Quem acompanhou a Laver Cup na expectativa de ver espetáculo do número 1 do mundo, acabou por assistir a duas das mais competentes exibições do dono da casa Taylor Fritz. Ele conseguiu as grandes vitórias da mega exibição e, com justiça, ainda marcou o ponto decisivo que deu o título à equipe Mundo da outra grande estrela do fim de semana, o capitão Andre Agassi.
Por essas ironias do destino, a superfície irritantemente lenta de San Francisco não foi barreira para que Fritz jogasse um tênis primoroso contra Carlos Alcaraz e Alexander Zverev, os dois nomes de maior peso do time Europa. Atrás do bom saque, Fritz foi agressivo na segunda bola e, acima de tudo, adotou a postura que tanto se cobra dele, a de fazer corajosas transições para a rede, onde se virou muito bem.
Claro que a Laver é acima de tudo uma festa do tênis e nem deveria ser considerada para as estatísticas da ATP por não obedecer o padrão das partidas oficiais. No entanto, a maioria dos convocados leva a coisa a sério e não faz corpo mole, um pouco pelo espírito de equipe, um outro tanto pelo prêmio, porém, acima de tudo, pela obrigação de mostrar serviço ao público e a dezenas de convidados de honra, incluindo o chefão Roger Federer.
Por isso, a vitória de Fritz sobre Alcaraz foi de alto gabarito. Ele dominou o atual líder do tênis masculino também em muitas trocas mais longas de bola e saiu do aperto sempre com apuro tático e execuções perfeitas. Contra Zverev, foi muito sólido quase o tempo inteiro. Falhou no finalzinho, deixando escapar uma quebra de vantagem, e manteve a cabeça focada para concluir um tenso tiebreak. O match-point, afinal, foi um voleio perfeito.
O clima da competição é divertido. Quem fica no banco, torce com energia, sofre e dá orientações. Agassi dividiu a chefia técnica com Patrick Rafter e brilhou o tempo todo, inteiramente comprometido com sua missão. Festejou, gritou, gesticulou, lamentou. Foi muito compensador revê-lo em ação, já que ele se mantém mais perto do pickleball do que do tênis.
João Fonseca teve sua honrosa participação, marcando um ponto importante para o Mundo logo no primeiro dia, ao marcar a oitava vitória da carreira sobre um adversário de nível top 30, um errático Flavio Cobolli, atual 25º do ranking. Deixou todo mundo maravilhado com o peso de seus golpes de base e é muito provável que tenha aproveitado muito bem esses dias ao lado de tanta gente experiente e gabaritada para enriquecer seu jogo e sua cabeça. Só o fato de encontrar e trocar ideias com Federer já foi um momento e tanto.
Idealizador do torneio e agora apenas um executivo à margem do evento, que ganha pouco a pouco vida própria, o suíço fala em levar a Laver Cup a novos palcos e sinaliza a América do Sul, obviamente sabedor da força popular que Fonseca ganhou nos últimos meses. Ficaremos na torcida.
Itália continua a brilhar
Em outra competição coletiva do fim de semana, a Itália continua seu momento especial e faturou o segundo troféu consecutivo e o sexto no geral da Billie Jean King Cup, ao derrotar na final o forte time americano e em cima de quadra sintética. Jasmine Paolini jogou muito, em simples e duplas, e Elisabetta Cocciaretto foi uma grata surpresa.
Disputada no mesmo formato que a nova Copa Davis, a competição por equipes feminina reuniu oito finalistas em Shenzhen e aí foi uma chave de eliminação simples em três rodadas. Inegável: faltou um pouco de competitividade, já que apenas dois dos sete confrontos chegaram até a partida decisiva de duplas.