Jeddah (Arábia Saudita) – Entre os diversos compromissos que teve o espanhol Rafael Nadal durante a semana do Next Gen Finals, uma delas foi uma conversa com os participantes do torneio, na qual o ex-número 1 do mundo deu alguns conselhos aos oito melhores jogadores com 20 anos ou menos de 2024 para que possam ter uma melhor gestão da carreira que está no começo.
Uma das reflexões de Rafa é que menos às vezes é mais. “No final das contas você acaba percebendo que nem sempre mais é melhor. Do meu ponto de vista, quando você joga demais você começa a se sentir um trabalhador e o esporte não pode ser um trabalho normal e monótono, é paixão. Você perde um pouco do frescor que precisa em todos os momentos”, falou o recém-aposentado.
“Ainda sinto que nem percebi isso porque faz tão pouco tempo e estou trabalhando em tantas coisas. Mas é uma mudança, claro. Não é só que estou há 20 anos no circuito, treino profissionalmente desde os sete anos. É uma mudança total de rumo na minha vida, mas estou bem”, comentou Nadal, que encerrou sua carreira no final de 2024 na disputa da Copa Davis.
“Sofri muito nos últimos dois anos em termos de lesões, não consegui mais me divertir tanto na quadra. É difícil, mas isso acabou meio que tornando a transição mais fácil”, complementou o dono de 22 títulos de Grand Slam.
Marca registrada do espanhol, a capacidade de luta também foi um assunto abordado. “Grande parte disso vem de mim, mas tem outra parte que é baseada na educação que você recebe quando criança, nos valores da sua família, na forma como treina todos os dias. Quando era pequeno, meu treinador era meu tio desde e ele foi muito rígido desde o início, me levava ao limite em todos os treinos”, contou Rafa.
Conciliando motivação e diversão
Lidar com a dureza do circuito não é fácil, então achar motivação para jogar durante o ano todo é algo importante. “Para mim é um sentimento pessoal. Tenho a sensação de que se não der o meu melhor, vou para casa insatisfeito comigo mesmo.Essa é a chave, ter responsabilidade pessoal em dar o seu melhor”, afirmou o canhoto de Mallorca.
“Às vezes, dar o seu melhor é um desastre, porque está jogando mal, mas o importante é lutar. Na minha carreira, ganhei muitos torneios jogando muito mal, tanto antes do torneio quanto nas primeiras rodadas. Porém, se você estiver lá, se for humilde o suficiente para aceitar que não está jogando bem, em muitas ocasiões acaba dando certo”, complementou Nadal
O espanhol também falou como buscar um equilíbrio com a diversão. “No começo foi difícil. Organizar os dias entre cada torneio, para mim, foi o mais complicado. Quando você está ganhando e jogando, está tudo bem, você se concentra em continuar competindo e os dias passam rápido. Mas quando você perde e tem que ficar uma semana até o próximo, é mais difícil”, falou o ex-número 1.
“Você perde e acha que tem que treinar imediatamente, mas tem muitas coisas. Resumindo, você deve organizar muito bem o seu tempo entre as semanas. Se você está na Europa e tem cinco dias, treine três dias e organize visitas aos locais que quer ver nos outros dois”, finalizou o espanhol.
Foram as melhores dicas que o Nadal poderia ter dado aos participantes do torneio.
Tomara que eles assimilem.
Muitas dessas informações eles assimilarão somente com o advento da maturidade, que os tenistas mais jovens ainda não tem. O sofrimento pessoal que cada um terá, também faz parte do processo para se tornar um jogador mais completo e focado no seu objetivo pessoal.
Os grandes campeões sentem essa paixão.
Declaração surpreendente essa, ele que praticava o tênis mais monótono do circuito, junto com Djoko
Daí você vê que tênis monótono dá resultado, pelo fato de que os torneios do circuito são competições e não exibições.