A fase de Bia Haddad Maia anda tão fora do eixo que uma vitória de 6/1 ainda tem direito a drama. A estreia no US Open acabou positiva, o que é um alívio diante das atuações irregulares e da necessidade de defender quatro centenas de pontos no ranking, mas é difícil aumentar o otimismo por uma campanha que recupere sua confiança tão abalada. De qualquer forma, a ordem do dia é vencer. Do jeito que for.
Diante de Sonay Kartal, uma autêntica trocadora de bolas, para quem havia perdido em Indian Wells, a canhota brasileira precisava ser mais ofensiva e isso deu certo em boa parte do set inicial, onde o primeiro saque funcionou e Bia pôde dominar a partir do segundo golpe.
Nem assim os fantasmas desapareceram. Suas bolas ficaram curtas no segundo set, o aproveitamento do primeiro serviço caiu e o segundo saque era completamente empurrado. Os 16 erros não forçados custaram um placar duro, 6/1, e ficou claro que o terceiro set seria uma questão de nervos, com nível técnico duvidoso.
E assim foi. A britânica desabou fisicamente e sem grande esforço Bia abriu 4/0. Aí outra vez sentiu uma fisgada ao buscar uma curtinha e ficou limitada tanto no saque como na movimentação. Os games e os pontos se arrastavam, Bia chegou a sacar por baixo mas por fim a vantagem decisiva da brasileira foi diminuir os ralis e colocar pressão. Ao final, Bia jurou que não sentiu nada na parte física, reconheceu o dia fraco e repetiu o discurso que foi tudo questão mental.
A próxima batalha será contra Viktorija Golubic, de 32 anos e 72ª do ranking, a quem Bia ganhou em Cleveland no ano passado. A suíça é uma das raras que bate o backhand com uma mão e gosta muito de variar o ritmo. Tomara que Bia eleve o nível, porque Elina Svitolina saiu do caminho numa eventual terceira rodada e lá estarão Maria Sakkari ou Anna Bondar. Vale tomar um calmante e acreditar.
Resumão
– Como se esperava, Sinner atropelou na estreia diante do pouco rodado Kopriva e parece totalmente recuperado da virose. Mas agora encara um jogo exigente contra Popyrin.
– Sem aquecimentos na quadra dura, Bublik deu pouca chance a Cilic e está no caminho de Paul. O cabeça 14 jogou bem melhor nesta noite e vai mesmo precisar elevar o padrão.
– Viradas de Musetti e Tsitsipas. A do italiano foi mais imponente diante do sacador Perricard. O grego pode cruzar com De Minaur na terceira rodada e leva incrível placar favorável de 11 a 1 nos confrontos. Será?
– Colocaram Djokovic para jogar às 12h30 locais. A previsão é máxima de 26 graus em dia fechado e umidade de 55%. Fonseca enfrentará Machac em condições parecidas, por volta de 14h (de Brasília).
– Muito bem cotada para um segundo título, Swiatek só permitiu três games à colombiana Arango em 1 hora exata de trabalho. Só perdeu 3 pontos quando acertou o primeiro serviço.
– Ao contratar um especialista em biomecânica, todo mundo ficou de olho no saque de Gauff, que melhorou no movimento mas ainda mostra muita insegurança. Gerou tensão depois que serviu para a vitória sobre Tomljanovic com 5/4 e falhou. Por fim, conseguiu fechar no 6/5 e vai encarar Vekic, outra adversária respeitável.
– Dona de dois títulos no US Open, Osaka enfim voltou a entrar de cabeça de chave e pode ir longe, já que Keys era o maior nome no seu quadrante.
– Siegemund continua muito bem nos Slam e tirou agora Shnaider, que vinha do título em Monterrey no sábado.
– Não há ninguém com menos de 17 anos na chave feminina, então as marcas históricas vão continuar: Kathy Horvath jogou aos 14 anos, Martina Hingis venceu em Slam aos 16 e 4 meses e Tracy Austin foi campeã do US Open aos 16 e 280 dias.