Para compensar um dia frustrante de muita chuva e poucos jogos, Roland Garros assistiu a um show de tênis, proporcionado por duas tetracampeãs de Grand Slam. Poderia facilmente ter sido a final feminina desta edição e talvez nem vejamos um jogo de qualidade e emoções tão ricas quanto as que proporcionaram Iga Swiatek e Naomi Osaka.
Era uma dúvida natural se a japonesa, ainda na busca de um retorno aos bons dias, teria condições de equilibrar um duelo no saibro diante da super favorita número 1 do ranking. E talvez a própria Iga tenha contribuído para isso, ao dar um tremendo vacilo quando sacou com 4/3 e 40-0 no primeiro set. O jogo estava bom, com trocas pesadas no intuito de encontrar buracos, mas Swiatek mostrava a solidez esperada, com excelentes ângulos que balançavam a adversária. Até que veio esse fatídico game e aí tudo mudou. O que só podemos agradecer.
Osaka ficou confiante e não fossem erros de devolução de segundo saque – incrível como em quase todo o jogo ela respondeu muito melhor o primeiro serviço – poderia ter já arrancado uma virada. Mas fez o bastante para levar a um justo tiebreak e aí Swiatek esbanjou categoria e precisão. O natural seria uma queda emocional e física da japonesa. Qual nada. Ela elevou ainda mais o nível e passou a encurralar a dona do saibro com golpes extremamente poderosos e precisos lá de trás, sem falar num saque muito afiado, que tirava as poucas chances de Iga reagir.
E nada parecia segurar Osaka. Apesar de a líder do ranking fazer alguns pontos espetaculares – incluindo voleios difíceis -, a mamãe encontrava soluções o tempo todo, ora com o serviço, ora com paralelas, tudo na base da força bruta. Com 4/1 e agora mais esperta para apertar o segundo saque inseguro de Swiatek, ainda surgiu um break-point que parecia match-point. Cabeça muito gelada, a cabeça 1 se salvou.
O tênis, todos sabemos, é um esporte emocional. Depois de ganhar dois games de serviço de zero, Osaka sacou para a tão importante vitória e aí bateu a tensão. Com 30-15, veio uma bola muito fácil no meio da quadra, que lhe deu tempo de sobra para abrir o forehand e esperar a oponente se deslocar. O contrapé, incrível, ficou na rede. Ainda assim, teve o match-point porém não conseguiu controlar uma devolução profunda de backhand. Por fim, dois erros bobos foram a deixa derradeira para Swiatek entender que a situação havia mudado de novo. Ganhou mais três games com enorme espírito de luta e concentração absoluta, contida até mesmo na hora de comemorar a notável reação.
“Acho que Naomi vai virar especialista em saibro logo, logo”, elogiou Swiatek, que não recordou ter feito uma segunda rodada de Grand Slam tão dura. Osaka por sua vez confessou ter chorado ao sair de quadra, mas que depois se sentiu satisfeita por seu desempenho num piso difícil para ela e lembrou que sua meta é estar na forma ideal em setembro. Tomara.
Sinner economiza, Alcaraz oscila
Jannik Sinner e Carlos Alcaraz subiram o segundo degrau neste Roland Garros. De forma um tanto diferentes. O cabeça 2 conseguiu outra vitória econômica em sets diretos e mínimos sustos, enquanto o espanhol oscilou perigosamente e precisou lidar com muitos problemas com o saque.
Bastou a Sinner ser consistente para superar Richard Gasquet e seu backhand espetacular, e já se percebia o francês mais lento e mal posicionado no terceiro set, ainda que tenha conseguido tirar um serviço do poderoso adversário. Ainda em quadra, Sinner fez elogios veterano e se disse tranquilo quanto à parte física e ao quadril: “Estou melhorando dia após dia”.
É bem verdade que o holandês Jesper de Jong, 23 anos e 176º do mundo, consegue fazer um pouco de tudo com a bola e isso exigiu correria do espanhol. O saque de Alcaraz no entanto continua um problema a resolver. Permitiu 12 break-points e sofreu cinco quebras, além de um perigoso saldo negativo entre winners (35) e erros (47).
