Bia Haddad: idas e vindas!

Foto: Garrett Ellwood/USTA

Não estava suportando mais ouvir, ler ou responder a tantas críticas e sugestões sobre a gestão da carreira dessa tenista que mudou o cenário do tênis feminino brasileiro, colecionando recordes. Todos nós, de repente, viramos técnicos, com soluções mágicas, desde troca de treinador, inserção de alguém na equipe, contratação de psicólogo etc. Milhares de pessoas discutindo os senões e porquês das suas constantes derrotas no ano.

Até entendo a frustração do público, afinal ela se tornou nossa inspiração, ídolo, referência, esperança e orgulho resgatado pós era Guga. Acompanhamos com grande expectativa cada jogo sofrido no ano passado, match-points favoravelmente revertidos, com vitórias que chegavam à base de muito sacrifício… até o dia que pararam de chegar.

Vimos então um ano novo transcorrer sem novos resultados que merecessem nossa atenção. A redenção enfim chegou no palco do US Open, último Grand Slam da temporada, parecendo um final feliz de um filme romântico.
Foram quatro vitórias consecutivas, incluindo no rol das derrotadas a russa Anna Kalinskaya (então 14ª do ranking) e a dinamarquesa Caroline Wozniachi (ex-número 1 do mundo).

Na inédita “chegada” às quartas, foi derrotada pela tcheca Karolina Muchova, que é uma das melhores tenistas da atualidade. Não nos esqueçamos que ela venceu a segunda melhor jogadora do planeta, Aryna Sabalenka, na semifinal de Roland Garros do ano passado! As lesões de 2024 explicam a sua ausência no primeiro semestre do circuito da WTA.

Enfim, acho que a mensagem ficou clara para todos. É necessário solidificar o caminho para que haja avanços. Quem vive o esporte profissional sabe das mudanças que acontecem após grandes ascensões. Lembro bem do nosso ídolo-mor, Gustavo Kuerten, que venceu Roland Garros pela primeira vez em 1997, vindo a repetir o feito apenas em 2000.

É a vida que muda repentinamente, trazendo mil responsabilidades, novos compromissos, patrocínios, exigências, altas expectativas e, ainda o mais difícil, passar a viver com muito mais pressão, se convencendo que há espaço para mais crescimento e que o limite para evolução é interno, onde mora o pior inimigo.

Bia é forte, determinada e trabalhadora 

Até o final do ano, teremos ainda muitas oportunidades de vê-la jogar. O próximo confronto do Brasil na Billie Jean King Cup será de novo em São Paulo e dessa vez contra a Argentina. Já fica, portanto, uma convocação especial não só para aplaudir, mas para que a torcida pratique a empatia e compreensão de que cair e levantar faz parte do processo de quem nunca desiste. Afinal só se levanta quem está lá!

Parafraseando a própria Billie Jean King, pressão é um privilégio de poucos!

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João Sawao ando
João Sawao ando
21 dias atrás

Ótimo texto

Paulo A.
Paulo A.
21 dias atrás

Brilhante e muito necessário texto (mais um da Patrícia)! Parabéns, além da expertise única em nosso país, como ela escreve bem. É um prazer poder lê-la.

José Nilton Dalcim
Admin
21 dias atrás
Responder para  Paulo A.

Ah obrigada pelas palavras, Paulo. Melhor elogio possível! Se fosse sobre meu saque, eu iria desconfiar! Rsrs Abs

Giba
Giba
21 dias atrás

Falou tudo. Visão serena e sem paixões de quem já viveu o circuito e conhece as dificuldades de ser tenista neste país. Parabéns, Patrícia.

Alecsa
Alecsa
21 dias atrás

Ótimo texto e não desmente o que muitos de nós sempre reafirma que a Bia chegou onde está graças a um esforço próprio e com uma equipe que possibilitou isso a ela. Mas como o próprio texto afirma a pressão faz parte e esse talvez seja o X da questão. Nós torcemos para que ela tenha mais vitórias porque sabemos que ela é capaz. Eu particularmente acredito que a Bia tem tênis para ser top 5 facilmente quando ela encontra aquela forma de jogar que já derrotou várias das dez melhores jogadoras do mundo. E a pressão da torcida também faz parte. Aqueles que vivem apenas de resultado tendem a ofender e ridicularizar. Os que respeitam a atleta e torcem pelo Brasil, apenas fazem críticas. Podem ser construtivas ou não, mas nem todos estão querendo ofender, as vezes é só para desabafar as próprias frustrações de um país que oferece tão pouco a muitos e a Bia acaba sendo a bola da vez em trazer um pouco de alegria. Bora Bia. Torcendo sempre.

