Munique (Alemanha) – Boris Becker colocou Holger Rune contra a parede antes de aceitar o cargo de treinador do dinamarquês, com a dura missão de tirá-lo do momento ruim e garantir sua inédita vaga no ATP Finals, objetivos que o treinador alemão terminou por conseguir.
Segundo revela reportagem do Eurosport, Becker pediu antes de tudo o direito de ser duro com o futuro pupilo durante os treinos e jogos. “Eu tinha que ter o direito de dizer que ele foi um fracasso em determinada partida. Porque, sem isso, eu não consigo trabalhar o meu máximo. Ele tem de tolerar isso porque é o único jeito de progredir”.
Becker, que renovou o acordo e já anunciou que seguirá no comando do time técnico de Rune em 2024, já viu melhorias na conduta do jovem tenista em quadra durante Basileia, Paris e Turim. “Discutimos durante os treinos o motivo pelo qual ele estava perdendo tanto. Não era o forehand ou o backhand, mas sua atitude. Se isso não for da forma certa, então nem tente jogar tênis. Mas ele melhorou a cada partida”.
Rune venceu apenas um de sete jogos depois de Wimbledon e estava com a vaga no Finals e até o top 10 sob sério risco antes de contratar o tricampeão de Wimbledon e ex-treinador de Novak Djokovic. “Tem sido muito bom”, afirmou o próprio Rune sob o trabalho com Becker, hoje 56 anos. “Ele já esteve em quadra no alto nível e isso ajuda muito. Pode dar muito de sua experiência e me explicar como lidar com as situações dentro e fora da quadra”.
Numa sociedade em que não se pode falar as coisas como elas são mas somente afagos porque “palavras machucam”, o tênis sempre me chamou a atenção nesse sentido. Dentro de quadra não há espaço para delírios ideológicos de comportamento, mas a verdade do bom e do melhor, do preparado e capaz, do talento e da resiliência ao mesmo tempo.
Nem de perto o tênis explica a vida, mas em certos momentos, ele dá doses do que ela é.