Para tentar explicar esse dia de altos e baixos, Carlitos avaliou que o holandês acelerou mais os golpes a partir do terceiro set e isso tirou seu ritmo. Questionado sobre o excesso de break-points permitidos, ele considerou um problema “mental”. Ele que se cuide se vier mesmo Sebastian Korda.
Resumão
– Em confronto de backhands simples, Tsitsipas chegou a perder o tiebreak do terceiro set e aí Altmaier ficou bem perigoso. O grego espera Sonego ou Zhang.
– Seu reencontro com Rublev está muito perto. O russo não tomou conhecimento de Martinez e é favorito contra Muller ou Arnaldi.
– Muita emoção também na queda de Wawrinka para Kotov, russo de barriguinha à la Nalbandian mas com golpes muito pesados e boa movimentação. Superou a pequena e ruidosa torcida pelo suíço, que pode ter dado seu adeus a Roland Garros, daí ter saído emocionado da quadra.
– Inconformada com essa participação exagerada do público, Swiatek usou boa parte da entrevista em quadra para pedir ao pessoal não falar ou gritar nos pontos de pressão da partida, algo que foi uma constante.
– A polonesa ainda tem de esperar a próxima adversária, mas Coco Gauff caminha em sua direção com outra vitória em sets diretos. Jabeur precisou de três sets e Kenin calou a torcida ao dominar Garcia, outra vez com campanha frustrante em Paris.
– A chuva que caiu praticamente o dia todo não permitiu que nenhum jogo fora das quadras cobertas fosse completado e assim a quinta-feira promete ser um dia agitadíssimo. Isso se der. A previsão novamente é de mau tempo.
– Djokovic pega o tênis mais sólido de Carballes, Zverev encara o veterano Goffin e Medvedev precisa tomar cuidado com Kecmanovic. Todos jogam nos estádios com teto. Melhores duelos prometem ser Monfils-Musetti e Ruud-Davidovich (este jogo é na descoberta e tem boa chance de não acontecer).
– Svitolina enfrenta Parry, uma das últimas esperanças da casa, Azarenka e Andreeva fazem duelo de gerações e Sabalenka é super favorita frente Uchijima, 83ª do ranking.
Stan Wawrinka pode não ter vencido a partida de hoje, mas ele definitivamente sentiu o amor da torcida. Muito bom ve-lo ainda jogando Grand slam e produzindo tênis de alto nível
Sim e verdade
Osaka sem goleiro conseguiu errar o forehand do match point. Incrível.
Lembrando o ” goat ” com 5 x 4 e 0 x 40 contra SINNER na Semi da Copa Davis em dezembro. Ao perder estes 3 Match points e levar a virada pra 7 x 5 , sabemos o que aconteceu a partir daí . Osaka disse na Coletiva que saiu chorando. Já o ” goat ” levou uma surra inacreditável no AOPEN em Janeiro, para o mesmo jovem Italiano. Não venceu mais nem ATP 250 …Abs!
Sinner ganhou os 3 pontos, diferentemente da Osaka, que cometeu aquele e mais 3 ou 4 erros bisonhos até o fim do jogo. Lembrou um pouco o Terceirão no último game da final de Wimbledon 2014 com 4 ENF’s seguidos.
Calma que o GOATaço está voltando aos poucos. Hoje foi só uma amostra.
Rsrsrs, abs!
Roland Garros proibiu o álcool nas arquibancadas após uma série de incidentes que geraram reclamações de David Goffin e Iga Swiatek. A diretora do torneio, Amelie Mauresmo, diz que os árbitros de cadeira mais experientes serão designados para as partidas mais potencialmente voláteis e que os árbitros foram instruídos a reprimir o mau comportamento e que os torcedores serão expulsos do estádio. “Seremos intransigentes quanto ao respeito aos jogadores e ao jogo”, disse ela.
Isso aí, Mauresmo!
Também concordo. Tênis, ainda bem, não é futebol nem tem hooligans.
