Ao alcançar as oitavas de final do torneio juvenil do Australian Open, Victória Barros já tem o melhor resultado de uma brasileira na competição. A potiguar de apenas 15 anos é a primeira jogadora do país a passar por duas rodadas em Melbourne, tendo superado a israelense Mika Buchnik na estreia por 6/3 e 6/4 e a sérvia Petra Konjikusic nesta segunda-feira por 4/6, 6/3 e 6/4.
Brasileira mais bem colocada no ranking mundial juvenil, ocupando atualmente o 42º lugar, Victória está disputando seu terceiro Grand Slam. Ano passado, ela parou no quali de Wimbledon e também jogou a chave de duplas na grama londrina. Já no US Open, entrou nas duas chaves principais e chegou às quartas nas duplas. A primeira vitória em simples veio na atual temporada, em Melbourne.
Com a eliminação ainda na estreia da britânica Mika Stojsavljevic, campeã do US Open e segunda cabeça de chave, Victória enfrentará nas oitavas a japonesa de 18 anos e vinda do quali Shiho Tsujioka, 81ª do ranking. Já as adversárias mais fortes do quadrante são a norte-americana Kristina Penickova e a tcheca Alena Kovackova, cabeças 6 e 12 do torneio.
Evolução no jogo da brasilera
— tennisclips (@onlytennisclips) January 20, 2025
Além dos bons resultados, é a oportunidade de acompanhar a evolução no jogo de Victória, ainda mais porque são poucos os torneios dela com transmissão. Se for comparar com Wimbledon e US Open juvenil, por exemplo, já possível ver que ela está bem mais estruturada pra controlar as trocas de fundo.
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No passado, quando a víamos jogar os torneios aqui no Brasil ou o Mundial de 14 anos, já era possível notar sua muita habilidade e capacidade de variações (o que chamou atenção até do técnico Patrick Mouratoglou e de Ivan Ljubicic, por exemplo). Ela mantém essas características, mas sabendo como usar e combinando com jogo mais sólido. Nesta segunda rodada, também mostrou poder de reação depois de começar atrás no placar.
Victória, assim como a paulista de 14 anos Nauhany Silva, que também jogou na Austrália, despertam grandes expectativas do público, na esperança de ver novas jogadoras repetindo os passos de Bia Haddad ou até mesmo superando os feitos da atual número 1 nacional. Com tão pouca idade, Naná e Victória vão mesclar calendários de juvenil e profissional ao longo da temporada e é preciso ter paciência e respeitar os processos e o desenvolvimento de cada uma.
História das juvenis brasileiras na Austráia
Na Austrália, o tênis brasileiro comemorou seu primeiro título de um Grand Slam juvenil, com o alagoano Tiago Fernandes em 2010. E recentemente, em 2023, o carioca João Fonseca disputou a final de duplas, ao lado do belga Alexander Blockx. Mas entre as meninas, o Brasil teve poucas representantes no torneio. Com Victória e Naná neste ano, o Brasil alcançou 11 reresentantes na história.
A primeira brasileira a disputar o tonrneio juvneil do Australian Open foi Roberta Caldas, no ano de 1985. Na ocasião, ela venceu a estreia contra a anfitriã Xanthe Adams e parou na segunda rodada, diante de Wendy Frazer. Caldas ainda disputaria o torneio juvenil de Roland Garros em 1985 e 1987, mas não chegou a ter ranking profissional.
Depois disso, o tênis feminino brasileiro só teria uma representante na chave juvenil do Australian Open em 2009, com Fernanda Faria. Naquele ano, ela conseguiu furar o quali de simples com duas rodadas, mas perdeu logo na sequência para a tailandesa Noppawan Lertcheewakarn na estreia da chave principal. Faria, hoje com 33 anos, chegou ganhar quatro títulos profissionais de duplas no circuito da ITF e ocupou o 329º lugar do ranking, mas deixou o circuito ainda em 2011.
Na década passada, Beatriz Haddad Maia, Letícia Vidal e Luísa Stefani também disputaram o torneio juvenil na Austrália. Bia esteve nas edições de 2012 e 2013. Em seu primeiro ano, caiu ainda na estreia de simples e na segunda rodada de duplas. Na temporada seguinte, venceu um jogo em cada chave. Letícia Vidal foi eliminada ainda na primeira fase em 2014, enquanto Stefani fez segunda rodada de simples e duplas em 2015.
Recentemente, o Brasil voltou a ser representado na chave por Ana Candiotto em 2022. A paulista acabou se despedindo ainda na primeira rodada, assim como Carolina Laydner em 2023, Carolina Bohrer e Olívia Carneiro em 2024 e Nauhany Silva na edição deste ano em Melbourne.
Tinha que ser a Vic a quebrar esse tabu! Não vi o jogo mas pensei que ela ganharia em 2 sets, assim como na estreia. Ainda a considero favorita na próxima rodada, contra uma qualifier. A ver e torcer por ela!
