O adeus ao gigante Pietrangeli

Nicola Pietrangeli (Foto: FITP)

Numa daquelas ironias do esporte, o tênis dá adeus nesta segunda-feira a um dos maiores simbolos de sua história. No momento em que se discute a reformulação da Copa Davis, cada vez menos atrativa para o público e os jogadores, o recordista absoluto de jogos e vitórias da centenária competição se vai.

O italiano Nicola Pietrangeli era o maior jogador de seu país até a explosão de Jannik Sinner, há coisa de dois anos, portanto algo muito recente. Ele foi o primeiro italiano a vencer um Grand Slam, em 1959, façanha repetida por Adriano Panatta em 1976, mais tarde por Flavia Pennetta, em 2015, e agora por Sinner, em 2024.

Pietrangeli foi o rei do saibro de seu tempo, com titulos em Monte Carlo, Roma e Paris, do seu total de 44 conquistas de simples, 11 de duplas e 12 de mistas, com vitórias sobre todos os grandes, como Rod Laver, Roy Emerson e Manolo Santana. Por algumas vezes, esteve na América do Sul e no Brasil, disputando torneios em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, quase sempre contratado por Alcides Procópio.

Ainda garoto, a casa da família em Tunís foi bombardeada durante a Segunda Guerra e ele escapou da morte por um triz. Quando juvenil, se destacou no grupo de futebol da Lazio. Após ser emprestado a outro time, se decidiu pelo tênis.

Suas grandes marcas vieram na Davis. Embora pudesse ter jogado tanto pela Tunísia, onde nasceu, ou a França, pela origem da mãe, decidiu defender a Itália por 21 temporadas consecutivas, a partir de 1954.

As longas edições da Davis o fizeram jogar até sete rodadas por ano e assim Pietrangeli atingiu os recordes de 164 partidas disputadas, 110 delas de simples, anotando incríveis 78 vitórias em simples e 42 de duplas. Com o parceiro Orlando Sirola, também detém o recorde da especialidade na Davis. E lembrem-se que todos os jogos de então eram disputados em melhor de cinco sets longos, ou seja, sem tiebreak.

Infelizmente, perdeu as duas finais que a Itália fez contra a Austrália, em 1960 e 1961, mas acabou campeão como capitão em 1976, ano em que a política esteve em campo e por pouco seu grupo ficou impedido de decidir o troféu contra o Chile, do ditador Augusto Pinochet, em Santiago.

Não havia ranking oficial na fase amadora do tênis, mas Pietrangeli permaneceu listado entre os 10 melhores ao fim de diversas temporadas e chegou a figurar como o terceiro do mundo entre 1959 e 1961.

Conhecido como “Príncipe do Tênis” entre seus contemporâneos, nada mais justo do que seu corpo ser velado na magnífica quadra do Foro Itálico que leva seu nome e é, para a grande maioria, o estádio mais bonito de todos.

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Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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