Sacramento (EUA) – Enquanto se prepara para retornar ao circuito, em janeiro do ano que vem, o norte-americano Jenson Brooksby decidiu se abrir sobre a vida de atleta profissional no aspecto autista. Brooksby falou pela primeira vez sobre o diagnóstico que teve na infância e dos desafios que teve, inclusive por ter sido uma pessoa não-verbal nos primeiros anos de vida. O jogador de 24 anos e ex-número 33 do mundo está sem jogar desde o Australian Open de 2023, num período em que passou por lesões, cirurgias e por um longo período de suspensão. Sua volta às quadras está marcada para o challenger de Camberra, na Austrália, na primeira semana de janeiro.
“É o momento de compartilhar algo que eu mantive em silêncio por toda a minha vida. Eu fui diagnosticado com um nível severo do espectro autista quando era criança e era não-verbal até os quatro anos”, escreveu Brooksby nas redes sociais. “Precisava de 40 horas de terapia por semana. Minha mãe nunca desistiu e fez tudo o que podia para me ajudar. Eu não estaria aqui se não fosse por ela e tenho muita sorte de ter pais que nunca desistiram”.
“Decidi que este seria o momento de contar a minha história e espero que possa inspirar mais famílias a não desistirem. Os últimos 23 meses foram muito difíceis para mim. Mas estou cercado de boas pessoas que acreditaram em mim. Sou muito grato por voltar ao tênis profissional na Austrália. Vejo vocês em breve”, acrescentou o tenista em sua publicação.
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Brooksby passou por cirurgias nos dois punhos, realizadas em março e maio de 2023. Meses depois, em outubro, recebeu uma suspensão de 18 meses por um tribunal independente por faltar a três testes antidoping em um período de um ano. O tenista recorreu ao Tribunal Arbitral do Esporte (CAS), apresentando novas informações relacionadas às circunstâncias que deram origem aos testes perdidos, que não estavam disponíveis anteriormente para a Agência de Integridade do Tênis (ITIA) durante a audiência inicial, e reduziu a pena para 13 meses. O período de suspensão terminou em março de 2024, mas ele lesionou o ombro durante a volta aos treinamentos, o que adiou ainda mais o retorno ao circuito profissional.
Várias coisas ruins aconteceram de uma vez
Em entrevista à Associated Press, Brooksby falou sobre os últimos dois anos longe das competições e sobre as motivações para tratar publicamente de seu diagnóstico. “Várias coisas ruins aconteceram de uma vez. Era muita coisa para suportar, mentalmente”, disse o tenista. “Eu só quero que as pessoas me conheçam por quem eu sou completamente, e essa é outra parte de mim. Fiquei muito tempo sem jogar e tive que pensar muito. Demorou um pouco para me acostumar com a ideia. É um tópico pessoal que, mesmo com pessoas com quem você pode se sentir muito confortável, não era algo para simplesmente sair falando. Mas eu sempre pensei sobre isso e, eventualmente, só queria ter a oportunidade de falar”.
Finalista de três torneios da ATP, Brooksby entende que seu caso pode ajudá-lo em “momentos de pressão” na quadra, permitindo que ele “se concentre em dois ou três detalhes específicos por um longo período de tempo”. Mas também mencionou “algo que torna (o tênis) um pouco mais difícil”: Ele terá explosões se estiver perdendo ou se estiver chateado com algumas jogadas ou aspectos de sua técnica, uma tendência que seu preparador físico, Paul Kinney, fica de olho, junto com eventuais sinais de desconforto.
“Ele estava preocupado sobre o que as pessoas pensariam dele e queria contar sua história para que os jogadores o entendam melhor”, disse seu conselheiro de longa data, Amrit Narasimhan. Quem também falou sobre o quadro do tenista foi Michelle Wagner, uma analista de comportamento certificada cuja área de especialidade são transtornos do espectro autista. Ela disse que começou a trabalhar com Brooksby quando ele tinha 2 anos e tinha sido diagnosticado por outras pessoas. Segundo a especialista, o progresso que ele fez teve um “resultado incomum e único”.
Vai conseguir voltar a jogar ,espero que em alto nivel
Era um jogador bem interessante. Estilo dolgopolov, no sentido de ter um estilo bem exótico e cheio de efeitos. Esses jogadores estilos Medvedev ou Mannarino fazem bem ao circuito, pois com uma raquete na mão, cada um pode achar sua própria mecânica e ser eficiente, ainda que a plástica não possa ser das melhores (em que pese o Mannarino ter adaptado o estilo por lesão).