Obrigado pelas informações!
Elas valorizam ainda mais o feito da Vic!
Ela já é mais alta que muitas profissionais! Kk…
VQV Victoria!
Qual é a altura da Victória?
A gente não tem nenhum dado oficial dela na WTA/ITF, até porque é tudo muito recente. E nessa idadade, a alutra muda muito rápido. Mas uma referência boa são fotos recentes dela com a Coco Gauff (1,75m) e com a Badosa (1,80m) mais ou menos da mesma altura.
Ontem, observei que ela tinha a mesma altura da sua adversária, 3 anos mais velha, no momento da foto na rede, ao iniciar o jogo;
Obrigado, acho que ela deve ter pelo menos 1,75 m. E deve crescer mais um pouco até chegar aos 18 anos.
Eu ainda não tinha assistido jogo da Victoria. Eu esperava uma “pegada” mais forte tipo Nauhany. Então achei ainda meio “verde” na parada. Isolando algumas bolas. A Sérvia errou muito. Ficou uma impressão pra mim de “ou tava muito nervosa e jogou mal” ou não é tanto assim o prodígio. Tô baseando por esse jogo ok? pelo que vi. Na minha opinião gostei do saque dela mas diante da australiana top 1 e algumas top.10 poderá levar água fria. Jogo bom.mesmo será nas quartas de final. Acredito que a japonesa das oitavas número 80.no ranking dá pra ganhar. Não apostaria Victoria ainda vencendo top 10 (as favoritas,) Quem sabe?. Bora lá.
Veja o 1o jogo dela. Jogou bem melhor.
Não mesmo, a outra adversária não tinha golpe forte e era baloeira
É preciso sempre levar em consideração a idade. Victoria mês passado ainda estava com 14 anos. Ela está em desenvolvimento. Técnica é muito mais difícil de desenvolver do que força. E pra idade ela tem técnica acima da média. Os fatos falam por si, 40 anos de Australian Open sub18 e a primeira vez que uma brasileira fica entre as 16 melhores da competição, dentre 88 atletas do mundo todo. Fazer isso aos 15 anos é mais raro ainda.
Sua visão esta correta. Ela não tem potência em seus golpes como a Nana, em contrapartida, a Victoria tem uma leitura de jogo interessante que se adapta sempre que preciso, essa maturidade (visão de jogo) já leva ela para outro patamar. Primeiro saque na faixa de 170km e o segundo 110km, ela juntamente com a Nana irão nos dar muitas alegrias. Assisti o jogo da Nana e achei postura dela em quadra um tanto quanto desenaminada, não sei se ela sempre age assim ou foi por nervosismo.
Infelizmente no gs juvenil feminino não tivemos grande conquistas. Diferente do masculino
A Bia jogou duas finais de duplas em Roland Garros como juvenil em 2012/13. Em uma delas, enfrentou Krejcikova e Siniakova que jogavam juntas desde aquela época!
Obrigado Mário Sérgio
Acabei de fazer um comentário no post errado. Se puder apagar ficarei contente Mário Sérgio Cruz. E parabéns por suas matérias. São super bem esclarecedoras e ponderadas.
Obrigado, Ronildo. Já solicitamos para que aquele comentário seja redirecionado para uma matéria correspondente a ele.
Obrigado!
Victoria Barros tem o perfil que pode levar o tênis brasileiro para outro patamar.
A popularização do tênis no Brasil passa pela identidade, o brasileiro comum, precisa se reconhecer no ídolo, saber que é possível chegar entre os melhores, mesmo tendo um ponto de partida humilde.
João Fonseca não será esse reflexo, poderá ser admirado, invejado, mas não como alguém igual, o jovem não é um igual.
Já tivemos um número um do mundo, ganhador de slam e mesmo assim não foi possível essa popularização (fazer de pessoas que vivem em camadas mais vulneraveis da sociedade, procurem o tênis como um transformador social).
O esporte, no Brasil, sempre será um transformador social.
Sei do incômodo da opinião, passa pelo racismo, contornando o elitismo e causa um certo incômodo nos Country Club brasileiros, mas é preciso mudar.
Quem sabe não teremos uma Victoria num assunto tão difícil.
Visão totalmente distorcida!!
Olá, deseja desenvolver o raciocínio ?
A frase (a sua) resume o que vc pensa ou terá desdobramentos?
Aguardemos…
Verdade….tem muitos talentos não revelados por falta de oportunidade!!! E quanto ao João Fonseca que bom ter um nome bem comum…bem brasileiro…
Concordo plenamente.
Eu penso que a questão não é racismo…e socioeconômico….pobre não consegue praticar tênis…sendo branco ou negro…muito caro no Brasil…. tênis, raquete, encoordamento, treino, ser sócio de clube…etc
É isso mesmo!
Essa visão de “conflito de classes” é cansativa. O trabalhador não se importa com isso; quem fica focando nessa divisão são só as elites.
