Muito mais do que as vitórias em si nesse formato pouco usual do Next Gen Finals, o que joga todos os holofotes do tênis em cima de João Fonseca é a qualidade de seu jogo. Estão em Jeddah os melhores nomes com até 20 anos completos da atualidade, entre eles quatro top 50, e o carioca sobrou até aqui em termos técnicos. Ninguém faz mais coisas com a bola, e mais vezes, do que ele.
O primeiro saque já costumeiramente anda acima dos 200 km/h e mostra variação de efeitos e direções tão característica dos grandes sacadores. A aceleração do forehand é um assombro. Porém, muito mais que força, se destaca a profundidade dos golpes. Nem mesmo adversários experientes aguentaram tamanha pressão e perdem precisão quando são obrigados a rebater fora de posição. Se não concluir com winners ou erro forçado, João usa seu ótimo trabalho de pernas para encurtar o tempo e buscar voleio matador. Não há buracos claros no seu jogo.
Todo esse volume, que começa com devoluções forçadas a poucos passos da linha de base, ainda se mostra sob controle. É claro que existem escolhas mal feitas ou precipitadas, mas a estatística é muito baixa para quem ainda tem tão pouca estrada. João na maior parte do tempo está sereno, mínimas reclamações por chances perdidas e discreta comemoração até mesmo em lances de grande exigência. E já foram muitos neste Next Gen. Não vemos um tenista deslumbrado, antes, durante ou depois. E isso é notável.
Com suas vitórias desta semana diante dos bem cotados Arthur Fils, 20º do mundo, e Jakub Mensik, 48º, Fonseca fecha a temporada com três vitórias em seis jogos diante de top 50. A primeira foi também sobre Fils, então 36º, no Rio Open. As derrotas vieram para Alejandro Tabilo (41), Cameron Norrie (30) e Matteo Berrettini (43), com uma única atuação menos brilhante, que foi contra o canhoto britânico no saibro rápido de Madri.
O estilo agressivo e o comportamento em quadra tornam inevitável a comparação com o número 1 Jannik Sinner, mas ouso dizer que João tem hoje muito mais recursos técnicos do que o italiano na mesma idade, quando ele maravilhava muito mais pela pegada forte da base, sem mostrar versatilidade e saque tão contundente.
Sinner também completou 18 anos em agosto, lá em 2019, e no final daquela temporada conquistou o Next Gen, portanto um caminho muito semelhante ao que Fonseca pode realizar. Ele era então o 95º do ranking e na final derrotou o já top 20 Alex de Minaur. O italiano tinha três finais e dois títulos de nível challenger ao longo dessa temporada de ascensão. Fonseca em 2024 somou duas finais de challenger com uma conquista.
Outro olhar natural é em relação a Carlos Alcaraz, que completou seus 18 anos em maio de 2021, então 120º do ranking. O espanhol já tinha vencido quatro eventos de nível challenger naquela altura e contava com uma vitória sobre um dos 20 mais bem classificados. Vale observar que Carlitos saltou à frente de Sinner, já que dois meses depois ganhou seu primeiro ATP e, em setembro, faria quartas no US Open.
Claro que ao mesmo tempo é preciso cuidado quando se pensa em equiparar tais façanhas diante de fenômenos como Rafael Nadal. O espanhol, que completou 18 anos em junho de 2004, já tinha seis vitórias sobre top 20, incluindo o líder Roger Federer e o quarto colocado Carlos Moyá, e em agosto ganhou seu primeiro ATP. Antes de completar 19, já tinha dois títulos de Masters.
O ideal mesmo é se evitar comparações. Não há a menor necessidade, porque o importante mesmo é a forma com que João encara suas partidas, encontra soluções para os problemas em quadra e cresce rapidamente tanto na parte física como técnica, mantendo pés no chão e cabeça no lugar.
O circuito todo já sabe: Fonseca é um espetáculo.
João Fonseca terminará como TOP 6
em 2025!!
Habemus um brasileiro top.
Irretocável o Post . Não existe realmente necessidade de comparações, principalmente porque Rafa Nadal é um ponto fora da curva a nível de precocidade. Mas João Fonseca como Sub-20 , apresenta um Tênis Espetacular a nível de SInner e Alcaraz ainda juniores . Até porque o segundo vi de perto aqui no Rio Open 2021. Chamo somente atenção pois Tien foi o finalista do USOPEN 2023 juvenil, que mostrou Fonseca pro mundo. Não é galinha morta de jeito algum …rs. Abs !