NÃO “TEM HOOLIGANS” se estapeando, você quer dizer. Porém, nesta confraria o ideário de muitos guarda profunda semelhança com o jeito futebolês de torcer…
Ainda não entendi o porquê da Victoria Barros não ir disputar RG Junior. Você sabe o motivo, Dalcim?
Ela teria de disputar o quali, Paulo. Ela não está na chave direta. E como está ainda no torneio de duplas, provavelmente acho mais viável buscar o título do que ir ao quali.
Dalcim, vou levantar uma questão: Estamos caminhando para uma era no qual o feminino voltará a ficar mais interessante que o masculino? Digo isso, pois ao passo que Nadal se aposentar e o Novack nao vejo uma super rivalidade e consistencia a ser formada no masculino. Já feminino começa a se desenhar uma Iga vs Sabalenka.
Olha, é uma possibilidade, Bruno. Mas ainda acho cedo para cravarmos isso. Há expectativa de uma rivalidade muito interessante também entre Alcaraz e Sinner.
SEMPRE A MESMA ESPARRELA comparativa polarizando o livre pensar dos desavisados…
JOSÉ NILTON, o italiano Mattia Bellucci tem algum grau de parentesco com Thomaz?
Não, nenhum.
GRATO…
Djoko jogou em altíssimo nível hj, e contra um adversário q também jogou bem. Se mantiver esse nível, provavelmente com tendência de alta, é um forte candidato ao título, com uma diferença em relação aos demais: pressão zero pela vitória, é o maior tenista da história e sabe q vencendo ou perdendo nada mudará nessa realidade.
Finalmente Sr Novak Djokovic uma coletiva que preste . “ Se estou aqui e’ porque me acho em totais condições de ir longe e vencer um SLAM . E jogar pelo meu País e’ minha maior motivação. Logo , estarei de volta nas OLIMPÍADAS “ . Tem que se fingir de bobo ou ser fanático ao extremo , pra não ter percebido o “ goat “ chegar cedo como nunca em Indian Wells e Monte Carlo , e jogar o papinho falso da falta de motivação e que ele não precisa de mais nada . Foi até conferir In Loco a performance de Rafa Nadal e Sasha , dois oponentes que jamais o temeram nem nos JOGOS. O “ goat “ jamais repetiria Sampras pois ao perder DEZ FInais de SLAM , Djokovic não larga o osso de tentar o SLAM 25 , que assim como Serena, já podia ser seu há muito . Ainda mais vendo o que Federer e Nadal fizeram pra tentar voltar . Segue favorito, ao menos a meu ver . Abs !
Jamais achei que a má fase era falta de motivação.
Eu, sem motivação, nem de casa saio.
LUIZ FABRICIANO, você tem contratos publicitários com quais empresas?
Dalcim,
Já notei em vários textos seus, e esse é mais um, que você coloca o Korda como um tenista super perigoso, que pode incomodar os grandes favoritos, que está entre os favoritos nos torneios, etc Penso que existem vários tenistas melhores que ele, nunca vi nenhuma atuação dele excepcional. Lógico que num grande dia, que não costumo ver, ele pode vencer favoritos, mas isso vale pra diversos tenistas. Acredito que você seja um grande fã do tênis dele.
Abs
Olha, o currículo do Korda até agora justifica muito bem colocá-lo sempre como um tenista perigoso. Já venceu duas vezes Medvedev na quadra dura, assim como outros como Sinner e Hurkacz. No saibro, ganhou do Alcaraz. Na grama, do Norrie e do De Mianur, isso tudo apenas para ficarmos entre os top 20 do momento da partida. No seu único duelo contra Djokovic, em Adelaide do ano passado, perdeu por 6-7(8) 7-6(3) 6-4. Já contra o Nadal, em 2022, caiu por 6-2 1-6 7-6(3). Acho que isso mostra qualidade a se respeitar, não? Ah, e não sou fã dele. Minhas análises jamais incluem meu gosto pessoal. Apenas o vejo como um tenista de jogo de base muito pesado eficiente, sacador acima da média e um jogo de rede bem razoável. Talvez, o melhor dos americanos mais jovens. Seu problema foram algumas contusões.