São Paulo (SP) – A paulista Beatriz Haddad Maia segue no Brasil se preparando para a gira de torneios na América do Norte e cumprindo agenda com patrocinadores. Depois de atender à imprensa no início da semana passada em São Paulo, a número 1 do país participou na última sexta-feira (21) de um evento com alunos do Instituto Patrícia Medrado, fundado pela ex-top 50 baiana que dá nome à organização.
O encontro com os jovens teve espaço para uma roda de bate-papo e a tenista encarou uma série de perguntas elaboradas pelo grupo do projeto social. Entre uma resposta e outra, Bia falou sobre o famoso caderninho que leva consigo para a quadra, a lesão sofrida em Wimbledon e afirmou que acredita que pode alcançar a liderança do ranking de simples da WTA.
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“Eu acredito [que posso ser número 1 do mundo]. Nós, do Brasil e da América do Sul no geral, vivemos muito distantes da realidade de onde o tênis é jogado em alto nível, e eu sempre tive esse problema de questionar se poderia chegar ao top 50 ou entre as 30 melhores. Mas uma o Rafa [Paciaroni, técnico] sempre me empurrou e falou ‘vai que dá'”, explicou sobre a mudança de mentalidade estimulada por seu treinador para que pudesse alcançar objetivos maiores no circuito.
‘Todas têm oportunidade de conquistar coisas grandes’, afirma
Na última quarta-feira, quando se encontrou com jornalistas, Bia explicou que a conquista de Marketa Vondrousova em Wimbledon é uma fonte de motivação. Afinal, a canhota tcheca era apenas a 42ª do mundo quando venceu seu primeiro Grand Slam e se tornou a primeira campeã de Wimbledon que não era cabeça de chave na Era Aberta. “Ver a Vondrousova ganhar nos motiva. Não por ela não ser cabeça de chave e ganhar o torneio, mas porque a gente enxerga o tênis feminino de hoje aberto, onde todas têm oportunidade e estão jogando alto nível para conquistar coisas grandes”.
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Em outro momento da conversa, Bia foi questionada sobre o caderno de anotações que sempre a acompanha nos jogos e já deixou muita gente curiosa sobre o seu conteúdo. A canhota de 27 anos então revelou o que exatamente escreve e porquê. “É um diário de tênis no qual eu registro algumas táticas e ressalto minhas qualidades para reforçar o que tenho de bom num momento ruim da partida e me colocar para cima. É uma forma de canalizar minha energia quando estou um pouco mais emotiva e ansiosa”, disse.
A brasileira ainda deu alguns novos detalhes sobre o que aconteceu na partida de oitavas de final de Wimbledon, na qual sofreu uma contratura na região lombar e precisou se retirar após apenas cinco games disputados contra Elena Rybakina, número 3 do ranking. “Quando eu senti que [a dor] era mais forte do que o normal foi como cortar a cordinha do sonho. O pensamento foi que meu sonho ia acabar. Tanto que quando eu volto para devolver o saque [depois do atendimento médico] eu já sabia que não iria continuar, mas não poderia não tentar”.
Por fim, Bia revelou que a partida contra Ons Jabeur nas quartas de final de Roland Garros se tornou a mais especial que já viveu na carreira e que a forma como obteve a virada sobre a tunisiana significou uma grande mudança de mentalidade desde então.
“Eu havia perdido para ela todas as vezes que tínhamos jogado antes, e eu sempre a admirei como pessoa. No dia do jogo, disputando quartas de final de um Grand Slam, numa quadra grande com toda aquela torcida, você flerta com o comodismo. Se você perde, tudo bem, você jogou quartas de final de Roland Garros. E eu consegui jogar um tênis de alto nível, fiz um tiebreak muito bom no segundo set e joguei o que joguei no terceiro, indo para cima. Esse jogo me marcou muito porque eu mudei de nível mental ali”, destacou.