Tiago PW
Tiago PW
21 dias atrás

Sempre é muito bom ler um texto ponderado e preciso como este.

Vejo com muita frequência os ansiosos leitores deste site se acabando por causa de um jogo, um campeonato ou uma fase mais abaixo do que gostaríamos.

O que nossos conterrâneos não entendem, é q mesmo se a Bia parasse de jogar hj, ela estaria no top 3 do ranking brasileiro de todos os tempos.

Saúde física, mental e espiritual à nossa querida Bia para que ela possa ainda nos trazer alegrias, mas principalmente ser feliz com este esporte q tanto gostamos.

Rodrigo
Rodrigo
21 dias atrás

Excelente texto! Parabéns!!

Oldany Nobrega Jr
Oldany Nobrega Jr
21 dias atrás

Desculpe…..gostaria de saber quais os títulos q a tão badalada tenista conquistou…..moça bonita….atlética….está rica….tudo bem…..porém…ela joga uma bolinha bem pequena…..se isso aí resgatou a força do tenis brasileiro….estamos ferrados mesmo….por favor parem de enganar as pessoas….o tênis brasileiro é de quinta categoria…..além de ser uma panelinha de amiguinhos…..vergonha para o nosso pobre país….

José Nilton Dalcim
Admin
20 dias atrás
Responder para  Oldany Nobrega Jr

Caro
Não entendi sua crítica . Onde estará a vergonha de chegar no top 10 do mundo e agora como 16a do ranking saber que só 15 tenistas estão acima?
“Panelinhas” não ajudam nesse esporte … e se está rica prova que é boa porque o tênis é pura meritocracia. Ganha mais quem desempenha melhor .
O resgate se dá porque ela é uma fonte de inspiração dentro e fora da quadra .
O que custa admitir isso?

Salis rn
Salis rn
15 dias atrás
Responder para  Patricia Medrado

Não posso me calar com tamanha agressão proferida a Bia e a jornalista !!! Vamos tentar nivelar tamanho descontentamento .
Bia lesionou no auge do seu vigor fisico,
Bia foi a única mulher após esther bueno a chega a finais e ser top 20,
Bia é super educada e tem determinação,
O mais importante é que Bia está servindo de expiração para muitas crianças!!

Lucia vieira
Lucia vieira
21 dias atrás

Excelente Patrícia!
A Bia segue jogando incansável apesar de tantas críticas tolas!
Como toda profissão tem seus altos e baixos porém sempre em ascensão
A diferença é a exposição onde todos se acham experts em tênis kkkk
Desejo muita sorte pra ela ontem já viajou para China onde defenderá mais uma vez sua posição
Avante Bia…Biááá

Gil Pedro
Gil Pedro
21 dias atrás

Patrícia. Sou seu fã desde o Pan75, quando me decidi a jogar tênis. Agora, com 70, e a lombar atrapalhando, virei tenista de TV… Parabéns pelo texto equilibrado, fazendo justiça à evolução da Bia, e destacando as dificuldades, que, de resto, todos passamos nesta vida. Um destaque: há um ano a Bia estava no ranking 20, com 2200 pontos. Neste “ano ruim” ela, agora, está com 2500 na posição 16 do ranking… Como dizem todos os tenistas, neste esporte se perde muito mais do que se ganha. Nesse sentido, precisamos respeitar, admirar e agradecer a tudo que a Bia tem feito pelo tênis brasileiro! Muito grato pelos comentários!

Marinete
Marinete
21 dias atrás

Se quer ser top 10 ou até top 05 , tem que agilizar pois está beirando os 30 e o tempo não espera. Jasmine Polinésia deu um salto e tanto no ranking aos 28 anos. Hoje é top 05. Pequena notável.

Sliceman
Sliceman
21 dias atrás

Bia chegou no limite, acho que pelo seu nível de jogo , até acima . Falta muita variação , escolhe mal as jogadas e seu mental é fraco. É rkg 30 a 50.

José Nilton Dalcim
Admin
20 dias atrás
Responder para  Sliceman

Caro …..
Se chegou no limite só tempo dirá mas sem dúvida é um limite histórico .
Chegou a 10 do mundo e está entre as top 20 desde junho de 2022, totalizando 100 semanas.
Agora U S Open fez seu melhor resultado nesse evento.

Neri Malheiros
Neri Malheiros
19 dias atrás

Mais um belo texto, Patrícia! Para mim, Bia tem tudo para voltar ao top 10. Durante sua fase de altos e baixos, sempre acreditei que seu melhor tênis continuava latente, era só uma questão de recuperar a confiança para voltar às vitórias e boas campanhas. Mas para isso, é preciso ter equilíbrio mental para suportar as pressões de um circuito extremamente desgastante e competitivo.