Achei engraçado falarem que não tem necessidade nenhuma de comparações, enquanto comparam. Tá bom, eu entendo que dá uma vontade grande de comparar, afinal o tênis é um esporte individual, onde o objetivo é ser melhor do que os outros. Também tô empolgado com o tênis que ele está apresentando. Quero simplesmente ver esse foco e essa garra em quadra. E o demais virá por acréscimo. Grande jogador!
Não interessa o ranking, João é show a parte!
Parece uma máquina jogando tênis, nenm pisca os olhos.rsrsts
Pra mim, o mais fascinante dele é o uso da inteligência de forma dinâmica na construção de jogadas.
As “ferramentas” (saque, golpes, movimentação, etc) muitos podem desenvolver com treino e afinco; mas a visão de jogo e especialmente a visão de uma forma dinâmica, se adaptando constantemente ao que o adversário está fazendo: essa é a parte que, penso, é pra poucos.
Dentro em breve, vão ser inevitáveis os paralelos com a Bia: ambos com muito talento e com suas merecidas conquistas, mas só 1 com… (insira sua lista com infindáveis pontos a favor de Fonseca)
Você citou bem, ele não se irrita com pontos perdidos. A chatice do Wild é essa, ele se irrita logo no começo do jogo. É chato assistir jogo dele
Difícil não pensar que estamos diante de um grande nome.
Fonseca é o cara pra 2025.
Sempre que penso no jogo e no talento do João, me vem à mente o quanto nós, brasileiros e amantes do tênis, temos a imensa sorte de termos um garoto brasileiro como ele para torcer.
Até hoje não vi, aqui no Brasil, nada nem remotamente parecido ao tênis dele, em tão pouca idade.
Arrisco dizer que vejo nele um potencial para superar os feitos do herói Guga. Se isso vai acontecer, teremos que aguardar e nada está garantido, mas quando o Dalcim afirma que o Joãozinho é espetacular, é melhor acreditar e se preparar para fortes emoções no futuro.
Dalcim, quem foi o jogador mais novo que o João a jogar no NextGen? Teria sido o Alcaraz ou o Sinner?
Sinner é apenas cinco dias mais jovem, portanto 18 anos e 4 meses. O Alcaraz tinha 18 anos e 6 meses.
Obrigado, Dalcim! Muito importante, por esclarecedoras, ler as suas análises.
O torneio é sub20 esse ano, Dalcim. Mudaram as regras.
Palavra certa ‘espetáculo”. Garoto vai ser um espetáculo de se ver. A0 poderá ser o começo.
Fantástica matéria, muito elucidativa! Temos alguns exemplos aqui mesmo (Marcelo Saliola, Thiago Fernandes e Wild, esses dois últimos campeões juvenis de Grand Slam) que deixaram grandes esperanças mas ficaram pelo caminho, razão pelas quais devemos ter muita cautela nos comentários,
Também acho. Mas cautela é o que o Marco Aurelio parece não se importar com isso. Já o está projetando como sexto do ranking em 2025.
Ao assistir aos jogos do Fonseca, sinto exatamente as mesmas emoções que sentia ao assistir aos jogos do Guga!
Que talento!
O que o Fonseca está jogando, é o maior presente de Natal para os tenistas brasileiros.
Acabei de me perguntar em q mes de 2025 João alcançará o top 100. E o top 50….
Outra coisa, se os NEXTGENs do Sinner, e do João Fonseca, tivessem sido realizados nos mesmos DIas e Mês, em seus respectivos anos (2019 e 2024), por apenas 5 (cinco) dias de diferença, nosso João Fonseca seria o Mais Jovem campeão do NextGens!!!
Claro, considerando que nosso João Fonseca baterá o Tien, amanhã, dia 22 de dezembro.
Afinal, Sinner nasceu em um 16 de agosto, e Fonseca nasceu em um 21 de agosto…..
Dalcim, imaginando e torcendo para que João Fonseca realmente estoure em termos de ranking em 2025 e já tendo a Bia como jogadora de elite, você tem alguma opinião sobre o que fazer para aproveitar melhor esse momento e aumentar ainda mais a qualidade do tênis no Brasil? Considerando inclusive os erros e acertos da época que tivemos Guga. Abraços e parabéns pelo blog!
