Diego Diegues
De Melbourne, especial para TenisBrasil
A brasileira Vitória Miranda de apenas 17 anos conquistou o seu primeiro título juvenil de Grand Slam na carreira. Após bater na trave em Roland Garros e US Open, a mineira e a belga Luna Gryp não tiveram dificuldades em bater a parceria composta pela norte-americana Sabina Czauz e a letã Anilina Mosko por um duplo 6/1, em menos de uma hora.
Em uma entrevista exclusiva para TenisBrasil, Vitória admitiu surpresa com as parciais, uma vez que durante o aquecimento ela e sua parceira não estavam em uma boa sintonia. “Estávamos errando tudo antes da partida. Mas acabamos jogando de forma mais leve e divertida dentro de quadra. Muito gratificante este título, estava tentando desde o US Open”, disse.
A conquista de Vitória é um feito inédito para o tênis juvenil e profissional de cadeira de rodas feminino nacional. Após o título em duplas, a brasileira tem mais uma chance de levantar outro caneco. A mineira enfrenta a americana Sabina Czauz, pela final de simples, marcada para às 22h (de Brasília) desta sexta-feira. “Tentar colocar em prática o que venho fazendo nos treinamentos”.
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A final contra a norte-americana será uma espécie de revanche para Vitória. Ainda na primeira fase, a brasileira, que define o tênis como montanha russa, devido aos seus altos e baixos, saiu de quadra derrotada naquela ocasião. “Eu perdi para mim mesma naquela partida. Eu entrei nervosa, era minha primeira vez jogando aqui (Melbourne). Para as finais, eu espero fazer um jogo melhor e tentar sair com a vitória”, ressaltou.
Vitória, que lidera o ranking juvenil no tênis em cadeira de rodas, estipulou algumas metas para 2025, entretanto a disputa dos Jogos Paraolímpicos em Los Angeles 2028 segue como maior objetivo da carreira. “Eu quero fechar o ano como 15 do mundo e tentar conquistar o título nos dois próximos Grand Slam (juvenil)”, destacou.
Em seu último ano como juvenil, Vitória despontou no cenário mundial há dois anos, quando resolveu levar o tênis como carreira e esporte de alto rendimento. A brasileira, que já transita entre as competições adultas de cadeira de rodas, quer adquirir mais experiência. Segundo ela, o aspecto mental da modalidade ainda é um quesito a ser trabalhado para sua evolução como atleta.
“A principal diferença é que você precisa ser mais consistente mentalmente e taticamente, porque as trocas de bola são mais longas e os pontos mais disputados”, disse a brasileira, que chegou a ser diagnosticada pelos médicos com apenas “6 horas de vida”.
Vitória afirmou que sua mãe teve uma gravidez de risco, e que alguns médicos chegaram a afirmar que ela ficaria em estado vegetativo. “Minha mãe pegou uma infecção urinária no quarto mês de gestação, então acabei nascendo (no sexto mês de gestação) muito prematura e não fui completamente desenvolvida”.
Que exemplo. Uma guerreira. Na torcida por ela.