Antalya (Turquia) – Há exatamente uma semana, o eslovaco Martin Klizan surpreendeu a todos e voltou a disputar uma partida no circuito profissional, depois ter se retirado das quadras em julho de 2021. De forma totalmente inesperada, o canhoto de 34 anos pediu convite e entrou no qualificatório de um ITF de US$ 15 mil no saibro de Antalya, na Turquia.
O ex-número 24 do mundo chegou a vencer as três partidas do quali, mas acabou eliminado na primeira rodada da chave principal para o moldavo Illya Snitari, de 21 anos e 762º do ranking, pelo placar de 7/6 (7-3) e 6/2.
Klizan não jogava desde a queda na estreia de Wimbledon em 2021 para o checo Zdenek Kolar, e desde então resolveu abandonar a carreira. No entanto, ele resolveu voltar às quadras e nos últimos meses já vinha mostrando nas redes sociais um pouco do processo de readaptação ao tênis, com treinos intensos na prestigiada IMG Academy, no estado norte-americano da Flórida.
Mesmo depois de tanto tempo longe das competições e retornando com derrota na primeira rodada de um ITF M15, o experiente jogador afirma que segue muito entusiasmado para jogar. “Sinto que nunca estive tão motivado como estou agora. Transformei toda a energia, tanto negativa quanto positiva, em exercício e treino. Tenho novamente aquele fogo interior, quero demonstrar ainda mais coisas do que antes. A única coisa que consta na minha agenda neste momento é muito trabalho, sacrifício, suor, sangue e dor”, disse.
Ciente das dificuldades que enfrentará para galgar lugares no ranking, ele espera usar sua experiência e influência para disputar novos torneios. “O cenário ideal? Conseguir alguns convites, porque infelizmente não vou a lugar nenhum com uma classificação zerada em pontos. Quero ter sucesso nos torneios e ir passo a passo”, revelou.
Mas, afinal, o que realmente levou o eslovaco a retomar a carreira? Segundo ele, um dos motivos é deixar um legado duradouro para o tênis no seu país. “Pensei em voltar neste verão, quando ajudei a treinar alguns juvenis na Eslováquia. As condições em que eles treinam me deixaram mal, além dos treinadores com quem trabalham e como eles percebem o tênis. Essa frustração se transformou progressivamente numa vontade cada vez maior de me esforçar e de mostrar a todos como se faz”, explica.
Como qualquer jogador que pendura as raquetes, Martin Klizan também diz ter sentido falta da rotina da vida de um atleta profissional. “O que mais sinto falta no tênis é a adrenalina. Preciso do stress, de sentir essa pressão constante. Sinto falta das vitórias, das grandes trocas diante das arquibancadas com 10 mil pessoas. No passado vivi mais derrotas do que vitórias, o que só aumentou minha determinação.”
“Agora, há uma coisa que ainda não consegui e pela qual quero lutar: a Medalha de Dedicação à Eslováquia na Copa Davis. Só me resta uma indicação para consegui-la e são poucos os jogadores no mundo que a têm”, revela o jogador que tem 21 vitórias em 31 partidas de simples disputadas pelo time eslovaco na competição entre países. Nas duplas são mais cinco triunfos em seis jogos.
Fora das quadras, Klizan chegou a se aventurar na vida política, pleiteando um cargo como prefeito da cidade Petrzalka, em seu país natal, e também concorreu à presidência da Federação Eslovaca de Tênis. No entanto, ele acabou derrotado em ambas as disputas. “As eleições me ensinaram que se não você não submete ao sistema político, coisa que todos fazem por interesse, não há hipótese de sucesso”, lamentou.