PLACAR

Bia, Wozniacki e Raonic: grandes retornos no Canadá

Em seu primeiro jogo desde a frustrante saída de Wimbledon devido à contratura muscular na região lombar, Beatriz Haddad Maia se mostrou progressivamente à vontade em Montréal. A adversária deveria ser a instável Paula Badosa, mas a espanhola desistiu e entrou Magdalena Frech, 79º do ranking, que não poderia mesmo assustar muito na quadra dura.

Bia demorou para se soltar, como seria natural, o que só veio depois do primeiro set em que precisou sacar bem em momentos importantes, incluindo break-points. Com vantagem no placar, pressionou mais a devolução do saque frágil da polonesa, deu boas curtinhas e assumiu o controle. Foram 16 a 7 nos winners, mas 24 a 15 nos erros, sinal claro de que foi a brasileira que tomou a iniciativa.

Número 12 do mundo, o ranking em si não é preocupação momentânea. Mesmo se não avançar, há riscos mínimos de deixar o top 20. Obviamente, o ideal é se manter na faixa das 16 primeiras e assim garantir importante condição de cabeça de chave no US Open, mas isso só pesará na balança durante Cincinnati.

A próxima rodada é um teste técnico e mental, já que reencontra a dona da casa Leylah Fernandez, a quem venceu na grande campanha do ano passado em Toronto. A canadense vive fase irregular, mas é habilidosa e terá o público todo. Em caso de vitória, a canhota paulistana enfrentará Maria Sakkari ou Danielle Collins e, de longe, é muito mais negócio enfrentar a grega. A finalista de Washington no domingo perdeu todos os três duelos com Bia. Tenista perigosíssima na quadra dura, Collins precisou jogar o quali e passou com grande autoridade por Elina Svitolina na segunda-feira.

Carol, 43 meses depois
E não é que Caroline Wozniacki voltou ao circuito com bom tênis e vitória firme? Sem competir desde o Australian Open de 2020, quando uma artrite reumatóide pareceu insolúvel e veio a vontade de ser mãe, a dinamarquesa marcou duplo 6/2 sobre a número 115 do ranking, um resultado muito expressivo.

Agora mãe de dois filhos, Carol esbanja vasta experiência de títulos e de número 1 do ranking. Aliás, foi campeã no Canadá em 2010. Claro que encarar a campeã de Wimbledon Marketa Vondrousova na segunda rodada é tarefa muito mais difícil. Para piorar, ainda estão no setor de Coco Gauff. O retorno de Wozniacki é sério e ela já tem convite garantido para o US Open.

Sensacional Raonic
Não menos impressionante é a tentativa de volta de Milos Raonic. Após dois anos de múltiplas lesões, a pior delas no tendão de Aquiles, o ex-número 3 do mundo já venceu dois jogos na temporada de grama, um deles em Wimbledon, e enfim voltou a jogar diante de seu público. Mostrou-se muito emocionado por ter novamente a família no camarote e recompensou isso com inesperada vitória de virada sobre Frances Tiafoe, sua primeira sobre um top 10 desde 2020.

Com 37 aces, esteve apenas dois atrás de seu recorde pessoal para uma partida e ainda encarou um lance polêmico no set-point do longo primeiro tiebreak, quando Tiafoe ganhou o ponto e depois tocou na rede, porém a parte da rede que não vale para simples. O próprio árbitro se confundiu e o supervisor precisou vir explicar a regra, o que não satisfez Raonic. Ele manteve a cabeça no lugar e agora tem chance contra Taro Daniel.

E mais
– Gael Monfils foi outra sensação em Toronto, ao tirar Christopher Eubanks em jogo de grande empenho físico e muitos lances bonitos. Vai enfrentar Stefanos Tsitsipas, mas curiosamente declarou-se indeciso sobre a continuidade da carreira. A paternidade e o atual 276º posto do ranking o têm feito pensar na aposentadoria.
– Como se esperava, vai ter duelo todo italiano entre Jannik Sinner e Matteo Berrettini. Quem avançar, pode enfrentar Andy Murray, que passou sufoco no primeiro set contra Lorenzo Sonego – salvou dois set-points com o saque – e depois atropelou. Ele aguarda Aliassime ou Purcell.
– Alexander Zverev tirou Tallon Griekspoor, finalista de Washington, e faz jogo muito interessante contra Alejandro Davidovich.
– Quem estagnou foi Cameron Norrie. O canhoto britânico não ganha três jogos seguidos desde as quartas de Indian Wells e já parou em Alex de Minaur.
– Mais tarde volto com outros destaques da terça-feira.

US Open inova outra vez
Introdutor do tiebreak, das rodadas noturnas e da premiação igual, o US Open anunciou que vai distribuir US$ 65 mi, porém US$ 5 mi serão reservados para subsídios aos jogadores. Haverá ajuda para ir a Nova York de US$ 1 mil, oferta de um segundo quarto para abrigar outros membros do time de cada tenista e foram aumentadas as verbas para alimentação e encordoamento de raquetes.

E a premiação efetiva ainda será muito atraente. Os campeões de simples embolsam US$ 3 milhões, 15% a mais do que no ano passado mas distante do recorde de US$ 3,9 mi de 2019. Quem cair na primeira rodada, leva US$ 81,5 mil. Neste ano, Wimbledon distribuiu o equivalente a US$ 57,5 mi, acima dos US$ 54 mi de Paris e dos US$ 53 mi da Austrália.

Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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