Quadras e ensino públicos e gratuitos são o caminho, Reinaldo, para ampliar o acesso. No campo da competição, precisamos de ‘olheiros’ que percorram o país e detectem talentos. O tênis brasileiro sempre foi reativo, esperando a promessa aparecer por trabalhos individuais, e nunca proativo. Isso faz enorme diferença.
Ótima pergunta e resposta perfeita do Dalcim. Já sabemos o que fazer. O problema é sempre o mesmo: fazer,
Sinner, Alcaraz e Fonseca. Temos um novo Big 3!
O que mais impressiona em João é a serenidade em pontos decisivos, onde , naturalmente, o nível de tensão é maior. Ele está mais tático nesse segundo semestre , buscando soluções de acordo com o adversário que se enfrenta. Espero que mantenha o foco porque tem tudo para ser um dos grandes no circuito e isto em pouco tempo.
… E dizem que a família dele nem estava fazendo questão que ele se classificasse.
Acho que vou pedir pros familiares fazerem uma singela e generosa doação humanitária do prêmio pro “Lar das Crianças da Minha Casa”.
Fico muito empolgado com as atuações do Fonseca, mas vamos deixar para comemorar amanhã, pois ainda tem uma final pela frente.
Acredito muito na vitória do João, se estiver com a cabeça no lugar, deve ganhar novamente do Tien, pois tem recursos superiores aos do americano, mas por outro lado, se estiver afoito, o seu oponente sabe explorar muito bem os erros não forçados, pois apesar de não ter golpes extraordinários, é extremamente sólido da base.
Vamos, Fonseca!
Parabens, Dalcim por com sua experiencia e ao ler este blog, me tranquilizar para o jogo de amanhã, pois o nosso menino, terá o coração de todos os brasileiros amantes do tenis com ele em quadra e talento para ser um verdadeiro campeão já provou em quadra e como no jogo de ontem que foi dificil e o tornou mentalmente forte para o de hoje, amanhã esteja mais forte ainda, pois será uma pedreira, o Tien vem com sangue nos olhos e o João já o conhece.
Tudo deve acontecer a seu tempo, mas realmente o João nos enche de esperança para os próximos anos. Dá a impressão de termos finamente um tenista com potencial para coisas grandes no circuito.
Acho ele promissor mas em comparacao com Sinner de 18 anos fica atras. Sinner ja tinha uma agressividade mais contundente e regular do que o Fonseca. Com relacao ao Alcaraz nao ha comparacao, espanhol muito acima. Acho que houve uma certa empolgacao nos comentarios, mas o Fonseca parece ter um futuro brilhante no circuito. Com certeza o mais talentoso pos Guga.
Que bom poder sonhar mais uma vez. Realmente parece que ele faz tudo bem, fora o mental muito equilibrado e parecer uma boa pessoa, ele tem saque, voleio, direita impressionante e funda, esquerda angulada, movimentação, etc, etc.. é uma esperança muito bem vinda no país que não ganha mais nem no futebol. Claro, Dalcim é ótimo em falar que não queremos colocar pressão nos ombros dele, especialmente se lembrarmos que tem somente 18 anos. Fica a minha torcida honesta, tentando não colocar expectativas sobre esse menino que já nos da muito orgulho.
eu só acho que ele me parece um pouquinho acima do peso em relação aos demais, não sei, apenas me parece……
Espetacular, mesmo, o tênis desse garoto!
Vamos, Fonseca!
Espero que João Fonseca seja o “Djokovic” do novo Big 3. Aquele que chegou um pouco depois do big 2 (Sinner e Alcarez), mas, ao fim, os superou em termos de conquistas.
O que mais me impressiona é um ponto que o Dalcim também destacou. João impõe uma pressão absurda, o ponto começa e ele já vai pro abafa e é um abafa meticuloso, ele sabe exatamente o que está fazendo e o adversário sabe disso. Vi um comentario de que o Van Assche parecia cansado ou desanimado, mas é impossível vc não desanimar quando vc a todo momento está 0-40 precisando fazer 3 aces, pq se não sacar ace não vai aguentar a porradaria. É impossível você não desanimar quando você está sendo massacrado e então vc encontra uma forma de subir o nível e igualar os pontos e isso dura 5 pontos porque o adversário sobe ainda mais e volta a te massacrar. O jogo de hoje me lembrou muito o estilo de jogo do Federer quando ele venceu quase 100 partidas no ano, na devolução já começava o abafa e obrigava o adversário a ir pro ace o tempo todo.