The Goat and the Boat

Por Flavio Djanikian
De Campinas

Confesso que torci muito contra Novak Djokovic e Rafael Nadal, porque sou muito fã do melhor tenista de todos os tempos, Roger Federer! Nem o suíço torceu tanto contra seus maiores adversários. Vivi, eu e milhões, a ilusão de que ele quebraria todos os recordes do tênis.

Eu me recordo sempre de uma faixa que via (na TV) no Aberto de Roma: “No Federer, No Party”; sem ele, não há festa. Quando se despedia dos torneios, meu interesse diminuía consideravelmente.  Curiosamente, a festa nunca terminou bem em Roma; me dói uma derrota dramática na final com Nadal, em 2006.

Em Paris, sempre esperei uma vitória sobre o espanhol, até quando lá jogaram pela última vez, bem depois das finais consecutivas; achei que veria o improvável, e não vi. E com Djokovic, então, nas decisões em Londres, incluindo o título maravilhoso de 2019 que Federer deixou escapar, a derrota mais triste de todas!

Teria sido um feito e tanto: Federer tinha a idade que o sérvio terá somente em 2025. Naquele dia, só pude acompanhar o placar pelo celular, tenso, bem tenso. Fiquei dias remoendo o resultado. Só vi os match-points perdidos depois de dois meses. Não acreditei quando ele disse que esqueceu rapidamente aquela partida, eu mesmo não sou capaz.

O que mais gostava de ver nos jogos de Federer? Ele, como um dos grandes, muitas vezes tinha a vitória encaminhada, com o oponente entregue. Nestas situações, Djokovic segue (ainda) fazendo seu jogo quase perfeito, Nadal joga (ou jogava) com aquela tenacidade, como quem precisa muito do próximo ponto, e de Federer, as variações: com sua técnica refinada, seu talento e criatividade, fazia um jogo imprevisível que levava a plateia ao delírio, em êxtase! Quantas vezes, quantas vezes? Inigualável!!

Bem, fico feliz que cada um escreveu sua história, que Djokovic seja o maior vencedor de Slam de todos os tempos e Nadal, o insuperável rei do saibro. Assim, me livro de achar o mundo perfeito, e me lembro que jogador predileto é jogador predileto, e pronto!

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Julio Marinho
Julio Marinho
4 horas atrás

Que texto legal! Sinto algo parecido em relação ao Federer, mas aos poucos, com a experiência e com a inegável ultrapassagem de seus principais números, não pude deixar de reconhecer seus adversários. Diminuir um é, no fim, diminuir o outro. E quem idolatra Federer e Nadal, o fazem por motivos não necessariamente numéricos, mas por isso mesmo que falou, a genialidade de um, a tenacidade do outro. E aos torcedores do Djok, ainda que ele não detivesse os melhor números, ainda não teriam nenhuma vírgula para colocarem em menor patamar, o mais completo e que aguenta qualquer parada, mesmo jogando contra torcida adversária. A geração foi privilegiada demais. Saudades do Federer, e já do Nadal. E também vou sentir do Djok quando ele se for. Mas o tênis está bem entregue, Alcaraz traz genialidade e alegria, Sinner um nível de máquina impagável com golpes avassaladores. Enfim, os ídolos passam, você lembra de todos os jogos, dos momentos felizes, daqueles sofridos. Fecha a porta da memória e vai ver o próximo jogo. Tênis que segue!

José Alexandre
José Alexandre
3 horas atrás

Melhor assunto do tênis.

Ronildo
Ronildo
3 horas atrás

Excelente texto. Federer foi simplesmente o maior e melhor tenista da história. Porém outros venceram mais, apenas isto.

João Sawao ando
João Sawao ando
2 horas atrás

Então Flávio. Por mim Roger e o goat. Tem 103 torneios vencidos. Ficando abaixo dos 109 de Jimmy connors. Mas eu considero rf.melhor de todos os tempos. E em segundo rod laver. Agora cada pessoa tem sua opinião e deve ser respeitada. E isso

Rodrigo S. Cruz
Rodrigo S. Cruz
1 hora atrás

Foi o mais talentoso e interessante jogador que eu já vi. Preferia mil vezes assistir os jogos do Roger do que os de Djokovic ou Nadal.

Mas como nada nessa vida é perfeito, Federer deixou escapar os recordes que fariam dele o GOAT.

JClaudio
JClaudio
1 hora atrás

Ótimo texto, tenho o mesmo “problema”…
Considero Federer o maior tenista de todos os tempos, independente dos números, sucessos e dos fracassos.
Ouvimos uma boa música, apreciamos um ótimo filme, tomamos uma saideira com “aqueles” amigos, amamos alguém especial e bebemos um vinho nos apagões de São Paulo.
Assim foi Federer, algo sensorial, especial, que liga o esporte a alma humana, um artista, faz muita falta.

Carlos Pithan
Carlos Pithan
1 hora atrás

Este texto poderia ser meu e de milhões de amantes do tênis ao redor do mundo. Parabéns por expressar o sentimento de tanta gente, de forma tão bonita. Poético como o jogo do Federer. Nosso tenista preferido. Que sorte poder ter acompanhado a carreira destes três gênios. Quem tenta diminuir um ou outro, é por quê não sabe nada de Tênis. De quebra, tivemos oportunidade de ver os incríveis mortais Wawrinka e Murray desafiando esses mutantes. Sinner, Alcaraz e cia ainda não me empolgam tanto.

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