PLACAR

Brasil torce para agora tudo dar certo na Copa Davis

O time do capitão Jaime Oncins cumpriu missão com louvor acima do esperado em sua passagem pelo piso sintético coberto da Dinamarca. Liquidou a disputa logo no terceiro ponto com a participação direta dos quatro titulares, marcou a primeira vitória fora de casa em piso sintético em toda sua história na Copa Davis e terá nova chance de disputar um inédito lugar na fase final desse novo e polêmico formato da competição centenária por países.

Depois da extraordinária virada de Thiago Monteiro sobre o número 4 do mundo Holger Rune, o que sem dúvida abriu as portas para a vitória, e da confirmação do bom momento de Thiago Wild num jogo em que era favorito, a dupla formada por Felipe Meligeni e Rafael Matos sofreu para vencer adversários pouco conhecidos, como é muito comum acontecer na Davis. Encararam três sets incrivelmente exigentes e eu diria que os dois voleios mágicos feitos pelos dois, no 30-30 do 5/5 ainda do segundo set, evitaram que o confronto se esticasse, o que sempre deixa um risco no ar, ainda mais com torcida contrária.

Importante ser dito que a inédita vitória sobre piso sintético não me parece coincidência. Não é de hoje que Monteiro impôs um ‘upgrade’ em seu jogo em quadras mais velozes, a partir de saque mais forçado e postura ofensiva da base. E Wild sempre mostrou adaptação rápida na hora de jogar mais perto da linha e pegar a bola na subida. O próprio Meligeni tem feito exibições convincentes na superfície. Então, ainda que tenha um grupo em formação, Oncins conta com versatilidade que poucas vezes vimos num time nacional nas últimas quatro décadas.

Isso será um fator importante quando voltarmos a disputar o quali mundial em fevereiro de 2024, principalmente porque há grande chance de não sairmos como cabeças de chave e de jogarmos outra vez fora de casa. O quali mundial é formado por 24 postulantes, que irão se enfrentar dois a dois, de forma que saiam 12 classificados para a fase final de setembro. Esses 12 confrontos são no formato da alternância de sede e os cinco jogos acontecem em melhor de três sets.

Já são conhecidos 20 desses 24 participantes, a começar pelos oito que perderam na fase mundial deste final de semana (Espanha, Croácia, EUA, França, Suécia, Coreia, Chile e Suíça) e logo de cara se sabe que todos esses países estão bem à frente do Brasil no ranking da Davis. Juntam-se os vencedores do Grupo 1, mesmo caso do Brasil, e a lista já começa com Alemanha, Bélgica e Argentina, mais três com ranking superior ao time nacional.

Para piorar, quatro dos oito classificados à disputa do título também entrarão no quali e aí estamos falando que pode dar Canadá, Austrália, Grã-Bretanha, Itália, Sérvia, República Tcheca, Holanda ou Finlândia. Assim, ser um dos 12 cabeças nessa lista tão nobre é muito difícil.

Caberá assim torcer para pegarmos um país menos potente e, de preferência, jogar em casa, onde poderemos manobrar a velocidade do saibro, o calor do verão e a força do público. Qualquer missão tende a ser complicada, mas o lado positivo é que o jovem time terá mais alguns meses com oportunidade de acumular experiência e manter a evolução.

É justo que muita gente não dê mais importância à Davis, seja pelo regulamento um tanto complexo, seja pela perda da tradição de cinco sets e confrontos em casa. O torneio também não dá mais pontos para o ranking, negociação que foi brecada entre ATP e ITF depois da criação da ATP Cup. Ainda assim, oferece prestígio e ótima premiação a quem vence, sem falar que pode muito bem embalar uma carreira.

E mais

  • Os oito postulantes ao título conhecerão a chave de quartas de final nesta terça-feira, em sorteio promovido em Londres. A fase decisiva acontecerá entre 21 e 26 de novembro em Málaga.
  • Os britânicos sediaram seu grupo em Manchester e 13 mil pessoas lotaram o ginásio para ver a vitória apertadíssima sobre a França, com todos os jogos indo ao terceiro set e a dupla decisiva incrivelmente emocionante: Evans e Skupski venceram Mahut e Roger-Vasselin por 1/6, 7/6 e 7/6, salvando match-points.
  • Com um time reserva, já que Aliassime e Shapovalov ficaram de fora, o Canadá ganhou seu grupo com ótimas atuações do garoto Gabriel Diallo e segue na tentativa do segundo título consecutivo.
  • Apesar da derrota para os tchecos na rodada final, a Sérvia garantiu vaga e tem a promessa de Novak Djokovic que estará em Málaga.
  • A Itália se classificou no último confronto em cima da frágil Suécia e colocou 6 mil pessoas nas arquibancadas de Bolonha.
  • Holanda e Finlândia surpreenderam EUA e Croácia no grupo D, disputado em Split. O time americano do capitão Bob Bryan levou Tiafoe, Paul e a fortíssima dupla Krajicek/Ram.
  • Os outros países que venceram o Grupo 1 e irão jogar o quali são Ucrânia, Eslováquia, Bulgária, Hungria, Israel, Portugal, Taiwan e Peru.
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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