Lembra quando o presidente disse a um garoto para deixar o tênis de lado e jogar futebol? Seria legal vê-lo promovendo o esporte com a raquete, já que ele tem bastante carisma. Mas, quando o assunto é esporte, a única coisa que ele fala é sobre o “Curintia”.
Sim, Fernando, lembro bem, eu vi, ele estava ao lado do Sérgio Cabral quando falou aquilo para um menino do Rio de Janeiro que queria jogar tênis e mostrou que, pelas suas palavras, o tênis nunca terá o seu incentivo, muito pelo contrário.
Para mim o maior problema do tênis nacional é a falta de quadras públicas. Na cidade do Guga, nosso tri-campeão de Roland Garros, por exemplo, não existe nenhuma.
Será? Em nossa lista exclusiva, com ajuda dos leitores, constam 12 quadras em Floripa: https://tenisbrasil.uol.com.br/quadras-publicas
O Brasil tem 5571 municípios.
Temos 137 municípios com quadra de tênis públicas (fonte: Tênis Brasil).
Quadras de tênis no Brasil atingem 2,5% de todos os municípios (muito poucas).
Se pensar que todo município do país tem uma escola, e toda escola tem uma quadra poliesportiva (apenas para exemplificar uma cidade como São Paulo tem mais de 5 mil escolas com quadras poliesportivas), caso o tênis estevesse inserido no currículo escolar, teríamos milhares de quadras públicas para sem usadas no fim de semana (estamos falando de um universo de mais de 70 mil quadras de tênis pelo país).
Com custo baixíssima (o professor de educação física é um funcionário público, as escolas são públicas)
Teríamos a massificação do esporte de forma brutal, transformando um esporte de elite em um transformador social.
Concordo com quase tudo, mas professor de Educação Física precisará se especializar no ensino do tênis, cujos requisitos são muito específicos. O ensino mal feito é altamente prejudicial.
O professor de educação física é para introduzir o jogo (de preferência ludicamente) como qualquer outro esporte, sem a busca da excelência (que acontecerá naturalmente com uma equipe especializada, onde alguém com vivência no esporte, conseguirá buscar aqueles com aptidão).
Com todo respeito Cláudio mas não tem essa de experiência lúdica, e igual ao judô para dar aula para criança tem que ser faixa preta.no tenis o professor tem que ser no mínimo um terceira classe
Faço uma analogia com o tênis de mesa (o ping pong).
Quando criança, vc quer acertar a bola para o outro lado.
Qualquer idade, é uma diversão.
Com o tempo vc aprende a jogar de forma amadora, continua muito divertido, vc vence seu pai, seu tio é muito agregador o jogo.
Quando vc cresce e acredita ter condição de disputar campeonatos e ser competitivo, o jogo muda, a forma de jogar muda (quase outro esporte).
Seu companheiro de treino deixa de ser alguém de seu círculo familiar, vc precisa de alguém melhor ou igual a vc, para aprender os “truques” do jogo.
Quando vc “chega” no estágio final (da formação de um jogador com qualidades), alguém (olheiros) , ligado a alguma confederação, vai te buscar, o “faixa preta” do tênis de mesa vai fazer de vc um jogador profissional (o joio do trigo).
O lúdico é que faz o amor pelo esporte, qualquer um.
(Mesmo adulto, certa vez vendo um jogo do Federer, depois de um back “matador”, na minha sala, sozinho, eu reproduzi o movimento da esquerda com uma mão, quer algo mais lúdico do que isso?)
Abs
Não concordo com você, se você quer jogar Ping pong nunca mais será um jogador de tênis de mesa . Para ser um jogador de tênis de mesa tem que procurar um centro técnico que tenha profissionais capacitados capacitados e não uma brincadeira .um garoto de tênis de mesa jogou contra Roger Federer, tênis de mesa e ganhou ,o Ping pong dele não deu….
Foi apenas uma analogia entre o tênis de mesa com o tênis de quadra.
O exemplo é apenas para a formação do praticante.
Abs Ando.
O grande problema é popularizar o esporte é ter professores capacitados de tirar o joio do trigo
Grande resultado, no caminho certo, Parabéns Mário Sérgio por suas brilhantes matérias, principalmente sobre os juvenis
Sou um grande fã do tênis Juvenil do nosso país, em especial das nossas enormes promessas Victória e Nauhany, e te peço que sempre que possível, estimado Mário Sérgio, nos brinde com suas ótimas matérias sobree o tênis Juvenil e, em especial, sobre a Victória e a Naná! Obrigado.
Eu vi um pouco do jogo e eu achei impressionante a técnica dela, umas curtas insanas, mas achei que ela não tem aquele jogo de bola no fundo que as principais jogadoras de atualmente tem
Duas grandes promessas … Tb fiquei surpreso com o jogo da Naná…um estilo agressivo de jogar…
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