Matheus Dalcim
Da redação
O grande momento do tênis italiano já deixou de ser novidade. Nas últimas temporadas, o país da bota tem colhido resultados excepcionais, fruto de um trabalho de base sólido e de longo prazo feito pela federação nacional. Muito além dos títulos individuais de Jannik Sinner, a Itália vive um período de abundância no circuito, com nomes consistentes tanto no masculino quanto no feminino.
A prova mais recente desse sucesso está nas competições por equipes. Com títulos consecutivos na Copa Davis e na Billie Jean King Cup, a Itália se torna apenas a terceira nação na história a vencer os dois torneios por duas ou mais temporadas seguidas, feito que até então só havia sido alcançado por Estados Unidos e Austrália.
Ao longo de décadas, os norte-americanos ergueram os dois troféus nos anos de 1963, 1969, 1978, 1979, 1981, 1982 e 1990. Já os australianos repetiram a dobradinha em 1964, 1965 e 1973.
Representatividade no topo
Hoje, a Itália conta com nove jogadores no top 100 da ATP, número superado apenas por Estados Unidos (15) e França (14). Entre eles, cinco estão no top 50, quatro no top 30 e dois figuram no top 10 — um retrato claro da profundidade atual do elenco masculino. Nas duplas, Simone Bolelli e Andrea Vavassori são figuras frequentes no top 10 e fecharam o ano como sétima melhor parceria.
Isso sem mencionar Matteo Berrettini, ex-número 6 do mundo, que ocupa atualmente apenas o 63º lugar após enfrentar uma série de lesões. Ainda assim, foi decisivo no título da Davis desta semana, alcançando sua 11ª vitória consecutiva na competição. O italiano não perde um jogo de simples no torneio desde 2019.
No feminino, a realidade é diferente em termos de quantidade, mas não de impacto. A WTA conta hoje com apenas duas italianas entre as 100 melhores: Jasmine Paolini, atual número 8 do mundo, e Elisabetta Cocciaretto, 84ª colocada. Porém, Paolini e sua parceira Sara Errani figuram entre as cinco melhores duplistas do circuito, o que conta e muito numa competição entre países. Não por acaso, elas são as atuais campeãs olímpicas.
Ascensão recente
Até o início do século 21, a Itália jamais havia conquistado a Billie Jean King Cup ou sequer chegado a uma final. De lá para cá, o salto foi impressionante: são seis títulos (2006, 2009, 2010, 2013, 2024 e 2025) e outros dois vice-campeonatos (2007 e 2023), números que já colocam o país como o quarto maior vencedor da história do torneio.
Na Copa Davis, o panorama é semelhante. Três dos quatro títulos italianos foram conquistados justamente neste período recente — o único anterior datava de 1976. Diferentemente das mulheres, os homens chegaram à final diversas vezes, mas acabaram esbarrando no vice em seis oportunidades (1960, 1961, 1977, 1979, 1980 e 1998).
A soma desses resultados evidencia um momento histórico para o tênis italiano. Com elencos robustos, estrelas consolidadas e um sistema que segue produzindo talentos, o país entrou de vez no grupo das potências globais. Quem poderá fazer frente para a Squadra Azzurra?









