Tênis volta ao saibro para engrandecer o espírito olímpico

O espírito olímpico deveria ser capaz de superar qualquer desavença, mas uma guerra de interesses entre a ATP, WTA e ITF fez com que a última edição dos Jogos a contar pontos para os rankings mundiais fosse a de Londres-2012. Mesmo sem grana e pontuação, os mais importantes tenistas da atualidade irão a Paris para jogarem pela glória de defender as cores de sua bandeiras e colaborar para a difusão do esporte.

As competições olímpicas são muito mais do que a luta por troféus, no caso medalhas. O espírito é desenvolver o esporte nos quatro cantos do planeta. E, tanto é verdade que, entre as 41 nações envolvidas do torneio deste ano, o Líbano, de pouca tradição na modalidade, irá entrar pela primeira vez na competição, com o quase desconhecido tenista Benjamin Hassan, número 116 da ATP. Afinal, como diria o Barão de Coubertin, “o importante é competir”.

Uma outra diferença desses Jogos de Paris-2024 é que o tênis voltará a ser jogado nas quadras de saibro, depois de Barcelona-1992. Lembro bem que na Olimpíada do Rio-2016, o então presidente da CBT, Jorge Lacerda, fez de tudo para ter o piso preferido dos brasileiros no Complexo de Tênis. Mas como não temos um Roland Garros – nem mesmo um All England Club, no caso da Olimpíada de Londres – construiu-se um lindo cenário para o esporte, hoje, infelizmente, um pouco deteriorado, segundo informações.

A volta ao saibro também exige uma série de sacrifícios e mudança de rotina para diversos jogadores que, após Wimbledon, já buscariam as quadras duras. É verdade também que mesmo depois da curta temporada de grama, muitos ainda busquem as últimas competições na terra batida, como os torneios de Gstaad, na Suíça, ou Kitzbuehel, na Áustria. Aliás, se me permitem uma particularidade, sinto uma certa nostalgia com esse calendário que passa por duas estações de esqui em algumas das cidades mais lindas que já conheci.

Mesmo com essa alternância de superfície e ausência de prêmios e pontuações, o torneio Olímpico de Paris contará com astros como Jannik Sinner, Novak Djokovic, Carlos Alcaraz, Rafael Nadal, Iga Swiatek, Coco Gauf, Elena Ribakina e, para nós, Bia Haddad Maia.

Será uma competição de nove dias (de 27 de julho a 4 de agosto), em 12 quadras de jogos de Roland Garros e outras seis apenas para treinos. É claro que os principais jogos estarão na Philippe Chatrier, com capacidade para 15 mil pessoas, e a Suzanne Lenglen, para nove mil. Uma espécie de mini Grand Slam, com chaves de simples, duplas e duplas mistas. E 184 jogadores estarão em ação.

Apesar desses números expressivos e toda importância de uma Olimpíada, acho que é preciso compreender a opção de alguns de abrirem mão dessa competição. A alteração de calendário e a falta de prêmios e pontos pode não atingir e nem fazer falta para os grandes astros, mas para outros que vivem o dia a dia do esporte perder duas semanas pode custar caro. Muitos não irão concordar com a decisão de vários atletas, mas é comum em Olimpíadas, desde que o tênis voltou a ser modalidade dos Jogos, em Seul-1988. Respeito, só que vejo, mais uma vez, que o espírito olímpico deveria prevalecer.

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Arthur
Arthur
3 meses atrás

Sera que o Djokovic ganha essa olimpíada?

Joaz Magalhães
Joaz Magalhães
3 meses atrás

Não sei porque o torneio olímpico não vai ser disputado no complexo do master 1000 de Paris já que antecede o USO e tem o mesmo piso duro .

Carlos Roberto Gomes
Carlos Roberto Gomes
2 meses atrás

Bom dia Chiquinho L. Moreira, não sei se conhece mas é MUITO INTERESSANTE para conhecer recordes:

Jogador que mais match points salvou antes de vencer um encontro
– Wilmer Allison – *18* em 1930

Jogadora que mais match points salvou, mas depois de perder um encontro com Lucia Bronzetti

Mayar Sherif *14* em 14 de julho de 2024, ITF Contrexévilli. Abraços

Jornalista especializado em tênis, com larga participação em diversos órgãos de divulgação, como TV Globo, SporTV, Grupo Bandeirantes de Comunicações e o jornal Estado de S. Paulo. Revela sua experiência com histórias de bastidores dos principais torneios mundiais. Já cobriu mais de 70 Grand Slams: 30 em Roland Garros; 21, no US Open; 18 em Wimbledon; e 5 no Australian Open.
Jornalista especializado em tênis, com larga participação em diversos órgãos de divulgação, como TV Globo, SporTV, Grupo Bandeirantes de Comunicações e o jornal Estado de S. Paulo. Revela sua experiência com histórias de bastidores dos principais torneios mundiais. Já cobriu mais de 70 Grand Slams: 30 em Roland Garros; 21, no US Open; 18 em Wimbledon; e 5 no Australian Open.

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