Num recente comentário publicado no blog do Dalcim, também não me furtei a dar pitacos e mencionei a entrevista de Pegula em que ela fala das mudanças que contribuíram para melhorar sua movimentação e o saque, algo que certamente foi decisivo para as últimas três grandes campanhas, e também da iniciativa de Sabalenka ao contratar um especialista em biomecânica para corrigir seu saque. Não tenho dúvida de que a contratação de alguém que corrija alguns de seus pontos fracos aumentará sua confiança e diminuirá a carga de toda equipe.

Tiziane Machado
Tiziane Machado
18 dias atrás

Minha Guru! Texto prudente, escorreito e cirúrgico.

Emidio Carvalho
Emidio Carvalho
17 dias atrás

Parabéns Patrícia, excelente texto.
Apenas lembrando, fomos colegas no pré-vestibular em Salvador, abs.

Gladis
Gladis
17 dias atrás

Sou fã da Medrado. Sempre que podia assistia aos jogos. Tenista forte e competente. Escreve tão bem quanto joga(va). Colocou em palavras os sentimentos dos fãs da Bia. Tenho certeza que ela ainda vai chegar mais longe.

Carlos Alberto Ribeiro da Silv
Carlos Alberto Ribeiro da Silv
15 dias atrás

Parabéns Patricia Medrado pelo texto, bastante sensato e equilibrado. A Bia paga o preço por ser a única tenista brasileira a ter sucesso no ranking de simples. Muitos não conseguem perceber o grande feito que é ficar no top 20 durante praticamente dois anos, muitos não conseguem perceber o esforço que a Bia está fazendo para superar os seus limites e evoluir dentro de um circuito bastante competitivo, onde todas as jogadoras estão lutando pelo seu espaço e buscando uma evolução contínua, ao mesmo tempo em que vão surgindo os talentos das novas gerações para acirrar a concorrência. Além disso, aqueles reclamões de plantão não conseguem perceber o quanto a Bia está servindo de inspiração para a nova geração do tênis brasileiro. Eu estou cada vez mais convencido de que as pessoas que não conseguem sentir prazer e valorizar as conquistas menores e passam a maior parte da vida esperando pra comemorar apenas as grandes conquistas, são seres humanos amargurados, reclamões, insensíveis, ingratos e frustrados na maior parte do tempo.

Neri Malheiros
Neri Malheiros
15 dias atrás

Outro dia, ao postar um comentário para rebater as críticas sobre uma das derrotas mais recentes da Bia, citei um trecho da entrevista do repórter Felipe Priante para o TenisBrasil com o nosso maior tenista sobre o lançamento do seu documentário. Guga Kuerten pede bom senso nas comparações e mais respeito com Bia, João Fonseca e outros tenistas que surgirão. “Quanto mais noção tivermos do que é o esporte, principalmente do profissional e dos desafios que enfrentamos, mais generosos podemos ser com o atleta.”

Para mim, com um leve tom de sarcasmo, Guga foi certeiro ao pôr o dedo na ferida e tinha endereço ao pedir mais empatia em relação aos nossos tenistas. Sua mensagem foi direta não apenas aos leigos e desinformados, mas, principalmente, aos disseminadores de ódio e detratores contumazes.

Raquel Félix
Raquel Félix
15 dias atrás

Parabéns pelo texto. Do sofá tudo fica mais fácil. Somos técnicos, profundos conhecedores e, principalmente, não estamos lá. Quem já não passou por verdadeiras oscilações na vida pessoal e profissional? Sob qual prerrogativa os atletas sairiam dessa jornada natural chamada vida? A Bia representa cada um de nós! Aplaudo de pé por tudo que fez até agora e o que ainda está por vir. Agradeço por ela estar lá de corpo e alma.

Ex-tenista profissional e medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos na Cidade do México-1975, foi por 11 anos consecutivos a número 1 do Brasil e chegou ao top 50 em simples. Atualmente, possui 16 títulos mundiais no circuito Masters da ITF e ocupa os cargos de diretora executiva do Instituto Patrícia Medrado e líder do Comitê Esporte do Grupo Mulheres do Brasil.
Ex-tenista profissional e medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos na Cidade do México-1975, foi por 11 anos consecutivos a número 1 do Brasil e chegou ao top 50 em simples. Atualmente, possui 16 títulos mundiais no circuito Masters da ITF e ocupa os cargos de diretora executiva do Instituto Patrícia Medrado e líder do Comitê Esporte do Grupo Mulheres do Brasil.

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