Com o sorteio das chaves de um Grand Slam, o clima esquenta com projeções, expectativas e tudo mais. O US Open, por exemplo, costuma convidar um ex-tenista famoso ou um conhecido treinador para comentar os quadros e fazer projeções. Agora, neste Aberto da Austrália fica claro uma tendência de alguns bons anos: a disputa em Melbourne Park revela um forte início de temporada, com vários candidatos ao título nas diversas categorias.
No masculino será Novak Djokovic contra o resto do mundo. O sérvio é o principal favorito a ter de aumentar a prateleira de sua casa para guardar tantos troféus desta competição. Mas não se pode negar que há um exército de jogadores com ‘a faca nos dentes’ dispostos a brigar pela vitória.
No feminino, o ambiente também não parece ser muito diferente. Com isso, quem ganha é o público, que poderá apreciar grandes jogos nestas próximas duas semanas. Bia Haddad Maia terá, teoricamente, uma estreia difícil e também acredito num ano com muitos obstáculos. A rádio vestiário está sintonizada, com as meninas trocando informações de como superar a brasileira.
Lembro quando Jaime Oncins teve um ano brilhante – inclusive com vitória sobre Ivan Lendl, em Roland Garros – e na sequência viveu uma temporada complicada. Ainda assim teve chance de derrotar Jimmy Connors em Nova York, mas ao meu ver os fiscais de linha foram muito favoráveis ao norte-americano. Pena que na época não existia o challenge.
Aos mais jovens, vale lembrar que, ao contrário do que acontece atualmente, o torneio australiano era o mais aberto dos Slams. Como até 1985 era disputado em dezembro, nem sempre atraia o interesse de todos. Muitos jogadores, já exaustos e precisando recuperar o físico, não se animavam em cruzar o planeta para jogar a competição, mesmo sendo uma das mais importantes do calendário. Por isso, não houve disputa no ano de 1985.
Esta ousada mudança de data foi determinante para o crescimento do Aberto da Austrália. Por curiosidade, o torneio em sua longa história foi disputado em cinco cidades diferentes, até estabelecer-se em Melbourne, primeiro no Kooyong Club e agora no Melbourne Park, muito próximo à estação de Flinders Park, por onde chegam milhares de torcedores. Para contribuir com o desenvolvimento do evento, mesmo com a defasagem do dólar australiano, a competição foi a primeira a contar com uma quadra com teto retrátil.
O Aberto da Austrália foi o Slam que menos frequentei. Como trabalhava para o Estadão, a diferença de horário era muito cruel para a imprensa escrita. E, embora ainda tivesse a rádio Eldorado e depois Transamérica, demorei para colocar o evento na minha programação. Mas, na primeira vez que viajei para a Oceania, recebi um intrigante recado do Larri Passos. Ele disse: “Chiquinho quando chegar tome cuidado com as moscas”. Achei tudo muito estranho. O que estaria por trás dessa mensagem?
O então técnico de Guga Kuerten sempre foi adepto de muitos estudos, falava de auto ajuda, entre outas coisas. Quando cheguei, instalei-me no Hilton on the Park, hotel oficial do torneio reservado para a mídia internacional. Da janela do quarto dava pra ver o complexo de tênis. Só que para chegar era preciso cruzar uma linha ferroviária. De carro ficava longe, então resolvi dispensar o transporte oficial e fui a pé. No meio do caminho, desvendado o mistério: moscas por toda parte, boca fechada para não engolir nenhuma. Portanto, ficou claro que os desafios do Aberto da Austrália são muito maiores do que o forte calor e a enorme diferença de horário.
O Aberto da Austrália deste ano promete uma batalha intensa no cenário do tênis. Djokovic destaca-se como o favorito no masculino, mas enfrentará uma forte concorrência determinada a desafiá-lo. No feminino, a competição também se mostra acirrada, prometendo grandes jogos. Bia Haddad Maia, embora enfrente uma estreia difícil, pode enfrentar obstáculos ao longo da temporada. A história do Aberto da Austrália, com sua mudança de data e crescimento, reflete a evolução do torneio ao longo dos anos. As peculiaridades do evento, como as moscas que desafiaram até mesmo Guga Kuerten, adicionam um toque único a esta competição tão prestigiada.
Chiquinho, com o Nadal fora, para quem você vai torcer?
Brincadeirinha.
Ora para o Federer né. Aproveito sua ironia, muito bem vinda, por acaso, para dizer que no início da carreira do espanhol, ele não me parecia muito simpático. Talvez pela presença de seu assessor de
Imprensa, o Benito Barbadilho, com quem trabalhei diretamente quando ele era tour manager da ATP. Entrei na onda dos meus colegas franceses. Achava o jogo do Nadal chato, achava ele chato tb nas entrevistas, sempre com uma resposta padrão tipo “vc acha que joguei mal”. Nessa época até falei isso pessoalmente a ele qdo sentou-se na mesa que estava no restaurante espadachino do grande Lazzarini. O Nadal era bem jovem e justificou que estava “cheio” com as insinuações de doping jamais comprovadas, até de poderosos do governo francês. Ao longo dos anos passei a entender ás agruras dele. Tive a oportunidade de entrevista-lo várias vezes, apesar do Benito sempre se opor.
Aprendi a ver que existe uma pessoa generosa além do tenista. Tem um lado humano super legal, ajudando muita gente. Mas, enfim, confesso que não é um tenista que eu torça, mas sim aprendi a admirar e respeitar. Aliás, estes dias por conta de algoritmos apareceu no meu Facebook vários jogos do Guga em RG. Acompanhei todos e bateu aquela nostalgia e tb que o tempo apaga seu trabalho e dedicação. Ng mais sabe que vivi presencialmente todos estes momentos do Guga e muitos outros do Nadal. Uma pena que a mídia hj só acompanhe de longe… culpa da Internet hehehe