por Mário Sérgio Cruz, de Brasília
Estreante na equipe brasileira da Billie Jean King Cup, Ingrid Martins é uma tenista com passagem pelo circuito universitário norte-americano. Assim como sua parceira neste sábado, Luísa Stefani. E no momento em que duas jovens promessas do tênis brasileiro, João Fonseca e Olívia Carneiro, anunciam que vão optar por esse caminho, a carioca de 26 anos contou um pouco sobre sua própria experiência e acredita a percepção sobre o assunto na comunidade mudou nos últimos anos, em comparação com a época em que ela tomou essa decisão.
Ingrid passou passou quatro temporadas no tênis universitário, entre 2016 e 2019. A decisão foi tomada no início de 2015, quando ela estava jogando torneios menores de nível ITF e tinha recém concluído o Ensino Médio no Rio de Janeiro. Ela recebeu o convite da Universidade da Carolina do Sul e estudou Integrated Information Technology (equivalente à Tecnologia da Informação no Brasil) enquanto seguia jogando nos Estados Unidos, retomando a carreira profissional já nos últimos anos de sua formação.
“Recomendo para todo jogador, é um caminho que me fez crescer como tenista e como pessoa. No início era muito pouco visto e poucas pessoas iam. A percepção era de que se você fosse para lá, seu tênis profissional acabou. Mas agora está mudando muito, você vê o João Fonseca indo, vê a Olívia também indo. Então a mentalidade está mudando e fico feliz de ter feito parte desse processo, junto com a Luísa e mostrar esse caminho para todo mundo”, disse Ingrid Martins em entrevista TenisBrasil, durante a Billie Jean King Cup em Brasília.
Temporada de muitos ineditismos para Ingrid
Mais experiente no circuito e com foco exclusivo ao tênis profissional, Ingrid voltou a treinar no Brasil e está desde fevereiro de 2022 na Rio Tennis Academy. Na época, ocupava apenas o 302º lugar no ranking de duplas da WTA. Ela chegou ao top 100 no fim do ano passado E evoluiu ainda mais este ano, chegando até a atual 47ª posição.
A temporada de 2023 foi cheia de ineditismos, como o primeiro título de WTA 250 na grama de Bad Homburg, a vitória na estreia de Roland Garros e a chegada às oitavas em Wimbledon, e a recente semifinal do WTA 1000 de Pequim, torneio em que formou uma parceria brasileira com Stefani.
“Foi um ano muito importante para mim. Bati a barreira dos 100 no final do ano, e logo abriu outro desafio. Era a barreira dos 50”, explica a atual 47ª do mundo. “Então, fico feliz por ter conseguido avançar. Fui bem nos torneios de 60 mil e 100 mil. Fui passando de fases nos 125 até conquistar meu primeiro 250. Venci meu primeiro jogo de Roland Garros e consegui avançar em Wimbledon… No final do ano, consegui vencer jogos de 500 e chegar numa semi de WTA 1000. Foi muito gratificante passar por todas essas fases e aprender com cada uma delas”.
“Também foi importante para mim aprender e pegar experiência com diferentes parceiras, com diferentes mentalidades e formas de jogar. No fim do ano, pude jogar com Luísa. É uma pessoa que me inspira e aprender com ela é fundamental para o meu crescimento. E o mais importante é a gente estar feliz na quadra e fora dela. Fico contente que a gente conseguiu concretizar isso”, explicou a carioca, que ainda não definiu se manterá a dupla no início do ano que vem. “Ainda estamos conversando e vamos definir o calendário”.
Antes de pensar em 2024, Ingrid ainda joga dois torneios WTA 125 na América do Sul, desta vez com Laura Pigossi. “Ainda não terminou o ano, tenho os torneios no Chile e em Florianópolis com a Laura, para terminar ainda melhor e depois pensar em uma boa pré-temporada para o ano que vem”.
Vitória inédita neste sábado em Brasília
A tenista comemorou sua primeira vitória na Billie Jean King Cup. Ela e Stefani superaram Dayeon Back e Bo-Young Jeong por 6/1 e 6/2 em 1h de partida. “Eu estava muito feliz em quadra. Antes da partida eu só pensava em desfrutar o momento e deu tudo certo. É ótimo poder estar nesse time, ainda mais com uma atmosfera incrível em Brasília”.
Sobre o clima da equipe e o momento do tênis feminino no Brasil, ela afirmou: “A gente já se conhece desde os 12 ou 13 anos e passamos por todos os processos, Sul-Americano de 14 anos, Mundial de 16… future, challenger, até chegar ao nível WTA. Passamos por todas fases e cada uma foi por um caminho diferente. E mesmo assim, estivemos sempre dispostas a ajudar uma a outra, independente do resultado e da situação. Cada uma passou por uma dificuldade, cada uma passou por coisas diferentes, mas a gente seguiu forte e isso é o principal. Então é um prazer estar aqui com ela, compartilhando todas as experiências”.