segunda vez em seis anos. Apenas uma vitória nos três Grand Slams deste ano ilustra a depressão em que se encontra. Mesmo o retorno às quadras duras norte-americanas – superfícies nas quais ele se destacou ao longo dos anos – não levou a uma melhora nos resultados.

Questionado sobre a solução, ele disse ao site da ATP: “Eu poderia encontrar 10 razões e não saberia qual é a principal. “Seja lá o que for que façamos, apenas tentamos melhorar. Então, me sento com a equipe. Onde podemos melhorar? O que podemos mudar? Discutimos algumas coisas e vou tentar implementá-las.”

Mas apesar de ter ficado de fora do top 10 do mundo, Medvedev continua popular. “Eu apenas tento ser eu mesmo”, disse à BBC Sport em Wimbledon no mês passado. “Se algumas pessoas me acham interessante, fico feliz. Algumas pessoas podem me achar chato, e tudo bem. Não preciso ser engraçado — não é uma obrigação. Ser eu mesmo é a maneira mais fácil de ser, porque se você tentar atuar — ou atuar demais — as pessoas perceberão e você se perderá.”

No início deste ano, ele foi surpreendido pelo ATP Tour, que o presenteou com um livro de comentários positivos de fãs nas mídias sociais como sua personalidade natural, humor e “carisma que ninguém mais consegue superar”.
Medvedev concorda, “Acho que meus amigos me descreveriam como uma pessoa divertida para se conviver e conversar. Eles também podem discutir coisas sérias comigo. Sou uma pessoa completa e acho que pessoas completas têm carisma.”

Isso contrasta com sua personalidade em quadra, que costuma ser impetuosa. No Aberto da Austrália deste ano, ele foi multado em quase US$ 81 mil por conduta antidesportiva após destruir uma câmera de rede com sua raquete. Ele também já foi repreendido por gritar com os oficiais de linha, roubar toalhas dos gandulas e gestos obscenos para os torcedores. O russo atribui isso à pressão de seu trabalho.

“Fora das quadras, é raro haver uma situação em que minha adrenalina vá às alturas. Quando estou em quadra, odeio perder; adoro ganhar. Meu primeiro objetivo é vencer a partida, então isso libera muita adrenalina e toda a energia. Às vezes é uma energia boa. Às vezes é ruim”, explicou ao jornalista Jonathan Jurejko, da BBC Sports. “Quando estou falando com você, não sinto adrenalina no bom sentido — não estamos competindo por algo. É por isso que sou tão diferente na vida e em quadra”, disse, admitindo que muitas vezes se arrependeu desses comportamentos desagradáveis.

Apesar de as chances de outro triunfo em Nova York serem pequenas, quando perguntado, ele não descarta uma outra comemoração inspirada em videogame. “Não jogo quando estou no circuito”, disse o pai de dois filhos. “Mas quando estou em casa — e as crianças estão dormindo —, jogo. Então, nunca se sabe.”